“Deus levou meu coração”, diz mãe de rapaz que morreu na DF-003
Motorista de um dos caminhões envolvidos no acidente, Valme Gonçalves, 58 anos, faleceu, assim como o passageiro Ataniel Matias Jurema, 20
atualizado
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Dois homens morreram no Km 3 da DF-003 (Epia), próximo à Granja do Torto, na manhã desta terça-feira (3/4). O acidente envolveu uma betoneira, carregada de cimento, um caminhão, que transportava móveis planejados, e uma picape.
Militares do Corpo de Bombeiros foram acionados e atuaram com o auxílio do helicóptero da corporação. Após a colisão, os dois caminhões capotaram na vala que fica à direita da pista.O motorista da betoneira, placa JHN 8604-DF, Valme Gonçalves, 58 anos, morreu na hora. O passageiro Ataniel Matias Jurema, 20, pouco depois. O condutor do outro caminhão, VW 690, placa JEK 5491-GO, que carregava móveis, foi levado ao Instituto Hospital de Base do Distrito Federal (IHBDF). Elmiro da Rocha Silva, 50, estava consciente no momento do socorro.
O condutor da picape, o administrador de empresas Hiyury Barros Nakahara, 37, não precisou de atendimento. Devido ao acidente, o trânsito na descida do Colorado, sentido Plano Piloto, ficou engarrafado.
Mãe de Ataniel, morto no acidente, a cozinheira Juvenilde Matias Jurema, 46, era o retrato da dor no cenário da tragédia. Segundo contou, logo no começo da manhã, desceu para a parada de ônibus junto com o filho. De lá, ele seguiu o seu destino. Foi a última vez em que ela o viu com vida.
“Deus levou meu coração inteiro. Não queria perder ele por nada nesse mundo”, disse, aos prantos, Juvenilde, que mora na Fercal. De acordo com ela, o rapaz estava à procura de emprego, mas, enquanto não conseguia, fazia bicos como ajudante de motorista de caminhão. “Achava muito perigoso, justamente por causa dos acidentes. Estava trabalhando para construir a casa dele. Agora, fiquei sem meu filho”, lamentou.
A família de Valme também foi ao local do acidente. Filho da vítima, o técnico hospitalar Hairton Souza Gonçalves, 32, disse que o pai, em virtude do desemprego, fazia diárias como motorista de caminhão. “No que eu precisava dele, estava sempre pronto a ajudar. Só vou chorar depois. Estou tentando assimilar o ocorrido”, ressaltou.
Hiyury Barros Nakahara revela sentir um misto de alívio e tristeza. “Nasci de novo, mas sinto pela família das vítimas”, destacou. Ele contou que conduzia na faixa do meio, no sentido Plano Piloto, na velocidade da via, quando o motorista da betoneira tentou desviar de um ônibus e bateu nos outros dois veículos, caindo na vala.
A betoneira carregada de cimento é de propriedade da empresa de concretagem Original. Saiu de Sobradinho com destino a Ceilândia. O advogado da companhia esteve no local e disse que o caminhão estava com a manutenção em dia. Ele não soube informar se as vítimas tinham registro em carteira.