Grupo apresenta projeto de reforma do autódromo ao Tribunal de Contas
Pedido de orientações para nova licitação ocorre após reportagens do “Metrópoles” mostrarem rachas nas vias públicas do DF. Pelas redes sociais, leitores também cobram reabertura do local
atualizado
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Nem só os amantes da velocidade esperam uma solução que permita a reabertura do Autódromo Internacional Nelson Piquet. Um grupo formado por representantes da Novacap, da Secretaria de Estado de Obras e da Federação de Motociclismo do DF procurou o Tribunal de Contas do Distrito Federal para pedir orientações sobre uma nova licitação. O governo deve lançar um edital para uma nova licitação para reforma do espaço no próximo mês.
A proposta chega ao TCDF após reportagens do Metrópoles mostrarem que, nas principais vias da capital, racheiros aceleravam a 200 km/h em disputa de pegas. Eles alegam que os desafios às leis ocorrem pela falta de “espaço adequado”. O autódromo era o endereço preferido para a disputa de pegas. Duas vezes por mês, eles se encontravam para os rachas no local, que tem um circuito interno de 5,4 quilômetros. Porém, desde o início do ano passado, o espaço foi fechado para reformas.A primeira licitação para as reformas foi suspensa pelo TCDF. Orçado em R$ 251 milhões, o projeto apresentou indícios de irregularidades. O tribunal detectou sobrepreço de quase R$ 35 milhões, duplicidade de serviços e falhas graves no projeto básico de engenharia. Recomendou também que a obra fosse feita com o menor custo possível e a Novacap decidiu revogar a concorrência em janeiro deste ano.
Falta de espaço, a desculpa
Muitos brasilienses, amantes de velocidade, reclamam da falta de agilidade para solucionar o caso. Após a publicação das reportagens, internautas reclamaram da falta de espaços para realizar rachas, demonstrações de arrancadas e acelerar os próprios carros. Essa é a justificativa usada por quem apoia os encontros (e disputas) nas vias urbanas.
Segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran), não há ilegalidade em correr dentro do autódromo. Mas o diretor de Policiamento e Fiscalização de Trânsito, Silvain Fonseca, ressalta que, mesmo quando o local funcionava, muitos motoristas eram flagrados em rachas nas vias próximas, após os encontros.
“Alguns condutores insistiam em levar a competição para as vias urbanas. É verdade que eles ficaram impossibilitados de fazer eventos no local, mas nada justifica quebrar as regras de trânsito. Todos sabem dos seus direitos e deveres”.
Silvain Fonseca, Detran
Reforma
Em setembro do ano passado, a reforma do asfalto do autódromo foi incluída em um contrato firmado com a empresa Basevi Construções S/A e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), destinado à pavimentação asfáltica em todo o DF. As obras foram consideradas ilegais e suspensas.
Em paralelo, havia uma licitação para as obras, que foi suspensa pelo TCDF. O autódromo receberia, em março, uma prova da Fórmula Indy. O GDF apresentou uma nova proposta de reforma, no valor de R$ 37.087.018,96. As obras incluiriam a adequação da pista; a instalação de barreira de pneus; defensas metálicas e grades de proteção; demolições, pinturas e reparos nas arquibancadas e plantio de grama. Mais uma vez, a Terracap suspendeu as licitações.
Os 30 boxes onde os carros de competição ficavam estacionados foram demolidos, assim como as cinco salas de apoio à imprensa e federações. Os pneus que cercavam a pista se amontoaram em meio ao circuito, assim como britas e entulho. Apenas 45% das obras da pista foram concluídas. A Terracap diz que ainda faltam barreiras de pneus e cerca metálica no circuito.
De acordo com a Terracap, seriam necessários mais R$ 35 milhões para concluir essa etapa da obra, o que permitiria a liberação do autódromo. A estatal estuda, ainda, a possibilidade de fazer uma parceria público-privada. A pista recebeu fresagem do antigo asfalto, alteração do traçado de três curvas e asfaltamento parcial da área de escape.
O diretor do autódromo, Edson Rogério dos Santos, confirmou que está tudo parado. Ele aguarda ansioso a retomada do projeto de revitalização do espaço. “Fiquei animado quando assumi, pensei que participaria da Fórmula Indy”, brinca.
O encontro entre os representantes do governo e do TCDF, realizado na segunda-feira (14/9), é apenas um passo na intenção de lançamento de novas licitações. O TCDF precisa avaliar os editais para se posicionar a respeito das propostas.
Exigências para correr
Para correr no autódromo, entretanto, não bastava chegar e acelerar. A Secretaria de Esporte, responsável pelo local, informa que eram cobradas taxas que variavam entre R$ 500 e R$ 12 mil nos eventos realizados no local. Além disso, uma lista de documentos era exigida para a reserva do espaço (desde cheque-caução à permissão da Vara da Infância e da Juventude).
O Presidente da Federação de Motociclismo, Carlos Senise, 50 anos, explica que os ajustes já propostos não são suficientes para garantir segurança a todos os usuários. Para ele, é necessário que o novo projeto contenha especificidades que atendam à demanda dos motociclistas. “A tinta utilizada para demarcar as pistas é diferente, no caso das motos. Se for utilizada uma qualquer, o risco do piloto cair é muito grande. Pode parecer algo pequeno, mas faz muita diferença”, explica Senise. “Queremos que o projeto evolua”, completa.
Colaborou Letícia Carvalho