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Polêmica em dobro. Metrô-DF compra spray de gengibre sem licitação

Produto será utilizado por vigilantes para conter tumultos. Especialistas, no entanto, alertam para problemas com uso da arma não letal em ambientes fechados, como trens e estações

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metrô, spray de pímenta
1 de 1 metrô, spray de pímenta - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Para dispersar tumultos e reduzir as ocorrências de agressão, brigas, vandalismo, assaltos e até atentado ao pudor nos vagões e estações do metrô, a empresa decidiu equipar os seus vigilantes com spray de gengibre. Embora o produto seja menos agressivo do que o similar de pimenta, especialistas acreditam que o recurso é controverso, porque seria empregado em locais com pouca circulação de ar e poderia causar pânico, agravando eventuais confusões. Não bastasse a polêmica na aquisição do produto, a compra, no valor de R$ 43,8 mil, está sendo feita com dispensa de licitação.

Ex-secretário nacional de Segurança Pública, o coronel José Vicente da Silva Filho não recomenda esse tipo de equipamento em ambientes como o do metrô: “É sabidamente um local de poucas saídas. A preocupação não é tanto com o que o spray pode causar em uma pessoa, mas a sensação de pânico que pode ser criada em um ambiente fechado”, ressalta. O problema é ainda maior devido ao perfil de público que utiliza o meio de transporte, no qual circulam idosos e mães com crianças.”

O coronel destaca, ainda, a necessidade de qualificação e treinamento para o uso do spray de gengibre. “A eficiência dependerá muito do grau da qualidade e da intensidade do treinamento. É preciso estar vinculado às normas de uso, de local e do momento”, completa.

Para o ex-secretário de Segurança Pública do DF e do Rio de Janeiro Roberto Aguiar, o uso dos sprays dentro do sistema não deveria ser autorizado. Segundo ele, o acionamento desse tipo de produto em um ambiente fechado, como o metrô, afetaria pessoas indiscriminadamente, com ameaça à vida dos passageiros.

É preciso oferecer um curso muito sério para evitar acidentes, pois é comum colocar essas novas armas sem treinamento adequado. Com isso, inocentes podem até morrer.

Roberto Aguiar, ex-secretário de Segurança

Reprodução/InternetDispensa de licitação
O Metrô-DF autorizou a compra de 335 espargidores para uso dos empregados do Corpo de Segurança Operacional. Os sprays não letais custarão R$ 43,8 mil à companhia — cerca de R$ 130 cada. A autorização para a aquisição foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) de terça-feira (29/3), com dispensa de licitação.

Na publicação do DODF, a diretoria colegiada do Metrô reconheceu a “situação de inexigibilidade de licitação em favor da empresa Poly Defensor Produtos Defesa Pessoal” e, consequentemente, autorizou a realização da despesa e a emissão da nota de empenho da compra.

Por meio de nota, o Metrô informou que os sprays serão usados pelos agentes de segurança operacional. É a primeira vez, segundo a companhia, que os funcionários utilizarão esse tipo de equipamento, que serão acionados “em casos de resistência ao comando dos agentes”. Os espargidores, da marca Psi-Pró, não são inflamáveis e pesam entre 70 e 480 gramas.

Eficácia
Para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do DF (Sindmetrô), a aquisição do produto é uma medida paliativa. A diretora de Saúde do Trabalhador do sindicato, Viviane Aguiar, afirma que o tempo de resposta desse tipo de spray é demorado para lidar com as situações corriqueiras de problemas no metrô.

“A demanda dos servidores é antiga. Hoje, só temos um utensílio de menor potencial ofensivo, que é o bastão, e a legislação determina pelo menos dois equipamentos. O spray de gengibre não tem a eficácia dos outros (de pimenta, usado por policiais, por exemplo), mas é uma vantagem a mais”, reconhece

Segundo Viviane, os servidores ainda não foram informados sobre a compra dos espargidores e também não passaram por curso para usá-los. “Normalmente, as empresas que vendem esses equipamentos apresentam e mostram a forma de utilização”, explica.

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