Após 27 dias de greve, aumenta revolta de passageiros do metrô
Nesta segunda (4), houve quebra-quebra na Estação Praça do Relógio, em Taguatinga. Não há previsão de acordo até o fim do mês
atualizado
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A greve do metrô entra, nesta terça-feira (5/12), em seu 27º dia sem expectativa de acabar. Na queda de braço entre a empresa e os servidores, os 120 mil usuários são os principais prejudicados. Com menos trens circulando e um tempo de espera que pode chegar a uma hora, os passageiros estão insatisfeitos com o serviço oferecido de forma parcial e precária.
Nesta segunda (4), houve quebra-quebra na Estação Praça do Relógio, em Taguatinga. A confusão teve início depois que uma falha na máquina de chave no ramal de Ceilândia obrigou o alinhamento manual dos trens, que passaram a trafegar com velocidade baixa.
O problema deixou alguns passageiros irritados e outros passaram mal. O botão de emergência de três composições foram acionados e os usuários quebraram janelas e saíram andando pelos trilhos. O serviço ficou suspenso na região por mais de duas horas.
Na estação, os passageiros exigiram o dinheiro de volta e quebraram uma bilheteria. A empresa ainda calcula os prejuízos, mas, desde o início da paralisação, acumula queda de R$ 4 milhões na arrecadação, visto que o sistema funciona com 75% da frota em horários de pico e com apenas 30% nos demais períodos do dia e aos finais de semana e feriados. Para se ter uma ideia, aos domingos, por exemplo, apenas três trens circulam.O serralheiro Diego Alves (foto de destaque), 58 anos, afirma que tem levado bronca no serviço por causa do atraso: “Uso transporte público há 40 anos e sempre tem problema. É uma palhaçada. Concordo que tem de ver o lado dos funcionários. Mas, para a população, é complicado. Esperar mais de 20 minutos por um trem na estação é muita sacanagem”. Ele mora no P Norte, em Ceilândia, e trabalha no Setor de Embaixadas.
Na opinião do motorista Rafael Bandeira, 24, a demora entre os trens é grande demais. “Estou tendo de acordar mais cedo para ir para a estação. O trajeto de Samambaia até a Rodoviária, que antes fazia em 30 minutos, está demorando cerca de 50. É difícil depender dessa situação. Queremos saber quando a greve vai acabar”, reclamou.
Os metroviários reivindicam a contratação imediata dos mais de 600 selecionados em concurso realizado em 2014, além do reajuste salarial referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 8,41%, atrasado desde 2015. A empresa alega que não tem condições de atender 100% do pleito. A pendenga aguarda decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT 10).
Acordo
Um possível acordo está sendo mediado pelo Ministério Público do Trabalho, que aguarda até o final de dezembro explicações do Metrô sobre gastos com terceirizados e comissionados, cronograma de nomeação de concursados, bem como os valores não arrecadados em decorrência da abertura de cancelas ou gratuidades concedidas pela impossibilidade de venda de bilhetes.
O Sindimetrô, por sua vez, afirma que está cumprindo o que determina a liminar da Justiça, disponibilizando a quantidade suficiente de trabalhadores para o funcionamento parcial do serviço. A entidade destaca que não abre mão de suas reivindicações e lembra que algumas delas, como a contratação de concursados, foram acordadas anteriormente pelo GDF.