metropoles.com

Subsecretário que fiscalizava transporte pirata cai após áudio vazar

Em entrevista ao Metrópoles, o secretário de Mobilidade, Marcos Dantas, disse que as ações do ex-subordinado não eram efetivas porque ele não seguia a determinação de integrar, com o Detran e a Polícia Civil, as operações contra o transporte pirata

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O subsecretário de Fiscalização e Auditoria (Sufisa), da Secretaria de Mobilidade (Semob), Junio Celso Nicola, não resistiu à queda de braço dentro da pasta e foi exonerado do cargo nesta quinta-feira (14/4). O ato ocorre horas após o Metrópoles divulgar áudio no qual o chefe de gabinete da Semob, Moisés do Espírito Santo, reclama com Nicola de uma grande operação que seria realizada em Ceilândia para coibir o transporte pirata.

Em entrevista ao Metrópoles na noite desta quarta (14), o secretário de Mobilidade, Marcos Dantas, confirmou a exoneração, classificou de “pirotecnia” a repercussão do caso e foi enfático ao justificar a mudança na subsecretaria: “As ações desempenhadas até então não vinham surtindo efeito”. Segundo ele, Nicola não estava seguindo a recomendação de promover ações integradas entre a pasta, o Departamento de Trânsito do DF (Detran) e a Polícia Civil.

Preciso de uma reestruturação do modelo de fiscalização neste setor. Não adianta fazer batidas aleatórias. Temos de fazer ações planejadas e coordenadas com o Detran e a Polícia Civil

Marcos Dantas, secretário de Mobilidade

Segundo o secretário, o governador Rodrigo Rollemberg quer participar mais efetivamente da fiscalização ao transporte pirata. O socialista cobra resultados mais eficazes “porque as operações não estavam dando os resultados esperados”.

Procurado pela reportagem, Junio Celso Nicola não quis se pronunciar. Para o lugar dele, foi escolhido o delegado da 32ª Delegacia de Polícia (Samambaia), Júlio César de Oliveira.

Confira entrevista com o secretário Marcos Dantas:

É verdade que o senhor demitiu o subsecretário de Fiscalização?
Sim, é verdade.

Por quê?
Na verdade, preciso de mais efetividade na fiscalização contra o transporte pirata. Buscamos a construção de uma ação integrada com as forças de segurança.

Em um áudio divulgado na manhã desta quinta-feira (14) pelo portal, o chefe de gabinete do senhor repreende o subsecretário em seu nome porque Nicola planejava fazer uma operação de fiscalização. Por que demitir justamente quem queria fiscalizar?
Eu que orientei o chefe de gabinete a cobrar a suspensão da ação. Falei e repito que aquele não era o momento para se fazer a operação. Vocês mesmos mostraram, recentemente, em reportagens, que há falhas na fiscalização. Nós admitimos que há falhas e queremos corrigi-las. Como não estávamos tendo o retorno dessa função já há algum tempo, optei pela exoneração.

Relembre o caso
Na conversa entre Nicola e Moisés, que ocorreu em 20 de janeiro deste ano, o chefe de gabinete cobra explicações sobre uma “possível” operação em Ceilândia. “Vai haver uma (ação) de combate à pirataria amanhã”, responde o então subsecretário.

Moisés diz falar em nome de Marcos Dantas. Segundo ele, o secretário determinou que a operação contra a pirataria que ocorreria no dia seguinte (21) teria de ser cancelada. Mas a ordem é descumprida.

Nicola argumenta que não aceitaria ordens que não fossem do próprio secretário Dantas. E que só cancelaria a ação mediante comunicado por escrito. “Eu cumpri minha ordem no cronograma, meu dever como auditor fiscal. E agora estou na subsecretaria. Gostaria que o secretário me desse essa ordem verbal ou então por escrito, de preferência, que é para suspender as operações”, declarou ele.

Contrariado, Moisés usa um tom ameaçador. “Veja bem. Não foi o Moisés que falou para você. Eu falei em nome do secretário. Você está descumprindo a ordem dele, é isso? Tá bom. Tudo bem. Você vai fazer a operação amanhã, não vai? Você está descumprindo a ordem do secretário”, frisa. Após o desgaste, a operação foi suspensa.

Piratas do asfalto
Na semana passada, o Metrópoles mostrou em uma série de três reportagens especiais, após quatro meses de apuração, que o transporte pirata no DF se tornou uma organização criminosa e que tem a participação de servidores públicos e policiais militares. Os números do transporte ilegal de passageiros nas vias da capital do país impressionam. São mais de 10 mil veículos que movimentam R$ 3 milhões por dia.

Servidores contaram que os pirateiros têm acesso às rotas da fiscalização assim que as ordens de serviço começam a circular entre as equipes.

Colaborou Mirelle Pinheiro

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?