Três casos no fim de semana: o que explica a violência policial no DF
Durante abordagem da PMDF no último domingo (14/5), um tenente reformado do Exército Brasileiro, de 73 anos, foi agredido por um policial
atualizado
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No último final de semana, o Distrito Federal registrou ao menos três casos de violência policial. Em um deles, durante uma abordagem da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no último domingo (14/5), um tenente reformado do Exército Brasileiro, de 73 anos, denunciou ter sido agredido pelos policiais. O idoso teve um dente quebrado.
Horas depois, o profissional de logística Elisonaldo Ferreira Pinheiro, 30, recebeu um jato de spray de pimenta no rosto após se recusar a apagar a filmagem do próprio aparelho celular uma abordagem realizada por policias militares. O caso ocorreu em uma distribuidora de bebidas do Núcleo Bandeirante.
Além disso, na última sexta-feira (13/5), imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que um policial militar do DF entra em um bar em Formosa, no Entorno, e passa a agredir um comerciante com golpes e coronhada.
Motivos da violência policial
Cássio Thyone, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lembra que casos de truculência durante abordagens policiais são frequentes no Distrito Federal. No início do mês, PMs usaram spray de pimenta contra advogada e tentaram invadir a casa da moça.
O especialista comenta que a finalidade da polícia não é agir com truculência, sendo violenta em situações sem necessidade. Para ele, há dois motivos que ajudam a explicar a frequência de casos de violência policial: a falta de treinamento dos militares e a ausência de ações que punam devidamente os envolvidos.
“Quando você tem fiscalização da ação policial, você imagina que aconteceria o natural, que seria que essas ações de violência diminuíssem com o tempo”, diz Thyone. O especialista relembra do papel do Ministério Público e da corregedoria das polícias que possuem a responsabilidade de fiscalizar as atuações militares.
Além disso, o conselheiro considera que falta capacitação para orientar os integrantes da corporação “no que diz respeito a todos os protocolos que que que são básicos pra ação policial”. Em relação a isso, o curso de treinamento ocupa um espaço fundamental na formação dos militares.
“Os cursos de formação já preveem uma série de disciplinas voltadas para questões como direitos humanos e uso devido da força. A questão é que muitas vezes você precisa estar reforçando isso no policial até para que isso possa usar no seu dia a dia, para que ele não ignore esses preceitos e para utilizar no momento em que ele está nas ruas”, explica o especialista.
Impactos
Cássio Thyone esclarece que a violência policial atrapalha na relação de proteção de toda sociedade: “Muitas pessoas não conseguem enxergar o policial como um aliado, não conseguem ver a polícia como algo que os proteja. Quando tem esse evento, isso é prejudicial para a imagem da corporação e para a relação entre a polícia e a sociedade. No final das contas, eu diria que todos saímos perdendo”.
Em relação à atuação agressiva da PM, o conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ressalta que isso é gerado por uma minoria dos militares. “Apesar disso, são esses casos que atrapalham essa relação de respeito e de proteção que nós deveríamos sentir com os policias”, afirma.
O que diz a PMDF
O Metrópoles entrou em contato com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para que a corporação divulgasse um posicionamento sobre os casos de violência policial.
Em nota, a PMDF informou que não apoia os desvios de conduta, esclarecendo que todas as providências cabíveis estão sendo adotadas quanto aos fatos ocorridos, e que as condutas consideradas indevidas serão apuradas.
“Os policiais militares frequentemente são submetidos a atualizações, treinamentos e instruções com objetivo de melhorar o direcionamento tático dentro da legislação vigente, bem como regulamentados pelos direitos humanos”, disse o órgão.