Apesar da forte pressão, governo mantém reajuste de passagens
O secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, diz que o GDF não vai recuar da decisão de corrigir as tarifas, pelo menos por enquanto
atualizado
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Mesmo diante da forte pressão política e da opinião pública, o Governo do Distrito Federal (GDF) garante que não vai recuar da decisão de aumentar a tarifa do transporte coletivo da capital a partir desta segunda-feira (2/1). Pelo menos por enquanto. Mas o Executivo está bastante preocupado com a repercussão negativa do caso, inclusive na Câmara Legislativa. Tanto é que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) vai interromper suas férias e volta a Brasília nesta segunda.
Rollemberg viajou a Aracaju (SE) e pretendia retornar à capital no dia 9 de janeiro, mas mudou de planos depois da enxurrada de críticas da Câmara Legislativa neste domingo (1º/1), durante a posse da nova Mesa Diretora da Casa. Até mesmo o vice-governador do DF, Renato Santana (PSD), foi duro e disse que “gestor que sugere aumento deve ser demitido”. “Não sei se vou conseguir andar de ônibus amanhã (segunda)”, ironizou.
O secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, reconhece que o embate não será fácil, inclusive na Justiça. Mas garante que o governo está preparado para participar das discussões e apresentar seus argumentos. “Não é a melhor decisão, a que o governador queria, mas é uma decisão de austeridade necessária para manter o estado saudável. Não adianta ter passagem mais barata e um Estado quebrado”, ressaltou.
O reajuste de até 25% no preço das passagens do transporte coletivo a partir desta segunda-feira foi anunciado no apagar das luzes de 2016, na sexta-feira (30). Depois disso, Rollemberg viajou a Aracaju, em meio à repercussão negativa da decisão. Com a enxurrada de críticas na Câmara Legislativa, percebeu a trapalhada e decidiu encerrar as férias para, segundo sua assessoria, explicar os motivos do reajuste.Os argumentos
O Executivo garante que não ter outra alternativa senão o aumento. Segundo Damasceno, o governo desembolsou R$ 600 milhões em 2016 com subsídios ao transporte coletivo. O secretário diz que, atualmente, 33% dos mais de 1 milhão de passageiros se beneficiam da gratuidade no sistema. “A média no país é de 15%. O nível de subsídio chegou a um patamar insustentável”, ressaltou.
O secretário de Mobilidade garante que, do total de usuários do sistema, 60% usam a tarifa mais barata, que vai passar de R$ 2,25 para R$ 2,50 a partir desta segunda. A de maior valor, do metrô e de viagens de ônibus de longa distância, vai aumentar de R$ 4 para R$ 5.
Nesta segunda-feira, a partir das 10h, a Mesa Diretora da Câmara promete se reunir para discutir o assunto. Os distritais querem aprovar um decreto legislativo que pode revogar o reajuste. “Caso o governador não acate a decisão, a Câmara vai fazer”, disparou o novo presidente do Legislativo local, Joe Valle (PDT).
O aumento também pode parar na Justiça. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) promete entrar com uma ação na próxima semana para questionar o aumento. Paralelo a isso, há promessas de manifestações a partir do começo da semana.
A primeira delas está marcada para esta segunda-feira às 17h30, na Rodoviária do Plano Piloto. No evento criado no Facebook, mais de 2 mil pessoas confirmaram presença. Na quarta (4/2), outro ato contra o aumento, também na Rodoviária do Plano, está marcado para as 17h. O protesto é organizado pelo Juntos Brasília e pelo RUA – Juventude Anticapitalista.