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Celular ao volante é tão ou mais perigoso do que dirigir embriagado

No primeiro semestre, DF registrou 32.499 mil infrações por uso de celular na direção, quase o dobro das 13.102 mil por alcoolemia

atualizado

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Texting while driving using cell phone in car
1 de 1 Texting while driving using cell phone in car - Foto: iStock

Qualquer distração ao volante pode ser fatal. E o quadro fica ainda mais grave quando celular ou álcool entram na equação e transformam veículos em armas nas mãos dos motoristas. Entre os principais fatores de preocupação dos órgãos de trânsito, a dupla foi responsável por mais de 45,5 mil infrações lavradas pelo Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Polícia Militar de janeiro a junho deste ano.

No último levantamento realizado pelo Detran, referente ao primeiro semestre de 2017, as fiscalizações no Distrito Federal registraram 32.499 mil infrações por utilizar o aparelho telefônico na direção e 13.102 mil por alcoolemia. Ao todo, no ano passado, os números foram 59.821 e 15.119, respectivamente – este último, próximo ao total que virou estatística este mês na prancheta do Detran-DF.

Apesar de estudos apontarem que ler e digitar mensagens de texto ao volante aumenta consideravelmente o risco de acidentes, as infrações referentes ao uso do celular na direção continuam altas, em comparação com as multas por embriaguez.

Para o professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Cesar Marques, os motoristas têm mais receio de serem pegos depois de beber do que digitando. O diretor-geral do Detran-DF, Silvain Barbosa Fonseca Filho, no entanto, alerta: “Celular é tão ou mais perigoso do que dirigir embriagado”.

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Perigo constante
Estudos apontam que digitar mensagens de texto na direção aumenta em 23 vezes o risco de acidente. A ação é considerada mais perigosa do que manipular alimentos atrás do volante ou mexer no GPS. De acordo com pesquisas, o ato retarda a reação do motorista e o deixa vulnerável no trânsito.

A universitária Larissa Lira, 23 anos, não consegue passar minutos que sejam sem olhar o celular. “É inevitável. A gente trata de muitos assuntos nos grupos, desde questões familiares a trabalhos de faculdade. Não dá para ficar sem dar uma olhadinha, pelo menos”, admite. Já o servidor público Demétrius Augusto Moreira, 45 anos, afirma deixar o aparelho longe do seu alcance quando está dirigindo. “É uma tentação, mas já bati o carro quando me distraí lendo mensagens e procuro evitar agora”, conta.

O diretor do Detran-DF classifica o problema como “seríssimo”. Nas fiscalizações em horários de pico, segundo Fonseca, os agentes identificam à distância os sinais de motoristas digitando no celular: redução repentina da velocidade, fechadas em outros carros, invasão de faixa. “O celular reflete a correria, o estresse do cotidiano, das pessoas, a impaciência. Esses conflitos do dia a dia interferem diretamente no trânsito”, pondera.

Algumas vezes, os agentes pegam, em fiscalização, pessoas sem cinto, sob influência de álcool, digitando no celular e em alta velocidade. Tem gente que infelizmente consegue cometer quatro infrações ao mesmo tempo. É lamentável.

Silvain Fonseca, diretor-geral do Detran-DF

Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o condutor flagrado falando ao celular ou enviando mensagens comete infração gravíssima e é punido com a perda de sete pontos na Carteira de Habilitação Nacional (CNH), além de multa no valor de R$ 293,47. A penalidade mais dura, no entanto, é recente. Até outubro do ano passado, o ato era considerado infração média. A mudança legislativa passou a vigorar em novembro.

Apesar de considerar que o valor da multa, “certamente”, tem influência sobre os motoristas, o professor Paulo Cesar Marques avalia que inibir o cometimento da infração é melhor do que punir quando a transgressão é cometida. “É fácil constatar que há muito mais pessoas usando o celular indevidamente do que dirigindo depois de beber. O investimento em campanhas de esclarecimento é importante”, defende.

Álcool e direção
Os problemas relacionados a álcool e direção também são recorrentes. O número de condutores pegos sob influência de álcool aumentou, segundo o diretor do Detran-DF, devido à fiscalização ostensiva dos órgãos de trânsito. “Temos trabalhado com mais intensidade em duas frentes: campanhas educativas de conscientização e ações de fiscalização”, afirmou. Apesar dos esforços para reduzir as estatísticas, a realidade ainda é preocupante.

Não há um dia sequer, no Distrito Federal, que a fiscalização não pegue uma pessoa dirigindo bêbada. Alguns são até reincidentes. Felizmente, em 95% dos casos, os agentes conseguem parar o motorista antes de se envolver em algum acidente.

Silvain Fonseca, diretor-geral do Detran-DF

De acordo com o CTB, dirigir sob influência de álcool é infração gravíssima, com multa no valor de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir. A reincidência, no período de até 12 meses, acarreta multa em dobro (R$ 5.869,40) e abertura de processo de cassação da CNH.

Para Paulo Cesar Marques, é preciso uma “fiscalização mais objetiva”, que garanta a punição dos infratores. “Mais do que o alto valor da multa, é preciso que não haja a sensação de impunidade.”

Estatísticas
Segundo o Detran-DF, no primeiro semestre deste ano houve uma redução em 40% das mortes no trânsito da capital federal. No mesmo período do ano passado, foram contabilizadas 191 mortes; neste ano, 115. Fonseca afirma que os números são resultado de novas estratégias adotadas pelo departamento para reduzir os acidentes.

Segundo o diretor-geral, o Detran da capital está realizando ações planejadas para interceptar condutores alcoolizados, antes que provoquem algum acidente. Conforme dados do Detran-DF, a iniciativa gerou um aumento de 65,5% no número de autuações por alcoolemia em 2017.

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