Difícil convivência. Número de ciclistas mortos nas vias do DF em 2015 já supera o de todo o ano passado
São 15 ocorrências entre janeiro e agosto nas pistas urbanas. Para ONG Rodas da Paz, ciclovias não levam a lugar algum
atualizado
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Acidentes fatais envolvendo ciclistas nas vias urbanas do Distrito Federal estão cada vez mais frequentes. Este ano, até agosto (último dado disponível do Detran), 15 brasilienses perderam a vida enquanto pedalavam. São quase duas mortes por mês. O número já supera os nove registros em todo o ano passado.
Para a ONG Rodas da Paz, o índice está diretamente relacionado à situação das ciclovias existentes no Distrito Federal. “As passagens para ciclistas foram pensadas apenas para o lazer. Os cruzamentos são mal sinalizados, o que leva a um conflito entre carros e bicicletas. Elas não foram construídas para favorecer a mobilidade urbana”, explica a coordenadora-geral da ONG, Renata Florentino.
Os ciclistas destacam que as vias exclusivas para bicicletas não levam a lugar algum, os obrigando a dividir espaço com os carros nas pistas. “É possível constatar esse problema no Setor Comercial ou da Asa Sul para a Asa Norte, onde os caminhos são interrompidos sem nenhuma lógica”, reclama Renata.
Conscientização
Por muito pouco o professor de língua estrangeira Luiz Sousa, 61 anos, não fez parte das estatísticas. Ele já sofreu ao menos quatro acidentes entre o ano passado e este ano nas vias do DF. Para o ciclista, além de melhorar as ciclovias é preciso conscientizar os motoristas.
Os condutores acham que têm o direito de te jogar para fora da pista, buzinar para você sair ou ir mais rápido, chegam a mandar a gente procurar um parque. Há uma profunda incompreensão.
Luiz Sousa, ciclista
Luiz mora no P Norte, em Ceilândia, e costuma ir pedalando para o Plano Piloto ao menos duas vezes por semana. “Muitos carros não respeitam a distância de 1,5m, chegam a passar a 20 ou 30cm, tirando nossa concentração e estabilidade”, alerta.
O acidente grave mais recente envolvendo um ciclista foi registrado na noite desta quarta-feira (4/11), em Brazlândia. Segundo os bombeiros, Viviane Rodrigues de Sousa, 31 anos, foi atropelada por um motorista que não parou para prestar socorro. Ela foi transportada inconsciente de helicóptero ao Hospital de Base do Distrito Federal, com suspeita de traumatismo craniano. O estado de saúde é grave.
Ciclovias
A Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que toda malha cicloviária do DF está sendo revista com a ajuda de ciclistas e grupos de pedal. O objetivo, segundo a pasta, é fazer um diagnóstico para manutenção e/ou construção de novas vias, de acordo com a necessidade de quem pedala.
Atualmente, a extensão da malha cicloviária está estimada em 411 km, entre os trechos já concluídos e os que ainda estão em construção. A Semob destaca que a meta é estender as vias especiais por todo Distrito Federal e atingir, em quatro anos, 649 km em ciclovias e de ciclofaixas disponibilizadas à sociedade de forma a integrar a bicicleta com os outros meios transportes.
Orientações de segurança para que pedala
– Visibilidade, roupas claras, luzes noturnas, adesivos refletivos.
– Pedale pela direita e na mesma direção do trânsito (a maioria dos acidentes acontece quando o ciclista está na contramão)
– Não pedale muito na direita colado no meio-fio, senão os carros vão tentar passar na mesma faixa em que você está, mesmo que não haja espaço. Isso também ajuda a evitar o perigo de buracos e bueiros sem tampa
– Respeite os pedestres, pare nas faixas e nos sinais
– Evite as grandes avenidas
– Procure sinalizar com as mãos, alertando os motoristas sobre o que vai fazer, pedindo ou dando passagem e agradecendo
– Em esquinas onde muitos carros viram à direita, tome cuidado adicional
– Sempre se adiante ao que os carros podem fazer e permita que os carros antecipem o que você vai fazer. (Informações da ONG Rodas da Paz)