Tragédia na L4 Sul: agente confirma que havia dois bafômetros no local
Afirmação do servidor do Detran derruba defesa do bombeiro Noé Oliveira, que disse não ter feito teste por ausência de equipamento
atualizado
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Um agente do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) prestou importante depoimento na 1ª Delegacia de Polícia sobre a tragédia na L4 Sul — que matou mãe e filho no último domingo (30/4). O servidor garantiu haver dois etilômetros, os chamados bafômetros, no local. A informação desmente a versão apresentada por dois dos acusados de participação no acidente fatal, consequência de um possível “racha” disputado na via. A defesa dos suspeitos alegava que não havia aparelhos para fazer o teste no local da tragédia.
O nome do agente não foi divulgado pela Polícia Civil. De acordo com o depoimento, prestado quarta-feira (3/5), os aparelhos estavam em plenas condições de uso e foram levados ao local pela equipe do Detran que atuou na ocorrência.
Noé conduzia o Range Rover Evoque, placa JKN 9797-DF, e Fabiana, o Chevrolet Cruze, placa OZY 6439-DF. Segundo depoimento prestado anteriormente por um agente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Noé apresentava “hálito etílico”, indício do consumo de bebida alcoólica.
No entanto, de acordo com o funcionário do Detran ouvido na quarta, tanto Noé quanto Fabiana teriam se recusado ao passar pelo teste. A informação derruba a linha adotada pela defesa do sargento: Noé afirma ter bebido ““uma latinha” de cerveja e não ter passado pelo bafômetro porque não havia aparelho disponível no local do acidente.
Fuga
O funcionário do Detran esclareceu ainda como se deu a fuga de Eraldo José Cavalcante Pereira, motorista do Volkswagen Jetta, placa JKB 6448-DF. Segundo as informações colhidas até agora, ele e Noé disputavam um racha na L4 Sul, o que teria provocado a tragédia.
Foi o Jetta que colidiu contra o Ford Fiesta onde estavam mãe e filho que morreram após a colisão. Eraldo teria deixado o local antes mesmo da chegada das equipes de socorro, a bordo de um Fiat Uno. Mas a polícia não forneceu mais detalhes.
De acordo com outro depoimento colhido pelos investigadores na quarta-feira, de um funcionário de uma marina às margens do Paranoá, Noé, Fabiana e Eraldo, que é cunhado do sargento dos bombeiros, passaram o dia em uma lancha no lago. Segundo o funcionário, a embarcação deixou o pier com os três e amigos por volta das 12h30. Até 18h, quando terminou o expediente da testemunha, o grupo não havia retornado à marina.
A tragédia
O acidente ocorreu no domingo, por volta das 19h30. Testemunhas afirmam que o Evoque de Noé e o Jetta de Eraldo estavam emparelhados na via, em alta velocidade. Segundo o segundo motorista, ele teria perdido o controle do Jetta e atingido o Ford Fiesta placa JKN 5487-DF, onde estavam quatro pessoas de uma mesma família.
O impacto tirou o Fiesta da pista e o lançou contra uma árvore. A força foi tanta que o carro capotou. A traseira do veículo ficou completamente destruída. Era ali, no banco de trás, devidamente presos ao cinto de segurança, que estavam Ricardo Clemente Cayres, 46 anos, e sua mãe, Cleuza Maria Cayres, 69. Os dois morreram na hora. Outros dois passageiros que estavam no banco da frente, pai e genro de Ricardo, se feriram e foram levados ao hospital, mas já tiveram alta médica.
O Cruze de Fabiana também teria sido atingido, mas, até o momento, não há confirmação de que a irmã de Noé tenha participado do “racha”.
Agentes públicos
Em entrevista ao Metrópoles, o diretor-geral do DER, Henrique Luduvice, negou que o órgão tenha cedido a algum tipo de pressão para aliviar o caso, uma vez que os envolvidos são agentes públicos. “Não aceitamos qualquer tipo de pressão ou tentativa de impedir o trabalho de qualidade prestado à sociedade. Os agentes de trânsito do DER serão respaldados pela direção na medida que respeitarem as suas funções”, explica.
Luduvice reforça ainda que “todo material e informações necessárias estão sendo prestadas aos órgãos e também à população”.