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Transporte pirata: PMs do DF faturavam R$ 30 mil por mês com propina

De acordo com o Ministério Público do DF, os militares cobravam dinheiro dos motoristas para que eles não fossem autuados

atualizado

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Daniel Ferreira/Metropoles
transporte pirata na rodoviaria do plano piloto
1 de 1 transporte pirata na rodoviaria do plano piloto - Foto: Daniel Ferreira/Metropoles

Denúncia feita pela Auditoria Militar aponta cinco policiais militares do Distrito Federal como integrantes de uma organização criminosa. Segundo o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o grupo cobrava propina de motoristas de transporte pirata nas regiões do Paranoá e Itapoã. Em contrapartida, deixavam de autuar os condutores e proprietários dos veículos irregulares.

Os militares Nelimar Nunes de Sousa, Ricardo Wagner Borges Caland, Fernando Nonato da Silva, Valdemir Quirino dos Santos e Leandro Gomes da Silva faturavam até R$ 30 mil por mês com a prática criminosa, ainda segundo o MPDFT. A denúncia feita pela promotoria será analisada pela Justiça.

Como forma de coagir os loteiros, a organização criminosa também reforçava a fiscalização em relação àqueles que não aderiam ao pagamento da propina, criando profundos embaraços à atividade, retendo documentos por tempo prolongado e aplicando diversos autos de infração de trânsito

Promotor do MPDFT Nísio Tostes

O promotor detalha ainda que as provas colhidas e as interceptações telefônicas feitas durante a investigação revelaram que, além dos policiais militares denunciados, o líder da organização criminosa, major Nelimar de Sousa, recrutou os civis: Luiz Marcos Rodrigues Saúde, Evandro Nascimento da Silva, Gilmar Braga Damasceno, Mário Pereira Neves, Mauro Edson Alves da Silva, Ronaldo Ferreira da Silva, além de Fábio e Lívio, identificados apenas pelo primeiro nome.

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Civis também denunciados pelo MPDFT
Placas que não deveriam ser multadas anotadas
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PMs acusados por organização criminosa

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Civis também denunciados pelo MPDFT

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Eles agiam como intermediários junto aos “loteiros” para arrecadação de dinheiro e recebiam em torno de R$ 150 por semana, por veículo. Os que pagavam a propina circulavam livremente sem sofrer qualquer abordagem policial.

Os civis são investigados pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do DF. Diante dos fatos, o MPDFT pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos denunciados do período de 2016 a 2018.

A PMDF afirmou que investigou o caso dos militares. “Posteriormente, foi instaurado processo na Justiça Militar que ainda está em andamento. Os envolvidos foram presos por cinco meses. Atualmente, os policiais respondem em liberdade e realizam trabalhos administrativos até o encerramento do processo. A PMDF também informa que já instaurou procedimento na corregedoria, garantido-se ampla defesa e o contraditório para analisar a possibilidade de exclusão dos policiais da corporação”, disse a corporação por meio de nota.

Prisão
Em setembro de 2018, o Metrópoles revelou a prisão dos cinco militares. A Corregedoria-Geral da PM foi responsável pelos mandados de prisão temporária após diligência iniciada pelo próprio órgão de correição em março de 2017.

O major Nelimar Nunes de Sousa, os três sargentos Ricardo Wagner Borges Caland, Fernando Nonato da Silva, Valdemir Quirino dos Santos e o soldado Leandro Gomes da Silva foram encaminhados à Papudinha, ala que abriga policiais presos no Complexo Penitenciário da Papuda. Eles podem responder por concussão, crime praticado por funcionário público. Se condenados, podem pegar de 2 a 8 anos de cadeia.

“Piratas do Asfalto”
O envolvimento de policiais militares com o transporte pirata foi tema de uma matéria especial do
Metrópoles. A reportagem apurou que, em 2015, o setor paralelo contava com mais de 10 mil veículos, que movimentavam R$ 3 milhões por dia.

O texto detalha que, com a ajuda dos PMs, os motoristas de transporte irregular tinham acesso às rotas de fiscalização assim que as ordens de serviço começavam a circular entre as equipes. Denúncias feitas à reportagem por militares apontam o envolvimento de colegas. Um dos acusados, inclusive, receberia R$ 1 mil de cada veículo ilegal para garantir “proteção” ao avisar sobre barreiras policiais ou fazer “vista grossa”.

Os PMs denunciados pelo MPDFT respondem ao processo em liberdade, mas não estão nas ruas. Cumprem tarefas administrativas e estão proibidos de entrar em contato uns com os outros.

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