Três meses após matar motorista, servidor do MPF é solto e família da vítima teme represália
Homicídio ocorreu em junho. Na ocasião, autor do crime matou a vítima com dois tiros
atualizado
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Após viver o luto da morte de um familiar, os parentes de Wagner Lúcio Evangelista Cezário (foto em destaque), agora, têm de lidar com o medo da violência. Wagner foi assassinado na própria chácara, no último feriado de Corpus Christi, por Antônio Rufino Bezerra Paiva. O assassino foi preso em flagrante no dia do crime, no entanto, acabou posto em liberdade em 20 de setembro, depois que a Justiça revogou a prisão do acusado.
O crime aconteceu em 3 de junho. Testemunhas ouvidas pela polícia contaram que os dois homens conversaram sobre uma suposta traição da esposa de Wagner, com Antônio. Depois de um desentendimento, Antônio, que tinha porte de arma de fogo de calibre permitido e trabalha como segurança do Ministério Público Federal (MPF), usou uma pistola Taurus de 9mm para acertar dois disparos em Wagner.
Apesar do assassinato ter acontecido no Gama, o acusado e vítima moravam no Recanto das Emas. As filhas de Wagner, de 10, 15 e 19 anos, ainda são vizinhas do homicida e já publicaram nas redes sociais conteúdos pedindo justiça pelo pai, mas, agora, temem pela própria segurança. “As meninas dizem: ‘Se ele foi lá e matou meu pai, pode vir e matar a gente’”, afirmou o irmão gêmeo de Wagner, Walber Lucas Cezário, 39 anos, que trabalha como instrutor em uma autoescola.
O irmão da vítima reclama ainda que as filhas de Wagner não tiveram nenhuma ajuda psicológica e têm dificuldade até em seguir com os estudos. “Para ir à escola, elas têm de passar na rua da casa dele [Antônio]. Elas não querem mais ir pro colégio. A pequenininha não sai mais de casa, está com início de depressão”, lamentou o homem. Ele diz ainda que, desde a morte do pai, as filhas passam por dificuldade financeira.
“A única pessoa que trabalha é a mãe, como cobradora. Desde que meu irmão morreu, elas estão passando um perrengue, as pequenas estão todas desassistidas”, explicou. Antes de morrer, Wagner trabalhava como motorista de ônibus. Além das três filhas, ele também criava outras duas crianças, de quem era padrasto. “Quando contei que o assassino estava solto, a de 15 anos disse que foi como se quem tivesse sido assassinado fosse só um passarinho”, contou Walber.
Trâmite
Após a detenção em flagrante, na noite de 3 de junho, Antônio teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. A defesa do réu pediu a liberdade provisória em 27 de agosto, alegando que Antônio tem bons antecedentes e residência fixa, bem como trabalho. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou a manutenção da prisão, destacando a gravidade das acusações e o risco à ordem pública. Ainda assim, a juíza Maura de Nazareth, do Tribunal do Júri do Gama, decidiu pela liberdade de Alexandre, com medidas cautelares.
A magistrada determinou que Alexandre compareça em juízo uma vez a cada 30 dias, não se aproxime dos familiares e mantenha distância mínima de 300 metros da casa deles, além de não frequentar estabelecimentos comerciais que vendam bebida alcoólica. Ainda assim, para os parentes de Wagner, isso não é o suficiente, motivo pelo qual pretendem entrar com representação contra a decisão da magistrada. Os familiares de Wagner ainda anunciaram que vão fazer um protesto em frente ao Ministério Público.
A reportagem buscou o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) para comentar a decisão que concedeu liberdade provisória a Antônio, mas, até a última atualização desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações futuras.
Além disso, o Metrópoles procurou a defesa de Antônio por telefone, mas não conseguiu contato.