Tráfego de helicópteros na sede do Pros no Lago Sul irrita vizinhança
Moradores reclamam do uso frequente de aeronaves. Anac abre procedimento para investigar. Partido diz que está dentro das regras
atualizado
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Moradores da QL 26, no Lago Sul, estão irritados com o tráfego de helicópteros na sede do Partido Republicano da Ordem Social (Pros). Segundo a vizinhança, pousos e decolagens de aeronaves são frequentes no local, um terreno de 5 mil metros quadrados ao lado da Ponte JK. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que vai abrir procedimento para apurar se as operações aéreas contrariam a legislação.
Um vídeo enviado ao Metrópoles expõe a preocupação de um vizinho quanto à utilização do local. “Na minha opinião, isso aqui não é campo de pouso, não é habilitado e não me parece ser uma emergência. O helicóptero passou voando baixo. É necessário que as autoridades tomem alguma providência. Dá pra ouvir o som do motor”, denuncia.
A gravação (veja abaixo) foi feita nessa terça-feira (5/2) e registra o momento exato do pouso, ocorrido às 7h41. Segundo o autor do vídeo, não é a primeira vez que a aeronave utiliza o terreno.
De acordo com a Anac, as regras permitem operações em locais não autorizados ou sem homologação apenas de forma ocasional. De posse da filmagem, a Anac informou que irá direcionar o material à área de operações da agência “para que sejam tomadas medidas cabíveis, caso constatado descumprimento às normas de aviação civil.”
Presidente da associação de moradores da quadra, Priscila Castelo Branco diz receber, constantemente, relatos e reclamações de moradores que temem um possível acidente aéreo provocado pelos voos recorrentes no local.
“A impressão que se tem é que o helicóptero pode cair. A casa é a mais próxima da Ponte JK e a aeronave voa muito baixo. É um medo evidente”, relata.
Outro morador da quadra, Marcos Pinheiro, 57 anos, também não está satisfeito com o Pros. “Eu brigo com esse problema desde que eles chegaram aqui, em 2014. Já procurei a administração, onde oficializei minha queixa. Há anos estou brigando com eles”, reclama, indignado.
O outro lado
Em nota, o partido afirma que a área utilizada “pelo helicóptero do Pros e de outros proprietários de aeronaves possui autorização do dono do imóvel”, que, segundo o texto, “também é possuidor de um helicóptero e utiliza a área para pousos e decolagens”.
A legenda alega que os procedimentos aéreos são realizados em terreno fechado de aproximadamente 5 mil metros quadrados, “bem acima dos 400 metros quadrados exigidos para homologação de um heliponto”. Destaca ainda que o local é “fechado com muros e portões, onde apenas a entrada de pessoas autorizadas é permitida”.
Polêmicas
Essa não é a única polêmica envolvendo o Pros e helicópteros. Em 2015, o partido usou R$ 2,4 milhões do Fundo Partidário, dinheiro público, para adquirir um Robinson R66 Turbine, prefixo PP-CHF. A aeronave foi comprada à vista. A legenda é comandada por Eurípedes Macedo Júnior.
Na época em que a aquisição veio à tona, deputados do próprio partido criticaram o comando da sigla. “Isso é um absurdo. Como pode usar dinheiro público para comprar helicóptero só para vir de Planaltina de Goiás [cidade do Entorno do DF onde mora Macedo Júnior] para Brasília?”, queixou-se o então líder da bancada do Pros na Câmara, Domingos Neto (CE), atualmente no PSD.
Além do helicóptero, o Pros possuía um avião adquirido em 2014 para auxiliar no deslocamento dos integrantes do partido. A compra do bimotor, inclusive, virou alvo da Operação Partialis, deflagrada no ano passado pela Polícia Federal e Receita Federal, envolvendo Macedo Júnior.
A investigação apontou suposto esquema de desvios de mais de R$ 2 milhões em contratos da prefeitura de Marabá (PA) para compra de gases medicinais. Parte dos valores teria sido destinada à aquisição de uma aeronave por João Salame Neto, ex-prefeito da cidade. Segundo a PF, a compra teria sido ocultada por meio da venda do avião ao Pros, partido dirigido por Eurípedes.
À época, o Pros afirmou não haver qualquer envolvimento do partido ou do presidente da legenda em atos ilícitos.
Colaborou Mirelle Pinheiro