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Tragédia que matou nove pessoas no Lago Paranoá completa cinco anos

Naufrágio do barco Imagination ocorreu no dia 22 de maio de 2011, em um domingo. Cinco anos depois, famílias lidam com a saudade. A Justiça acompanha os processo contra os envolvidos no caso

atualizado

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Marcello Casal Jr/ABr
Imagination
1 de 1 Imagination - Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Neste 22 de maio de 2016, quando o relógio marcar 20h30, um grupo de amigos do Distrito Federal reviverão a maior tragédia registrada no Lago Paranoá. Há exatos cinco anos, também em um domingo, o barco Imagination afundava próximo à Ponte JK. Nove pessoas não sobreviveram ao naufrágio.

Superlotada, a embarcação carregava 30 pessoas além da capacidade permitida, apresentava problemas estruturais e não tinha colete salva-vidas para todos os passageiros.

Passados 60 meses, familiares das vítimas se apegam à fé para lidar com a dor da saudade. Em 2015, responsáveis pela embarcação foram condenados a indenizar parentes de uma das vítimas. Mas, na Justiça, ainda correm outros os processos contra os donos do barco.

A festa no Imagination era um encontro de amigos e famílias, organizada semanas antes com a proposta de uma confraternização. O barco alugado deixou o Cota Mil por volta das 19h30, os ocupantes se dividiam entre os dois andares para curtirem a vista e a música.

Uma hora depois da partida, o desespero. O Imagination começou a afundar. Os passageiros se apoiavam e se seguravam em barras de ferros da estrutura na tentativa de sobreviver. Mas eventualmente o barco foi inclinando e o grupo começou a cair na água. Foram apenas três minutos até a embarcação ficar completamente submersa.

Sem coletes, as vítimas se apoiaram a objetos que invadiam o lago. Quem conseguiu nadou até encontrar um ponto seguro. Mas apesar de lanchas participarem do resgate, nove vítimas, entre elas um bebê de sete meses, não foram salvas a tempo. As buscas duraram três dias até localizar todos os corpos.

Depois de três meses de investigação, a Polícia Civil concluiu que a causa principal do acidente foi a entrada de água nos flutuantes, causada pela conservação e manutenção inadequadas, além da superlotação. Com capacidade para 92 pessoas, a embarcação carregava 122 no momento da fatalidade. Os investigadores indiciaram o dono do barco, Marlon José de Almeida, e o piloto Airton Carvalho da Silva Maciel por homicídio culposo (quando não há intenção em matar).

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Bombeiros tentando içar o barco do fundo do Lago Paranoá

Condenação
Em dezembro do ano passado, o juiz da 2ª Vara Cível de Brasília condenou os donos do barco a pagar R$ 500 mil, em razão dos danos morais causados pela morte de Hanilton José de Oliveira. A ação aberta pela família de Oliveira diz que a tragédia teria sido resultado da negligência dos proprietários.

Os réus alegam não serem os responsáveis pelo acidente, pois, no dia do naufrágio, tinham alugado o barco. Argumentaram também que as certificações exigidas pela Marinha estavam em dia e além disso todas as alterações estéticas realizadas no barco teriam autorizadas.

Saudade
Ester Araújo de Oliveira tinha 10 anos. Amava animais. Anotava em uma caderneta as notas sobre o comportamento de Fofão, o seu cachorro de estimação. Sonhava em ser veterinária. Ansiosa, animada e encantada com passeios, completaria 15 anos em janeiro deste ano. Estava com os pais na parte superior do barco quando perceberam que o Imagination afundava.

Os três se agarraram nas barras de ferro da estrutura. Mas quando a embarcação inclinou, a família não conseguiu permanecer em pé. Todos caíram na água. Eles então se separaram. Os pais foram resgatados com vida. A menina ficou desaparecida, mas o corpo dela foi localizado um dia depois do naufrágio.

Ao longo desses cinco anos, a mãe de Ester, Rocilda Machado Araújo de Oliveira, 47 anos, se apega na fé para superar a dor e as lembranças daquele 22 de maio.

“Ela sonhou em andar no barco, só falava nisso. Saímos de casa felizes para um passeio e voltamos sem a nossa filha. Hoje, resta a saudade. Fico imaginando como ela estaria com 15 anos

Rocilda

Ao contrário de várias famílias, Rocilda não quis entrar na Justiça contra os donos do Imagination. “Foi muito difícil lidar com a raiva. Doeu demais. Os responsáveis não se preocuparam com a segurança dos passageiros. Mas dinheiro nenhum compensa o desgaste emocional de reviver tudo em um tribunal”, desabafa a mãe de Ester.

Fiscalização
A tragédia ocorreu exatamente um ano depois de duas irmãs também morrerem no Lago Paranoá depois de a lancha em que elas estavam afundar entre a QL 15 e a Ponte JK. Liliane e Juliana Queiroz, então com 18 e 21 anos, estavam com um grupo de amigos.

Wilson Dias/ABrDez pessoas estavam na embarcação, apesar de ter capacidade apenas para seis. Os outros ocupantes conseguiram se salvar. À época, um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF concluiu que a lancha também estava superlotada.

A fiscalização no Lago Paranoá é realizada pela Capitania Fluvial de Brasília. Três militares fazem abordagens nos barcos que circulam pelo espelho d´água. Por ano, cerca de 1,5 mil são fiscalizadas. Entre as principais infrações encontradas, segundo a capitania, está a ausência de documento. Atualmente, há cerca de 5 mil embarcações registradas no Distrito Federal.

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