Carros tunados são objetos de ostentação
Racheiros gastam o que podem e o que não podem para desafiar a lei. Um único acessório chega a custar R$ 10 mil
atualizado
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Eles chegam de vários pontos do DF para assistir ou participar das competições clandestinas. Os universitários costumam dirigir carros mais sofisticados e, geralmente, moram no Plano Piloto, Guará e em Águas Claras. Outros corredores vêm de Santa Maria, Gama, Recanto das Emas, Ceilândia e Taguatinga. Eles têm entre 20 e 30 anos e, embora com origens diferentes, compartilham a mesma paixão: mexer nos motores e tunar suas máquinas até que virem objeto de ostentação de velocidade.
Faz parte desse pacote a suspensão pneumática (os carros podem ter a altura alterada), o motor turbinado, as luzes de neon, as rodas coloridas e a pintura estilizada. Quem quer aprender a “turbinar” o carro consegue avançar em dia de racha, onde são feitas negociações dos “kits turbo”. Os acessórios são vendidos entre R$ 2 mil e R$ 10 mil.
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Nem só os mecânicos faturam com a farra dos racheiros. Incentivados pelo movimento anormal de quinta-feira, outros comerciantes ultrapassam os horários pré-fixados no Shopping Popular. “A gente estica até umas 23h30, fica lotado”, diz o vendedor de uma lanchonete. Em dia de pega, ele fatura alto com o sanduíche de pão, hambúrger, ovo, salsicha, alface e tomate. A cerveja long neck sai a R$ 5. Se bem que os organizadores preferem trazer o isoporzinho de casa para gelar a cerveja que vai esquentar os pegas. Um absurdo do tamanho do Eixo Monumental.
Delito monumental
O estacionamento da Catedral Rainha da Paz funciona como uma espécie de ponto de apoio dos racheiros. Com a certeza de que não serão abordados, os condutores inconsequentes avançam pelo Eixo Monumental.
O grupo que fica na Rainha da Paz costuma aguardar a chegada dos outros concorrentes. Os pegas ocorrem em meio a motoristas comuns e desavisados, iminente perigo em uma das pistas mais movimentadas do DF. Em um dos rachas flagrados pelo Metrópoles no dia 27 de agosto (assista ao vídeo), um Honda Civic e uma Parati GTI disputaram quem chegaria mais rápido até o primeiro radar da pista, no sentido rodoviária, um percurso de 2,7 quilômetros.
É possível ver, também, os infratores ocuparem as seis faixas da pista que dá acesso aos Três Poderes da República. Participam do pega um Uno Turbo, um VW Jetta, uma Toyota Fielder, um Honda Civic e um Camaro vermelho. O passageiro de um sexto carro, não identificado, filma o crime.
Imagens: Daniel Ferreira, Gabriel Pereira e Michael Melo
Arte: Cícero Lopes