Aumenta número de multas a motoristas que transitam nas faixas exclusivas destinadas aos ônibus no DF
Somente em janeiro, 18.297 brasilienses foram autuados pela infração. Quantidade de registros é 42% maior que a média mensal do ano passado. São 590 multas por dia
atualizado
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Os motoristas brasilienses não estão respeitando, como deviam, as faixas exclusivas destinada aos ônibus. Nem a mudança na legislação de trânsito que tornou a infração gravíssima e, portanto, mais cara, fez com que os condutores levassem a regra a sério. Apenas em janeiro deste ano, foram emitidas 18.297 multas, 590 por dia. O número já é 42% maior que a média de autuações distribuídas mensalmente em 2015, quando foram registradas 12.826 a cada 30 dias. Para educar os apressadinhos, os órgãos de trânsito estudam aumentar o número de pardais nas vias do DF.
Responsável pelas faixas da W3 Sul, W3 Norte e Setor Policial Sul, que somam 20 quilômetros, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) anotou 43,84% das infrações deste ano, com um total de 8.020 ocorrências.As vias mais movimentadas e com maior registro de autuações – Estrada Parque Taguatinga (EPTG), Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) e Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) – ficam a cargo do Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF). O órgão multou 10.277 (56,16%) motoristas em 2016 em 37 quilômetros de faixas exclusivas.
De acordo com a Lei 13.154, que alterou o artigo 184 do Código de Trânsito Brasileiro em 2015, o motorista que trafegar em qualquer uma das faixas exclusivas para veículos de transporte público coletivo no DF estará cometendo infração gravíssima e terá o carro apreendido. A multa é de R$ 191,54 e rende sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O diretor-geral do DER-DF, Henrique Luduvice, disse ao Metrópoles que pretende intensificar a fiscalização nas faixas exclusivas, inclusive com a inserção de mais câmeras nas vias do DF. “Alguns motoristas ainda insistem em desrespeitar a legislação de trânsito, colocando em risco a sua própria vida e dos demais. A infração demonstra um comportamento que privilegia o individual em detrimento do coletivo”, lamenta Luduvice.
Os condutores ameaçam a segurança dos ônibus, inclusive articulados, que carregam até 160 pessoas, o que consideramos inaceitável. As pessoas devem planejar o seu trajeto e buscar horários que se adequem às suas necessidades de deslocamento. Inegavelmente, o GDF também precisa investir em transporte coletivo rodoviário sobre trilho e atender à crescente demanda de mobilidade.
Henrique Luduvice, diretor-geral do DER-DF
Sensação de impunidade
Para o professor de engenharia de trânsito da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, o desrespeito ocorre por conta da sensação de impunidade da população. “As pessoas sabem que as faixas existem, mas tentam tirar proveito achando que não vai acontecer nada”, explica o especialista. “Uma solução seria tornar a fiscalização mais efetiva, principalmente no que diz respeito à penalidade”, completa.
Marques acredita que o sistema tem cumprido o objetivo inicial de reduzir o tempo das viagens de ônibus no DF. “Pegou muito bem. A diferença é que as pessoas olham com os olhos de motorista, em seus carros, e acham que não mudou nada em suas vidas. O objetivo é melhorar o tempo dos coletivos, o que tem sido feito. O que pode melhorar agora é o respeito com relação ao espaço do ônibus”, defende o professor.
Segundo dados da Secretaria de Mobilidade, as faixas exclusivas reduziram em até 40 minutos o tempo gasto pelos usuários do transporte público no DF.