1 de 1 Situação do transporte público em Brasília. – Brasília(DF), 24/02/2016
- Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
O audacioso projeto Circula Brasília tem caminhado a passos de tartaruga. Do pacote com 80 ações previstas para melhorar o transporte público e a mobilidade urbana no Distrito Federal, o prazo para a execução de 38 terminou em junho sem que elas tenham sido finalizadas ou sequer iniciadas. A implantação do Bilhete Único, a divulgação em tempo real das linhas de ônibus que circulam pelo DF, o começo das obras de expansão do metrô e o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) estão entre as atividades que já passaram do tempo de ser concluídas, conforme cronograma do próprio Governo do Distrito Federal.
Coordenadora do projeto, a Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal (Semob) se defende dizendo que o programa foi ampliado e que muitas dessas obras estão em andamento. Em outros casos, alega, o governo ainda aguarda a liberação de recursos. Mas destaca que as medidas são necessárias para desafogar uma cidade que atingiu, em junho, uma frota de 1.691.278 veículos.
Anunciado em maio de 2016, o grande projeto de mobilidade urbana do DF prevê uma rede integrada de 277km entre os sistemas de metrô, BRT (Bus Rapid Transit) e VLT, a serem concluídas até 2026. Na ocasião do lançamento, 110,38km dessa rede estavam prontos, situação que permanece exatamente igual.
“Por enquanto não tem nem um quilômetro. Por isso que era (longo) esse prazo. Estamos trabalhando na revisão do programa inteiro para ter as quilometragens divulgadas”, explica o secretário de Mobilidade, Fábio Ney Damasceno.
Bilhete Único e metrô A implantação do Bilhete Único, por exemplo, estava prevista para novembro de 2016, embora seja uma promessa de campanha do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) para o seu primeiro ano de mandato. Em fevereiro deste ano, o GDF voltou a adiar a entrega do empreendimento e esticou o prazo por mais 180 dias. O que de fato saiu, um mês antes, foi o reajuste tarifário em todo o DF.
A expansão do metrô em Samambaia (3,7km e duas estações), em Ceilândia (2,3km e duas estações) e até o Hospital Regional da Asa Norte (1km a partir da Rodoviária de Brasília e mais uma estação) deveria ter começado em janeiro. A conclusão era projetada para julho de 2018.
No entanto, segundo a Semob, o governo ainda capta os recursos necessários para a realização do serviço. A licitação contemplará a construção de cinco estações de metrô, incluindo três na Asa Sul (quadras 104, 106 e 110) e outras duas em Taguatinga, Onoyama e Estrada Parque (EPQ).
Para piorar a situação, a documentação incompleta levou o GDF a perder R$ 415 milhões do governo federal. Recursos que deveriam ser investidos no sistema de transporte público, incluindo operações importantes do metrô.
Problemas básicos e urgentes não foram resolvidos. O Bilhete Único até hoje não saiu do papel. As calçadas continuam em estado deplorável e, da mesma forma, a situação das ciclovias é vexatória. Intervenções importantes e providências simples (baratas) não são tomadas. O quadro é de indignação diante dos inúmeros compromissos assumidos (pelo governo).
Uirá Lourenço, especialista em mobilidade urbana e colaborador do portal Mobilize Brasil
Veja a primeira lista de ações previstas para o Circula Brasília:
Não era um programa fechado, muita coisa dependia de recurso externo. Teve recurso que saiu, teve recurso que… Tivemos coisas que saíram e outras não. O programa aumentou, tem mais ações, mas a ideia é estar em andamento.
Fábio Ney Damasceno, secretário de Estado de Mobilidade do Distrito Federal
Entre os acréscimos lembrados pelo secretário de Mobilidade e que devem ser divulgados nas próximas semanas, estão medidas sobre táxi adaptável, lei do transporte individual por meio de aplicativo e o projeto executivo do BRT.
O custo total do Circula Brasília, à época do lançamento, era de R$ 6 bilhões. Destes, R$ 254 milhões seriam recursos do próprio GDF. O restante seria captado e financiado com parcerias, seja com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o Ministério das Cidades ou por meio de parcerias público-privadas (PPPs).
