No Distrito Federal, média de roubos a ônibus chega a 12 por dia
Vítimas da violência, passageiros e motoristas acumulam histórias de tensão. Apenas em outubro, foram 362 ocorrências, recorde no ano
atualizado
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Insegurança e medo são os companheiros de quem anda de ônibus no Distrito Federal, principalmente nas linhas que vão até Brazlândia, Estrutural, Gama, Samambaia e aos condomínios Pôr do Sol e Sol Nascente. Apenas na segunda-feira (14/11), segundo o Sindicato dos Rodoviários do DF, houve 10 roubos em coletivos registrados em diferentes regiões administrativas. O número fica pouco abaixo da média diária registrada em outubro: 12 ocorrências.
Esse tipo de crime está em alta na capital da República. Segundo balanço da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP), outubro bateu o recorde de 2016. Foram 362 ocorrências, contra 314 registradas no mesmo período de 2015 — um aumento de 15,3%. Somados os 10 primeiros meses do ano, o total chega a 2.373 ocorrências.
Os números se traduzem nas histórias de quem foi vítima de criminosos. A agente de educação Regina Andrade, 53 anos, conta que, há dois meses, o coletivo em que ela estava foi roubado a caminho de Brazlândia. “Era por volta das 19h. Entraram três adolescentes. Um deles estava armado. Anunciaram o assalto e levaram os pertences de todo mundo. Um rapaz que tentou esconder o celular ainda recebeu uma coronhada na cabeça”, relatou Regina.
Motoristas e cobradores
Os profissionais que atuam na linha de frente sofrem tanto quanto os passageiros. Um cobrador da Viação Pioneira, que não quis ter o nome revelado, contou que trabalha há 12 anos na empresa e está com medo da situação. “Os casos são cada vez mais comuns. Eles embarcam nos veículos, roubam dinheiro e pertences dos ocupantes e descem em fuga logo em seguida. Geralmente estão armados com revólveres ou facas e tentam nos agredir.”
Adalmir Moreira Alves (foto em destaque), 41, é rodoviário há 18 anos. Como motorista da empresa São José, que faz a linha entre a Rodoviária do Plano Piloto e a Cidade Estrutural, ele reclama da insegurança. “A gente sai para trabalhar sem saber se vai voltar para casa. Muitos assaltantes são menores de idade e não ficam presos. O ônibus que eu estava dirigindo foi assaltado e um dos criminosos tinha 11 passagens pela polícia. É um absurdo isso”, lamentou.
A Secretaria de Segurança Pública informa que o roubo em coletivos é um dos seis crimes contra o patrimônio “monitorados de forma prioritária”. “Desde o início do ano, a PM tem destacado 800 servidores das áreas administrativas para incrementar o policiamento nas ruas. É a chamada operação Redução dos Índices de Criminalidade (RIC), realizada em locais, dias e horários críticos, de acordo com estudos e estatísticas da pasta”, informou.