Faixa de pedestre atinge maioridade no DF, mas não é unanimidade
Pesquisa mostra que a cada 10 travessias, quatro motoristas não param o carro na sinalização
atualizado
Compartilhar notícia
Neste 1º de abril, a campanha de respeito à faixa de pedestres atinge a maioridade e completa 21 anos no DF. A iniciativa é uma das medidas mais importantes no esforço para reverter estatísticas negativas e conquistar a civilidade no trânsito da capital federal, além de ser um dos símbolos mais fortes de referência e orgulho brasiliense. Mas, afinal, os moradores da capital respeitam mesmo a faixa de pedestres?
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), em parceria com a ONG Rodas da Paz e com apoio da Universidade de Brasília (UnB), da ONG Andar a Pé e do coletivo Movimento Ocupe o seu Bairro (MOB), a cada 10 travessias, quatro veículos não param na faixa quando o pedestre se aproxima.
Dezesseis pesquisadores notaram diversas situações em cada uma das faixas da amostra, totalizando mais de seis mil travessias com 13 mil automóveis e 10 mil pedestres. Entre as circunstâncias observadas estão: número de veículos que não param na faixa, se os veículos esperam as pessoas terminarem a travessia antes de seguir seu trajeto, se houve algum tipo de situação de risco, sexo do pedestre, se fez sinal antes de atravessar e, se o pedestre esperou os carros pararem.
Foi verificado ainda o perfil das vias onde as faixas estão localizadas, velocidade e condições: iluminação, sinalização e número de travessias em cada sentido.
Percepção
O professor e pesquisador de sociologia do IFB Jonas Bertucci, integrante da Rodas da Paz, explicou que o estudo durou cerca de sete meses. Para ele, a análise tem o objetivo de mostrar o comportamento das pessoas ao volante. “Quanto maior a velocidade da via, mais motoristas desrespeitam o pedestre. Após pararem, em 67% dos casos, os condutores aguardam o pedestre concluir a passagem”, revelou.
Conforme aponta o estudo, a questão demanda alerta. “Trabalhamos na segurança do pedestre. A impressão é de que o respeito à faixa está diminuindo. Atropelamento com morte nas vias do Distrito Federal teve um pequeno aumento em 2016. Pulou de 105, em 2015, para 127, no ano retrasado. Isso nos incentivou a fazer essa pesquisa”, informou.
“Apesar da queda da mortalidade de pedestres ao longo desse processo, nos últimos anos, houve um aumento no desrespeito à faixa pelos motoristas. Além dos dados da pesquisa, será disponibilizada também a metodologia elaborada para que possa ser replicada em outras cidades”, explicou o docente.