Vítimas de atropelamento no Lago Norte são tios de Pedrinho. Motorista foi autuada por homicídio
Luciana Pupe Vieira está internada em estado gravíssimo. Diabética, ela pode ter sofrido crise de hipoglicemia e desmaiado ao volante
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Civil começou a investigar as causas do acidente que matou o casal Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcinéia Rosalino da Silva, 70, na noite de quinta-feira (18/1), na altura da QL 10 do Lago Norte. A motorista Luciana Pupe Vieira, 46 anos, foi autuada por homicídio com dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de suas ações). Dulcinéia é irmã de Maria Auxiliadora Rosalino, mãe de Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho. Ele foi sequestrado por Vilma Martins, em janeiro de 1986, da maternidade Santa Lúcia, e localizado 16 anos depois, em Goiânia, vivendo com outra família e com outro nome.
A motorista está internada em estado gravíssimo no Instituto Hospital de Base do DF (IHBDF). Uma das linhas de apuração é que a condutora, diabética, teria sofrido uma crise de hipoglicemia, desmaiado e perdido o controle do veículo. A polícia vai analisar quais medicamentos ela tomou.
Também foi autorizada a transferência de Luciana para um hospital particular. Ela chegou a receber voz de prisão, mas após audiência de custódia foi liberada pela Justiça, sem pagamento de fiança. Para o juiz da 5ª Vara Criminal Aragone Feranandes, a condutora, por estar hospitalizada, “não representa risco à instrução criminal”.“Caso, durante o curso das investigações, descubra-se que a autuada estaria dirigindo sob efeito de álcool ou mesmo em outra conduta irregular (penal ou administrativamente), nada impede que seja decretada a prisão preventiva”, destacou o magistrado. O velocímetro do veículo — um Mitsubishi ASX de placa JFT 6345 — ficou travado em 120 km/h – o limite de velocidade da via é de 60km/h.
“A perícia foi feita. Agora, aguardamos os laudos que constarão em que velocidade ela trafegava antes do acidente, se ingeriu alguma substância que possa ter desencadeado um possível mal súbito. Foi uma situação catastrófica que causou grande comoção no Lago Norte”, disse a delegada Mônica Ferreira, da 9ª Delegacia de Polícia. De acordo com ela, os laudos, que ficarão pontos em até 30 dias, poderão alterar a tipificação do crime.
As testemunhas que ouvimos ontem afirmaram que ela trafegava a mais de 120 Km/h na ciclovia. Ela teria percorrido ao menos dois quilômetros em alta velocidade antes de atingir as vítimas
Delegada Mônica Ferreira
Mesma igreja
A motorista trabalha na Câmara dos Deputados. As famílias frequentavam a mesma igreja, a Nossa Senhora do Lago. A reportagem esteve na casa de Luciana, também no Lago Norte, e confirmou que a motorista toma insulina por conta da diabetes. Ela é casada e tem dois filhos, de 17 e 22 anos.
Imagens registradas por câmeras de segurança mostram o momento em que o carro invade a calçada e atinge o casal. Os dois morreram na hora. No vídeo, compartilhado nas redes sociais, é possível ver outras duas pessoas que caminhavam no local escaparem do veículo, pulando no gramado.
O Metrópoles apurou que o carro está devidamente licenciado e a Carteira de Habilitação da motorista em dia. Devido à violência da colisão, um dos corpos foi arremessado a vários metros de distância do local da tragédia.
O acidente ocorreu no sentido Clube do Congresso, em um horário no qual muitos moradores caminham pela região. Depois de atingir o casal, a condutora seguiu em frente, cerca de 300m do local do acidente, e só parou após colidir com um poste.
Fotos publicadas nos perfis de Evaldo e Dulcinéia nas redes sociais mostram viagens do casal pelo mundo e a identificam como servidora da Câmara dos Deputados e ele da Receita Federal.
De acordo com testemunhas, o casal morreu perto do lugar onde morava, na QL 8 do Lago Norte. Os dois tinham acabado de retornar de uma viagem internacional, em celebração aos 50 anos de casados. As famílias do casal e da motorista têm amigos em comum.
Veja imagens de Evaldo e Dulcinéia:
Ferragens
A condutora Luciana Pupe Vieira, com idade estimada entre 45 e 50 anos, chegou a ficar presa às ferragens. Foi retirada do veículo pela equipe do Corpo de Bombeiros e transportada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Instituto Hospital de Base. Há suspeitas de que ela tenha sofrido traumatismo craniano, fratura no punho, fratura de vários dentes e escoriações pelo corpo.
Por causa dos procedimentos de resgate, não foi possível submeter a motorista ao teste de bafômetro, para atestar se ela estava alcoolizada no momento do acidente.
A Companhia Energética de Brasília (CEB) foi acionada devido à queda do poste, bem como outros órgãos, como PMDF e perícia da PCDF, que deve apontar as causas do acidente e a velocidade do carro no momento em que atropelou o casal. A via ficou interditada durante o atendimento, sob os cuidados do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF).
Confira imagens do acidente:
Outra tragédia
Em abril do ano passado, o aposentado Edson Antonelli, 61 anos, morreu atropelado na mesma via, na altura da QI 7. A motorista que o matou foi condenada a 2 anos e 6 meses de prisão. Mônica Karina Rocha Cajado Neves, 20, estava embriagada quando o carro atingiu a vítima, que estava de bicicleta.
Na época, o teste do bafômetro acusou níveis altos de álcool no sangue – 154% acima do limite, configurando crime de embriaguez. A jovem deve cumprir a pena em regime inicialmente aberto.
Mônica foi presa no dia do acidente, um domingo, mas ganhou liberdade após pagar fiança de R$ 5 mil. Na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Mônica relatou que, no dia do acidente, saiu de uma festa na Torre Digital e foi, de Uber, até a QI 12 do Lago Norte, onde estava o carro dela, um GM Ônix. Ela acredita ter dormido ao volante.