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DF registra aumento de acidentes em BRs após suspensão de radares

Número de casos nas rodovias federais cresceu 32% de agosto a outubro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2018

atualizado

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Andre Borges/Especial para o Metrópoles
Rodovia BR 020
1 de 1 Rodovia BR 020 - Foto: Andre Borges/Especial para o Metrópoles

Em 15 de agosto de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou a suspensão do uso de radares móveis de velocidade em rodovias federais. Coincidência ou não, desde então a média de acidentes nas BRs que cruzam o Distrito Federal aumentaram. Em comparação aos meses anteriores deste ano, houve crescimento de 42% nos registros de agosto a outubro. Antes, havia a média de 79 ocorrências por mês. Depois da suspensão, esse número passou para 112,33. Se comparado ao mesmo período do ano passado, a diferença é de 32%.

Os dados são do Datatran, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e foram analisados pelo (M)Dados, núcleo de tratamento de grande volume de informação do Metrópoles.

O número de vítimas também aumentou em 2019. Ao total, 1.088 pessoas sofreram com os acidentes de janeiro a outubro de 2019. No mesmo período do ano passado, essa quantidade foi 30% menor.

Houve uma morte a mais neste ano (42), mas o número de pessoas machucadas subiu ainda mais. Só de agosto a outubro, foram 13 mortes, 311 feridos leves e 55 graves.

As rodovias federais mais perigosas do Distrito Federal são a BR-020, a BR-070 e a BR-40, com 317, 213 e 137 acidentes neste ano, respectivamente.

Veja no mapa onde e quando aconteceu cada um:

Correlação

Segundo Paulo César Marques da Silva, professor de engenharia de tráfico da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em estudos em transportes, ainda não é possível fazer a correlação entre acidentes e suspensão dos radares apenas com esses dados. No entanto, para o docente, os números não podem ser ignorados.

“Infelizmente, a expectativa da área técnica, de todos os que pesquisam sobre segurança no trânsito, é de que esse aumento iria acontecer. Fizemos o alerta quanto a isso lá atrás”, pontua.

O especialista explica que a eliminação dos equipamentos de fiscalização não traz nenhum benefício à população. “O gestor quando diz que a fiscalização é excessiva, ele passa uma mensagem de que pode estimular o comportamento de irresponsabilidade maior dos condutores”, adverte.

Para o professor, uma medida melhor à suspensão dos radares seria a racionalização dos equipamentos a fim de que fossem distribuídos em áreas com maior incidência de casos. “É uma contradição, a fiscalização é um elemento essencial para garantir a segurança”, frisa Paulo César.

Retomada

Nos últimos dias, a Justiça determinou o restabelecimento de radares móveis em rodoviais federais. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que foi notificada quanto à decisão do juiz federal Marcelo Gentil Monteiro, da 1ª Vara da Justiça do Distrito Federal. O órgão afirmou que já “iniciou as tratativas” para acatar a ordem judicial.

“A PRF informa à sociedade que já iniciou as tratativas necessárias, alinhada com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, para efetivar o cumprimento judicial que determina a retomada do uso dos radares nos procedimentos de fiscalização do órgão”, diz trecho da nota.

Na primeira decisão, Monteiro derrubou a iniciativa do governo e deu prazo de 72 horas para a volta dos radares. Contudo, após pedido da União para um período maior de cumprimento da medida, o juiz estendeu a data até 23 de dezembro.

Por meio de nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) comunicou que cumpre acordo judicial feito com o Ministério Público Federal. “Prioriza a instalação de 1.140 radares eletrônicos, visando o controle de velocidade em faixas de tráfego com criticidade ‘média’, ‘alta’ e ‘muito alta’, os quais foram identificados em estudos realizados ainda em 2016.”

Segundo o departamento, há equipamentos cujos projetos estão em fase de aprovação, outros instalados à espera de verificação do Inmetro para começarem a operar, e mais uma quantidade deles instalada e em operação. “Em função da dinâmica do processo de instalação dos equipamentos, ainda não temos esse balanço fechado”, pontua o órgão.

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