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Metrô do DF está longe de entrar nos trilhos, diz pesquisa CNT

Estudo aponta que apenas 4,9% da população usa o sistema metroviário. Índice é baixo em comparação a outros centros urbanos do país

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Mesmo sendo a capital do país, Brasília ainda tem muito o que aprender com outras cidades brasileiras, pelo menos no que diz respeito à rede metroviária. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que, proporcionalmente, o sistema da capital federal é um dos menos utilizados pela população em comparação a outras cidades.

No ano passado, o metrô do DF foi usado por uma média de 144 mil pessoas por dia útil. O número é menor do que o registrado em cidades como Porto Alegre (RS), com 202,2 mil; Belo Horizonte (MG), 202,2 mil; e Recife (PE), 367 mil; que têm população inferior à de Brasília. O índice é ainda menor se comparado com Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), que receberam, em média, 5,9 milhões e 1,5 milhão de passageiros, respectivamente, a cada dia útil.

Os dados mostram que apenas 4,9% da população do DF é usuária do metrô, ante os 28,2% de São Paulo, os 12,2% do Rio de Janeiro e até os 8% de Belo Horizonte. Essas capitais também levam a melhor na quantidade de trens: Brasília, com seus 120 vagões, fica atrás de todas as cidades já citadas. Além disso, o número de trens se mantém o mesmo pelos últimos quatro anos: 24.

Em relação à extensão das linhas, no entanto, o DF sai à frente da capital mineira, com 39,1km, contra os 28,1km de Belo Horizonte. Mas a capital federal fica atrás das outras cidades pesquisadas. Segundo os cálculos da CNT, seriam necessários pelo menos mais 15 quilômetros de linhas em Brasília para atender a demanda populacional.

Metro-DF/Reprodução

 

Intervalo entre viagens
Já no que diz respeito ao tempo de intervalo entre viagens, os usuários do metrô em Brasília esperam uma média de 3,6 minutos. O tempo é melhor que o de Recife, onde os passageiros aguardam cerca de 4,4 minutos.

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, especialista em transporte público, duas principais questões afastam o brasiliense da utilização do metrô: a lotação e a falta de integração.

Apesar de não ter muita adesão, o metrô fica muito cheio durante o horário de pico. Isso ocorre porque os carros são muito pequenos e os intervalos ainda são longos em comparação a padrões internacionais. Por isso, as pessoas não gostam de usar

Paulo César Marques, especialista em transporte público

Marques acredita que o segundo problema está relacionado à falta de integração entre o metrô, que ainda tem uma extensão pequena, e às outras formas de transporte público. “O sistema está preparado para atender poucas pessoas e não foi formulado de forma a facilitar a integração entre metrô e ônibus, por exemplo. Hoje, os trens são usados basicamente por pessoas que moram perto de estações”, finaliza.

Falta de investimentos
O presidente do Metrô-DF, Marcelo Dourado, reconhece a baixa adesão da população local a esse meio de transporte. No entanto, ele destaca que a média de usuários diários do Metrô-DF cresceu para 210 mil neste ano, e a expectativa é de que aumente mais.

“Elaboramos o projeto de expansão da malha metroviária e o serviço está pronto para licitação. Agora falta o aval do Ministério das Cidades, que alega não ter recursos. Parece que o governo federal, infelizmente, não prioriza o modal ferroviário”, afirma.

Dourado afirma ainda estar “pessimista” em relação à malha ferroviária do país por conta da falta de investimentos e alerta que, até 2020, existe a chance de haver mais carros do que as ruas do DF são capazes de suportar. “Enquanto as pessoas não entenderem que automóveis não são a solução para a mobilidade, Brasília está condenada”, diz.

O plano de expansão da malha metroviária da capital federal, segundo Dourado, prevê primeiro o aumento da linha em Samambaia, depois a finalização das estações que já estão quase prontas na Asa Sul e, por fim, novas estações em Ceilândia e na Asa Norte.

Dificuldades
A coordenadora de Desenvolvimento de Transportes da CNT, Fernanda Rezende, aponta outras dificuldades para a expansão da malha metroviária. “Falta, principalmente, planejamento para que o metrô ajude na expansão das cidades. Normalmente, os trilhos só são pensados após o inchaço em regiões da cidade, tornando o sistema de transporte ineficiente”, explica.

Uma das saídas, para a especialista, é a parceria para a exploração do transporte. “Os gastos com a implementação costumam ser altos e o retorno mais lento, o que tira o metrô das prioridades do governo. Parcerias público-privadas para a construção e a administração das linhas metroviárias podem dar agilidade e mais eficiência no serviço”, sugere.

Nordeste
Apesar dos problemas, o estudo aponta que o sistema metroviário do DF é melhor que o das capitais nordestinas de Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Natal (RN), Salvador (BA), e Teresina (PI). O metrô menos utilizado entre as capitais avaliadas pela pesquisa é o da capital piauiense que, no ano passado, recebeu uma média de apenas 6 mil passageiros por dia útil.

Segundo o estudo da CNT, as cidades brasileiras pesquisadas têm, no total, aproximadamente 310 quilômetros de trilhos de metrô, 850 quilômetros a menos do que deveria, segundo a organização. Para se ter ideia, somente em Tóquio há 510 quilômetros de linhas metroviárias.

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