metropoles.com

Máfia das Funerárias. Empregados do HRT cobravam propina por cadáver

O ascensorista Samuel Aguiar pedia até R$ 300 por cada transação efetivada a partir de informações privilegiadas de mortes naturais

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
iStock/ imagem ilustrativa
necrotério morte
1 de 1 necrotério morte - Foto: iStock/ imagem ilustrativa

A denúncia feita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra 12 integrantes da Máfia das Funerárias expõe o que os promotores do caso classificam como “aliança espúria” entre trabalhadores de um hospital público e membros da organização criminosa. Segundo o documento, os empregados Jocileudo Dias Leite e Samuel Aguiar Veleda passavam informações privilegiadas sobre mortes naturais ocorridas no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e cobravam por cada cadáver.

Samuel Aguiar era ascensorista no HRT e, segundo a investigação, recebia até R$ 300 de propina por cada indicação de óbito que se convertia na contratação de serviços funerários. Se conseguisse recomendar um corpo por dia, poderia lucrar até R$ 9 mil com o bico clandestino.

Jocileudo, em diálogo gravado pela Polícia Civil em 11 de abril de 2017 – seis meses antes da Operação Caronte –, exigiu de Cláudio Barbosa Maciel suborno para passar à quadrilha informações de pessoas que tiveram morte natural na unidade de saúde.

Cláudio Barbosa é o dono das funerárias Universal e Pioneira, fechadas após as denúncias. Ele mantinha um esquema com outras sete pessoas para obter informações privilegiadas e convencer famílias a contratarem os serviços das suas empresas. Enganadas, algumas pessoas pagavam até R$ 6 mil para sepultar um parente, valor considerado bem acima da média.

“A organização criminosa é antiga e os pagamentos feitos a ambos são operacionalizados sem a necessidade de uma nova tratativa a cada repasse de informações privilegiadas e sigilosas”, diz a denúncia do Ministério Público.

Um dos áudios denota como Cláudio e Jocileudo tratavam com naturalidade as mortes de pacientes ocorridas no HRT. “Amanhã tem um negocinho para você, falou?”, disse o empresário, indicando que daria dinheiro ao comparsa.

A quadrilha de Cláudio Barbosa também falsificava atestados de óbito. Em 26 de outubro, quando a operação foi deflagrada, o médico Agamenon Martins Borges, dono de uma funerária em Formosa (GO), foi preso. Segundo os investigadores, Borges assinava as declarações. Em alguns casos, sem sequer olhar o corpo.

Células concorrentes
O grupo foi desarticulado pela Corregedoria-Geral da PCDF, com apoio do Mistério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Os policiais e promotores tratam o esquema como um “mercado da morte”. Foram identificadas duas células criminosas concorrentes: uma agia em Taguatinga e a outra em Samambaia.

5 imagens
Funerária Pioneira, que funcionava em Taguatinga, foi outro alvo da PCDF
Donos de funerárias são acusados de integrar esquema criminoso no DF
Entrada de funerária suspeita de integrar Máfia das Funerárias
Funerária Tanatos foi investigada por integrar mercado da morte no DF
1 de 5

Funerária Universal foi alvo da Operação Caronte

Michael Melo/Metrópoles
2 de 5

Funerária Pioneira, que funcionava em Taguatinga, foi outro alvo da PCDF

Michael Melo/Metrópoles
3 de 5

Donos de funerárias são acusados de integrar esquema criminoso no DF

Michael Melo/Metrópoles
4 de 5

Entrada de funerária suspeita de integrar Máfia das Funerárias

Michael Melo/Metrópoles
5 de 5

Funerária Tanatos foi investigada por integrar mercado da morte no DF

Michael Melo/Metrópoles

 

O bando rival ao de Cláudio Barbosa era liderado por Reandreson Miranda Santos, dono das empresas Filadélfia e Brasília Serviços Funerários. Ele e esposa, Miriam Sampaio dos Santos, têm mandados de prisão e estão foragidos.

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público, além de coordenar a ação do grupo, Reandreson atuava na operação do esquema. Ouvia ilegalmente as frequências de rádio da Polícia Civil e entrava em contato com as vítimas.

A organização também é acusada de captar ilegalmente a frequência dos rádios dos rabecões do IML em busca de informações sobre mortes classificadas como naturais. Os criminosos ainda se passavam por servidores do IML e da Central de Captação de Órgãos para enganar parentes das vítimas e convencê-los a não levarem os corpos para o IML.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?