Você consegue deixar o carro na garagem apenas por um dia?
No Dia Mundial sem Carro desafio está lançado aos brasilienses. Moto é o meio mais rápido no DF. Mas a bike polui menos
atualizado
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É possível abrir mão do carro no Distrito Federal? Com cinco deles na garagem, a administradora de empresas Adriana Mothé, 26 anos, garante que não. “O transporte público não funciona. É difícil não ter carro aqui”, justifica. Com uma frota de 1.606.976 veículos, cinco mil novos circulando a cada mês nas vias da cidade, o resultado não poderia ser outro: engarrafamentos quilométricos. A expectativa é que pelo menos nesta terça-feira (22/9), Dia Mundial sem Carro, o brasiliense deixe seu veículo na garagem e utilize outras modalidades de transporte para chegar ao trabalho ou a escola.
Se a ideia vingar, será um alívio. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) revela que o motorista do DF leva pelo menos 35 minutos para sair de casa e chegar ao trabalho de carro. Quem utiliza a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), por exemplo, aposta que o tempo é muito maior. Com tantos veículos nas pistas o resultado não poderia ser pior: para quem depende de ônibus, o tempo gasto no trajeto para o trabalho é sempre maior do que uma hora, segundo o próprio Ipea.
Segundo Davi Duarte, especialista em trânsito, a grande quantidade de carros nas ruas do DF é porque os ônibus são ruins. “Só que a solução de cada um comprar um carro resulta no caos que a gente vê pela cidade”, destaca. “É preciso tomar consciência da importância de ampliar os meios de deslocamento. Não teremos mais espaço para a quantidade de carros que é produzida hoje. A mobilidade só pode ser viabilizada por meio do transporte de massa”, completa o diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagem do DF (DER), Henrique Luduvice.
Não fossem algumas iniciativas o caos estaria pior (se é que pode ficar!). Nos últimos anos o Distrito Federal ganhou quase 200 quilômetros em ciclovias ou ciclofaixas, tornando a bicicleta um meio de transporte interessante para distância mais curtas. A criação das faixas exclusivas também ajudou no fluxo, principalmente de quem anda de ônibus, reduzindo o tempo perdido em deslocamento em mais de uma hora. O metrô também atrai muitos brasilienses, mas sua capacidade reduzida e os constantes problemas de manutenção não oferecem a segurança que o usuário precisa.
Desafio
Mas, então, qual o meio de transporte é o mais rápido e eficiente para o brasiliense? Para tirar a dúvida, foi realizada nesta segunda (21) mais uma edição do desafio intermodal. Vinte e nove voluntários, em 15 modalidades de deslocamento avaliadas, saíram no mesmo horário (7h15) da QE 7, no Guará I, e foram até o Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios, num percurso que variou de 13 a 15km.
Rolou de tudo: moto, carro, táxi, ônibus, metrô, carona, cadeirante no ônibus, bicicleta mountain bike, bicicleta speed, urbana, bicicleta urbana mais metrô, bicicleta dobrável mais ônibus, bicicleta tandem, a pé (corrida e caminhada).
Levando em conta fatores como a emissão de poluentes por passageiro, a emissão de ruídos e o custo financeiro da viagem, a bicicleta mantém a liderança como meio mais eficiente, muito além do tempo de deslocamento, tendo diversos benefícios coletivos. Embora tenha feito o menor tempo, a moto tem custo significativo, emite mais poluentes e gera maior risco ao usuário.
O ônibus, apesar da licitação de renovação da frota, vem apresentando piora no quesito tempo ao longo dos anos. Em 2013, o ônibus levou 44 minutos no trajeto. E em 2014 aumentou para 53 minutos e, em 2015, uma hora. Embora tenham sido mais lentos, o ônibus e o metrô ganham do carro e do táxi nos critérios de sustentabilidade ambiental, custo individual e custo social, já que são mais baratos e transportam muito mais passageiros, ajudando também a evitar congestionamentos. Se você não saiu de casa nesta terça, pense se apenas nesta terça é possível deixar o carro na garagem!
Serviço
- O Uber também preparou uma campanha com o incentivo à locomoção sem o carro. Eles vão oferecer aos usuários o UberBike. Quem estiver de bicicleta e se sentir cansado, por exemplo, pode se conectar ao aplicativo, entre 7h e 20h, e pedir um carro com engate para levar o ciclista e a bicicleta. A tarifa será a mesma do UberBlack. Cada suporte acomodará duas bicicletas.
- Dentro das comemorações do Dia Mundial sem Carro, o DER ampliou a extensão da faixa exclusiva para ônibus que passa pela EPTG. Apenas nessa terça, das 6h às 20h, ela irá até o Eixo Monumental., ou seja, mais seis quilômetros.
Brasília sem carro
Quem imaginou, ainda na época da construção, que as vias largas da nova capital seriam tomadas por carros em praticamente todos os horários do dia? Imagens do Arquivo Público remontam a uma nostálgica época em que carro por aqui, quem diria, era coisa rara. Confira as imagens na galeria: