Tráfico: lista de clientes de auditor tem servidores do TCU e Senado
PCDF quer identificar traficantes que vendiam maconha gourmet fornecida pelo suspeito a funcionários de órgãos públicos e localizar usuários
atualizado
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Investigadores da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil do DF encontraram extensa lista contábil – com nomes, telefones e valores – relacionada ao tráfico de drogas que seria feito pelo auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Ribeiro, 32 anos, em parceira com um servidor do Senado Federal. Segundo a PCDF, a dupla faturava alto com a venda de uma espécie da maconha gourmet, geneticamente modificada e com alto poder alucinógeno. Ainda de acordo com a corporação, boa parte da clientela é formada por servidores dos dois órgãos federais.
Cada grama da erva chegava a custar R$ 200. O quilo da droga saía por R$ 20 mil. A operação foi deflagrada em conjunto com a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Divisão de Operações Especiais (DOE) e Aéreas (DOA).
Os policiais apontam que os contatos com os clientes eram feitos por meio de redes sociais, pelas quais os dois servidores ofereciam a droga. O volume de venda era grande, principalmente porque esse tipo de maconha contém alto teor alucinógeno e não exala cheio quando consumida.
A PCDF irá intensificar as apurações para identificar possíveis traficantes que fomentavam a venda dentro e nas imediações dos órgãos federais, bem como localizar usuários. O auditor da Corte de Contas foi preso em casa, no Altiplano Leste. O funcionário do Senado ainda está sendo procurado.
Integrantes da Cord encontraram 3 kg de maconha já pronta para a venda, além de outros 30 pés da erva que estavam em pleno cultivo em um terraço da casa do auditor, no Altiplano Leste, que fica entre o Lago Sul e Paranoá. Em um dos cômodos da residência, Lucas Ribeiro mantinha um laboratório artesanal usado para potencializar os efeitos da maconha.
Antes de ser consumida, a droga passava por vários processos para ter seus efeitos potencializados. O servidor público está em período probatório, tendo sido nomeado em 2017, e recebe remuneração líquida de R$ 14 mil. Procurados pela reportagem, o TCU e o Senado não haviam se manifestado até a última atualização desta matéria. A defesa do auditor também não foi localizada.
Maconha gourmet
De olho no alto poder aquisitivo de usuários do Plano Piloto, Lago Sul e Lago Norte, traficantes do Distrito Federal passaram a apostar no tráfico de ervas geneticamente modificadas. Com diferentes aromas e sabores, as maconhas gourmet podem ter gotas de limão, framboesa, cereja e chocolate. As apurações policiais apontam que apenas um grupo seleto de usuários consegue ter acesso a esse tipo de droga, devido ao elevado valor do produto. Uma pequena porção chega a custar R$ 1,4 mil.
Ao contrário do entorpecente vendido nas ruas e em bocas-de-fumo, as substâncias especializadas são negociadas em rodas de amigos. Em quase 100% dos casos, quem vende e compra se conhecem. Portanto, consideram a transação segura. Os grupos de WhatsApp tornaram-se um dos principais meios para os traficantes repassarem a oferta da maconha gourmet.
Cardápios com uma infinidade de ervas modificadas muitas vezes são expostos pelos criminosos. Apontada como a mais potente do mundo, a Super Lemon Haze, criada em laboratório, tem concentração de THC (tetraidrocanabinol) superior a 20% e sabor cítrico.