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Transporte pirata: comissionado do DF é réu em ação de propina para PM

De acordo com MPDFT, grupo de militares e civis cobrava propina de motoristas de transporte pirata e PMs deixavam de autuar os condutores

atualizado

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Fotos: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
Imagem colorida de pessoas embarcando em transporte pirata durante a greve dos rodoviários - Metrópoles
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Acusados de integrar um esquema criminoso de exploração do transporte pirata no Distrito Federal, policiais militares foram excluídos da corporação nessa segunda-feira (8/7). Em contrapartida, Luiz Marcos Rodrigues Saúde, um dos civis que é réu na Justiça do DF pelo mesmo processo, ganhou o cargo público de assessor técnico na Administração Regional do Paranoá no ano passado e continua como comissionado.

Segundo informações divulgadas pelo Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) em 2018, um grupo de PMs cobrava propina de motoristas de transporte pirata nas regiões do Paranoá e Itapoã. Com isso, deixavam de autuar os condutores e proprietários dos veículos irregulares.

O MPDFT apontou que o grupo faturava até R$ 30 mil por mês com a prática criminosa. Além dos militares envolvidos, de acordo com a denúncia, havia a participação de civis que agiam como intermediários junto aos “loteiros” para arrecadação de dinheiro e recebiam em torno de R$ 150 por semana, por veículo.

O Metrópoles enviou mensagens para a defesa de Luiz Marcos Rodrigues Saúde, mas não houve respostas até o fechamento desta matéria. Além disso, a reportagem acionou a Administração Regional do Paranoá sobre um eventual posicionamento. O órgão também não retornou e o espaço segue aberto eventuais manifestações.

PMs expulsos

Três policiais militares foram exonerados da Polícia Militar do DF (PMDF), a bem da disciplina, diante de decisão que os considerou incapazes de permanecer na corporação, sem direito à manutenção de salário. A decisão consta no Diário Oficial (DODF) dessa segunda-feira (8/7).

Além dos três militares excluídos, mais dois policiais eram investigados por fazerem parte do esquema. “Como forma de coagir os loteiros, a organização criminosa também reforçava a fiscalização em relação àqueles que não aderiam ao pagamento da propina, criando profundos embaraços à atividade, retendo documentos por tempo prolongado e aplicando diversos autos de infração de trânsito”, disse na ocasião o promotor Nísio Tostes.

À época, o promotor detalhou ainda que as provas colhidas e as interceptações telefônicas feitas durante a investigação revelaram que, além dos policiais militares denunciados, o líder da organização criminosa, um major da PMDF, recrutou pelo menos outros oito civis, incluindo Luiz Marcos Rodrigues Saúde.

“Piratas do Asfalto”

O envolvimento de policiais militares com o transporte pirata foi tema de uma matéria especial do Metrópoles. A reportagem apurou que, em 2015, o setor paralelo contava com mais de 10 mil veículos, que movimentavam R$ 3 milhões por dia.

O texto detalha que, com a ajuda de PMs, os motoristas de transporte irregular tinham acesso às rotas de fiscalização assim que as ordens de serviço começavam a circular entre as equipes.

Denúncias feitas à reportagem por militares apontam o envolvimento de colegas. Um dos acusados, inclusive, receberia R$ 1 mil de cada veículo ilegal para garantir “proteção” ao avisar sobre barreiras policiais ou fazer “vista grossa”.

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