Número de mortes no trânsito volta a crescer no Distrito Federal
De acordo com levantamento do Detran-DF, em 2016, foram 394 vítimas — 40 a mais que o registrado em 2015
atualizado
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O número de brasilienses que perderam a vida no trânsito cresceu 11,29% de 2015 para 2016. No ano passado, 394 pessoas morreram nas vias do Distrito Federal, contra 354 mortes no mesmo período anterior. O aumento representa um retrocesso, já que, em 2015, foi registrado o menor número de mortes no trânsito desde 1999.
Os pedestres foram as principais vítimas: 133. Em segundo lugar vieram os motociclistas (98). Os homens lideram em disparada o ranking das vítimas, com 322 registros, contra 72 do gênero feminino. Quanto à faixa etária, pessoas com idade entre 30 anos e 39 anos foram as que mais morreram no trânsito do DF. O mês mais fatal foi maio, quando 48 pessoas foram a óbito em acidentes.
“Tivemos um ano de 2016 bastante tumultuado, muitas manifestações, elevado número de eventos culturais, esportivos (Olimpíadas) e religiosos, que demandaram grandes efetivos de fiscalização de trânsito”, reconhece o diretor-geral interino do órgão, Silvain Fonseca. Com isso, blitzen e operações preventivas foram reduzidas.
De acordo com Silvain Fonseca, o ano de 2017 será diferente, já que, segundo o diretor-geral, entre dezembro do ano passado e janeiro último já foi registrada queda nos acidentes e mortes. No mês passado, de acordo com ele, foram 16 mortes, a menor quantidade de vítimas dos últimos 17 anos em todo o Distrito Federal. Se comparado ao mesmo período de 2016, quando ocorreram 26 mortes, houve uma redução de 38,5%.
Apesar da diminuição no policiamento, no entanto, o Detran-DF recebeu cerca de R$ 110 milhões referentes a infrações de trânsito em 2016. O valor, divulgado na prestação de contas anual do departamento, representa alta de 13% na receita, que não aumentava desde 2013.
Formação de condutores
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em segurança do trânsito David Duarte, no entanto, o foco dos investimentos deveria estar na formação de melhores motoristas.
“É precioso investir mais em educação e prevenção. Precisamos estudar melhor a infraestrutura e saber os pontos nos quais ocorrem o maior número de acidentes e os grupos envolvidos. Para melhorar a situação atual, são necessários educação e um acompanhamento contínuo. Os números provam que o trabalho tem sido insuficiente e é preciso avançar mais”, explica o professor.
Ainda de acordo com Duarte, as estatísticas de morte no trânsito não são suficientes para mensurar o real tamanho do problema. “Esses dados mostram apenas uma pontinha da situação. Existe ainda o número de feridos, por exemplo, que não entra nessas estatísticas. É lamentável. O nosso nível de mortalidade de trânsito é muito alto e o de insegurança também”, ressalta o professor.
Tristeza sem fim
Uma das vítimas que morreram no trânsito no ano passado é a pequena Thayla, seis anos. A menina atravessava a faixa de pedestres em uma avenida movimentada do Riacho Fundo com a família e foi pega por um carro, no dia 12 de dezembro.
Thayla seguia com a família para uma confraternização na escola do pai, André Mariano da Silva, que faz supletivo. Quanto atravessava a faixa de mãos dadas com André, foi surpreendida por um carro, que estaria em alta velocidade.
Além do pai, a mãe, a dona de casa Maria do Carmo de Souza, 24 anos, e os dois irmãozinhos da menina presenciaram toda a tragédia. Thayla sofreu traumatismo craniano, chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu. Quase dois meses depois da morte da filha do meio de André e Maria do Carmo, a mãe diz que o sofrimento é grande.
“Só Deus mesmo para nos consolar. Estamos seguindo a vida em frente, mas a saudade é muito grande”, garante a mãe. Segundo ela, o inquérito que apura a morte da filha, de acordo com o advogado, ainda não foi concluído. Os pais continuam, portanto, à espera de justiça.