Segundo dia de greve tem Metrô com horário reduzido e ônibus lotados
No guichê de venda de bilhetes, os passageiros também enfrentaram filas. Apenas um funcionário estava trabalhando
atualizado
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No segundo dia de greve de funcionários da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), nesta sexta-feira (03/05/2019), o Metrô-DF começou as atividades na parte da manhã, às 5h30, e paralisou o funcionamento às 10h30. O serviço operou com 18 trens e só volta a rodar a partir das 16h30, indo até as 21h30.
Ao todo, as 24 estações foram abertas. Paradas de ônibus do centro de Taguatinga amanheceram lotadas. Na Estação Praça do Relógio, os usuários relataram espera de cerca de sete minutos entre um trem e outro, a depender do sentido.
O comerciante Francisco Alves, 53 anos, mora em Taguatinga e tinha como destino o trabalho, no ParkShopping. “Como já estava ciente da greve, procurei me antecipar e cheguei um pouco mais cedo na estação. Mesmo assim, cheguei e havia acabado de embarcar um trem, mas não consegui entrar”, disse o homem.
A auxiliar de limpeza Rosemary da Silva Mariano, 53, estava indo para o serviço, em Águas Claras. Ela reclamou que, quando há greve, o trânsito piora consideravelmente. “Antes do metrô, ainda tenho de pegar ônibus para chegar até a estação. Hoje, estava tudo lotado: as paradas e os coletivos. O trânsito deu um nó”, relatou.
No guichê de venda de bilhetes, os usuários também enfrentaram filas. Apenas uma pessoa estava trabalhando. Normalmente, quatro cabines atendem a população na região, diariamente.
A empregada doméstica Márcia Moureira, 45, desembarcou no centro de Taguatinga às 8h15. Segundo ela, o trem que saiu de Ceilândia, da Estação Guariroba, demorou 10 minutos a mais que o normal. “Já era para eu estar no trabalho às 8h, mas, com greve, não teve jeito. A tendência é atrasar um pouco mesmo.”
As paradas do centro da região administrativa também registraram grande movimentação na manhã. O pedreiro Valdimar Sousa, 42, precisava ir para o Sudoeste e esperou mais de 40 minutos para entrar no ônibus. “No dia a dia, esse coletivo passa a cada 15 minutos. A gente percebe os ônibus bem cheios e o fluxo no trânsito também aumentou”, disse.
A estudante Mariana Senna, 18, teria de estar no colégio, no Riacho Fundo, às 8h. Mas, às 8h40, ainda estava na parada. “Perdi um, e o outro estava abarrotado de gente. Já não chegaria para os primeiros horários. A greve atrapalha tudo.”
Paralisação
Metroviários entraram em greve na quinta-feira (02/05/2019). A categoria rejeitou a proposta do governo, que ofereceu a manutenção, em sua integralidade, do Acordo Coletivo de Trabalho 2017/2019 e seus termos aditivos, pelo período de 1º de junho de 2019 a 1º de abril de 2020. O documento traz direitos relacionados a salários, reajustes, jornadas de trabalho, gratificações, adicionais, entre outros.
O sindicato reclama que benefícios sociais reunidos em 52 cláusulas teriam sido cortados. Além disso, o Metrô-DF não estaria cumprindo acordos coletivos, judiciais e sentenças da Justiça favoráveis à categoria desde 2015.
A Companhia do Metropolitano entrou com ação na Justiça do Trabalho para resguardar o mínimo necessário de servidores durante a greve dos trabalhadores. A estatal quer que o efetivo seja maior que os 30% deliberados pelos funcionários durante assembleia realizada no feriado de 1º de maio. Em novo encontro na noite dessa quinta, eles decidiram manter a paralisação.
A medida, segundo a empresa, é a maneira de garantir “a prestação do serviço de forma segura e com o menor impacto possível aos usuários do sistema”. A companhia espera que o pedido seja apreciado ainda nesta sexta-feira (03/05/2019).
Com poucos funcionários, o Metrô mudou o horário de funcionamento nas estações. Os usuários poderão usar o sistema apenas entre 5h30 e 10h30, e das 16h30 às 21h30. Aos sábados, os trens rodarão das 5h30 às 10h30 e das 14h30 às 19h30. Ficarão parados aos domingos, pelo menos enquanto durar a greve dos funcionários.
Ou seja, nos dias de semana, as estações não abrirão das 10h30 às 16h30 e fecharão bem mais cedo. Em dias normais, o Metrô opera de segunda a sábado, das 5h30 às 23h30. Aos domingos e feriados, das 7h às 19h.
Faixas exclusivas
Em função do movimento, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) liberou a faixa exclusiva para ônibus da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) enquanto os servidores mantiverem a paralisação. Já na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), a operação reversa dos ônibus e a liberação da quarta faixa para os veículos leves no sentido da via funcionarão normalmente nos horários de pico (das 6h às 9h e das 17h30 às 19h45). Nos demais horários do dia, o espaço na pista continua sendo apenas para os coletivos.
O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) informou que as faixas exclusivas da W3 Sul e da W3 Norte, bem como a do Setor Policial Sul, também estão liberadas para o tráfego de todos os veículos nesta sexta-feira. As linhas de ônibus que saem de Samambaia e Ceilândia foram reforçadas pelo Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans).
Segundo a assessoria da Companhia do Metropolitano, 18 dos 24 trens que geralmente funcionam no horário de pico rodaram nessa quinta, mínimo aceitável “para garantir a segurança dos usuários”.
O primeiro dia de greve foi de paradas cheias, demora nas estações para comprar o bilhete de metrô e maior tempo de espera pelos trens. A volta para casa foi ainda mais complicada, por causa da chuva.