Família da motorista que atropelou idosos vive “agonia espiritual”
Momento é “aflitivo”, disse irmã da condutora. Casal foi morto, na última quinta-feira (18/1), após ser atropelado na QL 10 do Lago Norte
atualizado
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Uma irmã da motorista responsável pelo atropelamento fatal de um casal de idosos, na última quinta-feira (18/1), na altura da QL 10 do Lago Norte, fez declarações sobre o acidente nas redes sociais. Em um post no Facebook, Ana Cristina Pupe comentou o momento “aflitivo” e de “muita agonia espiritual” pelo qual passa a família. Ela escreveu, ainda, sobre a amizade que mantinha com as vítimas.
Enquanto caminhavam, no início da noite daquele dia, Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcinéia Rosalina da Silva, 71, foram atingidos pelo carro guiado por Luciana Pupe Vieira, 46. “Sofro pela perda dos meus amigos Evaldo e Dulcinéia. Um casal querido demais por mim e pelo Faé. Eles vinham muito em nossa casa porque somos equipistas de Nossa Senhora e eles eram nosso Casal Ligação”, relatou.
Ana Cristina contou que fazia hidroginástica com as vítimas. Na última aula juntos, Dulcinéia estava “encantada com a viagem comemorativa das bodas”, lembrou a mulher. Recentemente, o casal celebrou 50 anos de matrimônio.
As famílias eram conhecidas e frequentavam a mesma igreja. Há, ainda, mais coincidências: a motorista trabalha na Câmara dos Deputados, mesmo local onde Dulcinéia foi servidora. Evaldo era aposentado da Receita Federal.
Ana Cristina ainda rebateu as críticas e defendeu que a irmã sofre de diabetes e teve um mal súbito ao volante. “Algo aconteceu de forma muito repentina e ela não conseguiu conter. Ela não dirigia aquele carro naquela velocidade. Ela não estava ali. Mas, confiamos na perícia e nas investigações”, afirmou. Após o atropelamento, o carro que Luciana dirigia bateu em um poste. O velocímetro do veículo ficou travado em 120km/h – o máximo permitido na via é 60km/h.
A motorista foi autuada por homicídio com dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de suas ações). Ela está internada, em estado gravíssimo. Uma das linhas de apuração é exatamente a de que a condutora teria sofrido uma crise de hipoglicemia, desmaiado e perdido o controle do veículo. A investigação está a cargo da 9ª Delegacia de Polícia.
Unidos pela tragédia
Na tarde de sábado (20), os corpos de Edvaldo e Dulcinéia foram liberados pelo Instituto Médico Legal (IML). Neto do casal, Gabriel Luan também foi à internet falar sobre o assunto. Em um post no Facebook, ele agradeceu pelas mensagens enviadas à família e aproveitou para pedir orações à Luciana.
Nas redes sociais, Ana Cristina reforçou o pedido de orações para a irmã e os familiares das vítimas. Por fim, lamentou a forma como o caminho de Luciana e dos idosos se reencontraram em 18 de janeiro. “Rezem muito pela família de Dulcineia e Evaldo, a quem, se eu pudesse dizer algo, diria: que lindos vocês, juntos até o fim. Pena que, ao final, o destino tenha cruzado nossos caminhos desse jeito. Pena…’”
Confira a declaração completa da irmã da motorista:
“Feliz Ano Novo. Foto da família.
Era o meu post do dia 31 de dezembro de 2017, às 21h57.
Meus desejos naquela noite, como os de todos nós, era que 2018 fosse um ano cheio de alegrias, cheio de momentos lindos, cheio de risos e gargalhadas, e posts que evidenciassem toda essa alegria, porque afinal o Facebook foi feito para estampar a nossa felicidade e não a nossa tristeza.Mas, hoje, dia 20 de janeiro, estou aqui para falar de tristeza. Muita tristeza.
Todos sabem que estamos vivendo um momento aflitivo, de muita agonia espiritual.
Sofro pela perda dos meus amigos Evaldo e Dulcinéia. Um casal querido demais por mim e pelo Faé. Eles vinham muito em nossa casa porque somos equipistas de Nossa Senhora e eles eram nosso Casal Ligação. Integraram o nosso Colegiado de Setor quando por três anos exercemos a função de Casal Responsável de Setor. Eventos, cursos, jantares… sempre nos enriquecendo com eles. Além disso, eram nossos “coleguinhas” da turma da hidroginástica de que eu e minha mãe fazemos parte, e fazíamos juntos muitos exercícios e brincadeiras na água. Na última aula que tivemos juntos, Dulcineia me contou o quanto estava encantada com a viagem comemorativa das bodas, com toda a família, e da matéria que escreveria para o jornal das Equipes, pelo qual eu e Faé somos responsáveis.
As notícias chegaram aos poucos para mim. Primeiro, soube da morte do Evaldo em um acidente de carro. Chorei… gritei… Não acreditava nisso. E só pensava na dor da Dulcinéia de perder seu marido de quem não se desgrudava para nada. Saí do Tribunal pronta para buscar o Faé e, juntos, irmos à casa dela e dar nosso colo.
Aí cheguei em casa e soube pelo Faé que, na verdade, o acidente de carro era um atropelamento e que vitimara não só o Evaldo, mas também a Dulcinéia. Me desesperei. Andava de um lado para o outro, chorando e negando a notícia… Não, não, não!!!
Comecei a ligar para os nossos amigos equipistas. Falei com a Bete que também estava desolada. Liguei para a Marília do Joao Carlos e, enquanto falava com ela, ouvi um grito. Um grito forte! Alto! Do meu filho… “Mããããeeeeee: A tia Lu!!”.
Eu chamo Deus de “meu brother”. Ele sempre foi muito camarada comigo. E desde o grito do Pedro até agora, tenho olhado pro céu e dito: “Brother, o que foi isso?? Não to entendendo nada”.
Luciana, nossa irmã caçula, luta contra a morte em uma UTI. Sabemos quem ela é e dos cuidados extremos que tem com a doença dela. Algo aconteceu de forma muito repentina e ela não conseguiu conter. Ela não dirigia aquele carro naquela velocidade. Ela não estava ali. Mas, confiamos na perícia e nas investigações. O que aconteceu será demonstrado não por mim, mas pelos resultados das investigações.
Temos tido muita compreensão de todos os amigos, comunidade, igreja e até de parte da imprensa. O que mais nos comove são as mensagens da família de Dulcinéia e Evaldo: caridosas, compreensivas, solidárias. A família deles tem dado o maior e mais forte testemunho do que eram Dulcinéia e Evaldo. Embora nas redes sociais, a coisa seja diferente, com julgamentos e suposições, temos buscado resignação para lidar com isso.
Peço aqui, humildemente, que todos rezem por nós. Rezem pela Lu. Rezem por mim. Pela minha mãe. Pelo meu cunhado, marido da Lu que sofre calado e por seus filhos jovens. Rezem pela nossa família.
Rezem muito pela família de Dulcineia e Evaldo, a quem, se eu pudesse dizer algo, diria: que lindos vocês, juntos até o fim. Pena que, ao final, o destino tenha cruzado nossos caminhos desse jeito. Pena…
Ao meu Brother, um recado. Como de outras vezes, eu entrego, aceito, confio e agradeço. Não to entendendo nada, mas sei que em tudo há um propósito.
A todos, UM FELIZ ANO NOVO!”