Familiares e amigos fazem missa de despedida para casal atropelado
“Eram capazes de tirar a própria roupa do corpo e doar para quem precisasse”, lembrou uma amiga de Evaldo e Dulcinéia
atualizado
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Clima de comoção tomou conta do Lago Norte após a morte do casal Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcinéia Rosalino da Silva, 70, na noite de quinta-feira (18/1), na altura da QL 10 do Lago Norte. Os dois eram conhecidos da comunidade e participavam ativamente de atividades da Igreja Nossa Senhora do Lago, na QI 3, mesmo local onde será celebrada uma missa de despedida, às 19h desta sexta-feira, organizada por amigos e familiares.
Muito abalados, os familiares pediram privacidade. Colegas destacaram a atuação do casal. “Eram capazes de tirar a própria roupa do corpo e doar para quem precisasse”, lembrou uma amiga. De acordo com ela, Evaldo e Dulcinéia costumavam fazer muitas doações e ajudar os mais necessitados.
Dulcinéia é irmã de Maria Auxiliadora Rosalino, mãe de Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho. Ele foi sequestrado por Vilma Martins, em janeiro de 1986, da maternidade Santa Lúcia, e localizado 16 anos depois, em Goiânia, vivendo com outra família e com outro nome.
Os dois tinham acabado de retornar de uma viagem internacional, em celebração aos 50 anos de casados. As famílias do casal e da motorista têm amigos em comum. Segundo os familiares, os corpos serão cremados.
No local do acidente, alguns moradores contaram ao Metrópoles que frequentemente encontravam o casal andando na calçada. “Sempre os via. Eles costumavam caminhar sempre no período da tarde”, disse o aposentado José Ronaldo Campos, 66 anos. Segundo ele, pedestres e ciclistas não têm proteção alguma, apenas as tartarugas no chão. Isso, na verdade, é uma faixa de assassinato”, reclamou, ao se referir à ciclofaixa.
Veja imagens de Evaldo e Dulcinéia:
Crise de hipoglicemia
A Polícia Civil começou a investigar as causas do acidente. A motorista Luciana Pupe Vieira, 46 anos, foi autuada por homicídio com dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de suas ações). Ela está internada em estado gravíssimo. Uma das linhas de apuração é que a condutora, diabética, teria sofrido uma crise de hipoglicemia, desmaiado e perdido o controle do veículo. A polícia vai analisar quais medicamentos ela tomou.
Luciana vai responder em liberdade. Para o juiz da 5ª Vara Criminal Aragone Feranandes, a condutora, por estar hospitalizada, “não representa risco à instrução criminal”. “Caso, durante o curso das investigações, descubra-se que a autuada estaria dirigindo sob efeito de álcool ou mesmo em outra conduta irregular (penal ou administrativamente), nada impede que seja decretada a prisão preventiva”, destacou o magistrado.
O velocímetro do veículo — um Mitsubishi ASX de placa JFT 6345 — ficou travado em 120 km/h – o limite de velocidade da via é de 60km/h.
“A perícia foi feita. Agora, aguardamos os laudos que constarão em que velocidade ela trafegava antes do acidente, se ingeriu alguma substância que possa ter desencadeado um possível mal súbito. Foi uma situação catastrófica que causou grande comoção no Lago Norte”, disse a delegada Mônica Ferreira, da 9ª Delegacia de Polícia. De acordo com ela, os laudos, que ficarão pontos em até 30 dias, poderão alterar a tipificação do crime.
Mesma igreja
A motorista trabalha na Câmara dos Deputados. Dulcinéia também trabalhou no local. Evaldo era aposentado da Receita Federal. As famílias frequentavam a mesma igreja. A reportagem esteve na casa de Luciana, também no Lago Norte, e confirmou que a motorista toma insulina por conta da diabetes. Ela é casada e tem dois filhos, de 17 e 22 anos.
Imagens registradas por câmeras de segurança mostram o momento em que o carro invade a calçada e atinge o casal. Os dois morreram na hora. No vídeo, compartilhado nas redes sociais, é possível ver outras duas pessoas que caminhavam no local escaparem do veículo, pulando no gramado.
O Metrópoles apurou que o carro está devidamente licenciado e a Carteira de Habilitação da motorista em dia. Devido à violência da colisão, um dos corpos foi arremessado a vários metros de distância do local da tragédia.
O acidente ocorreu no sentido Clube do Congresso, em um horário no qual muitos moradores caminham pela região. Depois de atingir o casal, a condutora seguiu em frente, cerca de 300m do local do acidente, e só parou após colidir com um poste.
Ferragens
A condutora Luciana Pupe Vieira chegou a ficar presa às ferragens. Foi retirada do veículo pela equipe do Corpo de Bombeiros com suspeita de traumatismo craniano, fratura no punho, fratura de vários dentes e escoriações pelo corpo. Por causa dos procedimentos de resgate, não foi possível submeter a motorista ao teste de bafômetro, para atestar se ela estava alcoolizada no momento do acidente.
Confira imagens do acidente: