Uso do celular ao volante aumenta e muda dia e horário dos acidentes mais graves no DF
Autoridades de trânsito e especialistas alertam para o hábito que rendeu aos brasilienses 19.356 multas entre janeiro e setembro deste ano
atualizado
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Dirigir falando ou digitando no celular tem se tornado prática cada vez mais comum entre os brasilienses. Para os especialistas, o ato é tão perigoso quanto beber e dirigir em seguida. O hábito já provocou uma alteração nas estatísticas de acidentes graves no trânsito do Distrito Federal. Se antes a maioria das ocorrências era registrada nos fins de semana e à noite, agora 66,7% delas ocorrem em dias de semana, nos horários de pico (entre 7h e 9h e das 17h às 19h), justamente quando as pessoas acessam mais o celular.
“O problema nem é mais falar ao celular. Nesses horários, as pessoas costumam mandar muitas mensagens. Elas abaixam a cabeça, começam a digitar e se esquecem completamente da direção”, alerta o diretor de Policiamento e Fiscalização do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), Silvain Fonseca.
Entre janeiro e setembro deste ano, 19.356 motoristas foram multados pelo uso do celular enquanto dirigiam. Uma média de 70 autuações por dia. O número é superior ao registrado no mesmo período de 2014: 17.094.
Punição leve
De acordo com Silvain Fonseca, já existem projetos de lei tramitando no Congresso para aumentar a punição aos infratores. Atualmente, a multa por dirigir ao celular é considerada média e rende quatro pontos à Carteira de Habilitação.
As pessoas se envolvem tanto com o telefone que esquecem que estão na direção de um veículo. Elas dirigem da mesma forma que alguém sob o efeito de álcool.
Silvain Fonseca, diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran-DF
Fone de ouvido
Muitos motoristas acreditam que utilizar o fone de ouvido resolve o problema. Mas não é verdade. Assim como dirigir usando o celular, o uso dos fones vai contra o artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro. Somente entre janeiro e setembro de 2015, o Detran já registrou 894 multas referentes à infração – 253 ocorrências a mais do que no mesmo período do ano passado.
O servidor público Antônio Machado Lemos, 41 anos, sabe dos riscos, mas diz que não consegue evitar usar o celular enquanto dirige. “Vou resolvendo coisas, atendendo pessoas… até mesmo lendo e respondendo mensagens”, tenta justificar.
Para a psicóloga Soraia Martins, é impossível manter a concentração necessária ao volante quando se está falando ou digitando no celular. “O ato de dirigir exige atenção total. Precisamos estar 100% atentos. Os nossos reflexos são comprometidos. Uma resposta imediata, como pisar no freio ou virar o volante fica prejudicada”, completa.