O outro lado A reportagem solicitou que a Secretaria de Mobilidade enviasse a situação atualizada de cada uma das 80 ações previstas no cronograma inicial do Circula Brasília, mas, até a última atualização desta matéria, não obteve retorno.
O Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, encaminhou nota sobre a expansão e modernização do Metrô-DF. “Trata-se da expansão da Linha 1, compreendendo uma estação na Asa Norte, duas estações em Ceilândia e duas estações em Samambaia. Além disso, será realizada a modernização dos sistemas de energia, telecomunicação e sinalização”, detalhou a pasta.
Segundo o órgão, para esse empreendimento, o GDF já possui termo de compromisso formalizado. “Em negociações com o ministério, foi proposta uma reprogramação, em que o empreendimento passa a ser dividido em quatro etapas (Asa Norte, Ceilândia, Samambaia e modernização do metrô). Esse novo arranjo está em análise, de forma a permitir a licitação de pelo menos parte do empreendimento, considerando o orçamento disponível para a ação”, acrescentou. No entanto, não foi informado prazo para a conclusão desses trâmites.
Confira a lista das ações prometidas para o Circula Brasília:
O contrato de execução dos projetos de engenharia do Expresso Aeroporto estava previsto para terminar em março de 2017
Tony Winston/Agência Brasília
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No Expresso Noroeste, o projeto de Engenharia do BRT (Avenida Hélio Prates) deveria ter sido finalizado em março, assim como os projetos do sistema BRT na ligação entre o Terminal Asa Sul/Terminal Asa Norte via EPIA e a contratação do Terminal Multimodal da Rodoferroviária
Mary Leal/ Agência Brasília
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No Expresso Sudoeste, o projeto executivo do BRT seria concluído em dezembro de 2016, mas deve ganhar corpo nos próximos meses. Em março de 2017 estava programado o projeto da obra de arte especial entre o BRT do Eixo Sul e o BRT do Eixo Sudoeste. Acabou adiado, segundo a Semob, pela sua complexidade
Daniel Ferreira/Metrópoles
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No Expresso Oeste, havia quatro projetos previstos: Terminal Pôr do Sol; engenharia da EPIG (BRT); Engenharia da ESPM (BRT) até o Terminal Asa Sul; engenharia da EPTG (Túnel de Taguatinga/Terminal Pôr do Sol) com estação Centrad
Brasília(DF), 24/02/2016 - Situação do transporte público em Brasília. BRT faz a ligação do Game e Santa Maria ao Plano Piloto - Na foto Terminal Gama - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
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Apresentação do Circula Brasília em maio de 2016 trouxe um mapa da Rede de BRT prevista
Divulgação/Semob
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Mapa do Expresso Noroeste, com oito itens previstos no Circula Brasília
Divulgação/Semob
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Expresso que sai do Aeroporto JK prevê a chegada no Terminal Asa Sul (TAS)
Divulgação/Semob
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Obras do Expresso Leste devem sair do papel via Parceria Público-Privada (PPP)
Divulgação/Semob
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Expresso Norte ainda depende da construção do Terminal Asa Norte (TAN)
Divulgação/Semob
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Expresso Oeste conta com 10 itens no programa divulgado em maio de 2016, sendo que a obra de sete já deveriam ter começado
Divulgação/Semob
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Previsão da contratação das obras do Expresso Sudoeste era julho de 2017
Divulgação/Semob
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Mapa do Expresso Sul, que integra a rede de BRT prevista para todo o DF
Divulgação/Semob
Terminais e abrigos
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Treze novos terminais e abrigos de ônibus e BRT foram prometidos. De acordo com a Semob, foram reformadas ou construídas plataformas no P Sul (Ceilândia), Guará I e Guará II, Paranoá, Recanto das Emas (duas estações), Cruzeiro, Taguatinga Sul e M Norte (também em Taguatinga), Samambaia Norte e Núcleo Bandeirante
Gabriel Jabur/Agência Brasília
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Promessa: Desenvolver um sistema de transporte intermodal, que integre bicicleta, automóvel, ônibus, metrô e trens metropolitanos, de maneira racional e eficiente, em articulação com o planejamento urbano e metropolitano, com implantação do Bilhete Único.
Resposta do GDF : O governo de Brasília lançou em maio de 2016, o primeiro Programa de Mobilidade do Distrito Federal, o Circula Brasília, que prioriza o transporte coletivo e não motorizado e visa a melhoria da integração entre os modais, a requalificação urbana, a adoção de novas tecnologias e a valorização da acessibilidade. Várias ações previstas no programa já foram entregues, entre elas o Bilhete Único, que permite ao usuário usufruir de um único sistema de bilhetagem, com uma ampla integração de todos os modais, e proporciona agilidade no embarque, mais comodidade e menos filas. Além disso, o passageiro que opta em fazer a integração pode, em um intervalo de três horas, no mesmo sentido, fazer o uso de até três viagens de qualquer modal pagando no máximo R$ 5. O Circula Brasília também entregou 17 terminais rodoviários – entre novos e reformados –, criou 700 linhas e readequou 1,7 mil a biometria facial, ônibus movidos a biodiesel, a regulamentação do transporte individual privado de passageiros por aplicativo e ampliou o sistema de bicicletas compartilhadas por meio do Plano de Ciclomobilidade +BIKE.
Felipe Menezes/Metrópoles
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A Semob concluiu a reforma e a construção de novos terminais, mas incluiu outros na lista, como o de Sobradinho
Divulgação/Semob
Mobilidade ativa
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Ciclovias e ciclofaixas da EPTG estavam previstas para junho de 2017, mas seguem em obras
Daniel Ferreira/Metrópoles
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Projeto de Plano de Mobilidade a Pé, com diagnóstico, princípios, diretrizes e objetivos estratégicos, deveria ter saído do papel em dezembro de 2016
Giovanna Bembom/Metrópoles
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Outra promessa era o Projeto de Plano de Mobilidade por Bicicleta, incluindo mapeamento, princípios, diretrizes e objetivos estratégicos
Pedro Ventura/Agência Brasília
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Em janeiro, deveria ter sido concluída a instalação de paraciclos nos Pólos Geradores de Tráfego (PGT), que incluem restaurantes, instituições de ensino com grande movimentação, galerias comerciais e terminais de ônibus, entre outros
Giovanna Bembom/Metrópoles
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Modelo dos paraciclos divulgados pelo GDF
Divulgação/Semob
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Bicicletário é um sonho antigo dos ciclistas
Divulgação/Semob
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Programa tem como meta atingir 100 estações de bicicletas compartilhadas no Plano Piloto
Divulgação/Semob
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Mapeamento da rede cicloviária de Brasília é mais uma etapa do programa
Divulgação/Semob
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Malha cicloviária deverá ter conexão com corredores de transporte, como a EPTG
Divulgação/Semob
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Entorno das estações de metrô também deveriam contar com ações de mobilidade urbana
Divulgação/Semob
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De uma estação de metrô a outra serão construídas calçadas e ciclovias
Divulgação/Semob
Aperfeiçoamento do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF (STPC-DF)
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Projeto de Reforma do Terminal de Integração Multimodal Asa Sul (TAS) seria concluído em março. Obras iriam até dezembro de 2017
Divulgação
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A implantação do Billhete Único ainda se arrasta. A previsão era para estar funcionando desde novembro de 2016, mas deve ficar para outubro de 2017
Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Melhorias operacionais nos terminais do BRT do Gama e de Santa Maria também estão na lista
Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Readequação e ampliação do serviço Corujão (ônibus da madrugada) também integra a lista de ações de aperfeiçoamento do transporte público
Daniel Ferreira/Metrópoles
Tecnologia
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Divulgação de horário em tempo real das linhas de ônibus deveria ter começado em janeiro deste ano, assim como o vídeo-monitoramento nos principais terminais
Gabriel Jabur/Agência Brasília
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Em dezembro de 2016, os principais terminais, ônibus, estações e trens de metrô deveriam estar com sistema Wi-Fi em pleno funcionamento, o que não aconteceu
Giovanna Bembom/Metrópoles
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Wi-Fi nos ônibus está em fase de teste, mas não existe nos terminais. Acompanhamento em tempo real foi verificado em uma linha, enquanto Centro de Controle Operacional deverá sair do papel junto com Bilhete Único