Trabalho de dois anos com cães policiais é elogiado na PCDF
Investigadores e delegados destacam a atuação dos animais. Conheça casos em que a ação deles foi essencial para encontrar drogas
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) é a força de segurança da capital que utiliza cães há menos tempo. São pouco mais de dois anos, mas com resultados práticos e elogios dos investigadores. E olha que dos 12 cachorros do grupo, das raças pastor belga de malinois e pastor alemão, apenas cinco estão em atividade. Os demais ainda são filhotes e estão sendo treinados.
Um caso mostra o trabalho minucioso dos animais. A Divisão de Operações Especiais (DOE) da Polícia Civil dava apoio ao cumprimento de mandados de busca e apreensão no Paranoá, no início de 2019. Dentro de casa, para escapar do flagrante, o suspeito jogou um tablete de maconha no vaso sanitário e deu descarga.
A droga, porém, ficou presa na tubulação. O suficiente para tirar o entorpecente da visão dos investigadores. Entrou em ação, então, o pastor belga de malinois Rocky, hoje com 11 anos. Ele sentiu o cheiro da maconha e “avisou” os policiais: deu voltas e até enfiou a cabeça no vaso.
“Parecia que ele queria beber água, mas achei estranho porque ele não costuma fazer isso”, conta Sanlac Machado, que acompanhava o cão na operação. O policial orientou o agente da delegacia circunscricional a quebrar o vaso sanitário.
Com suas 300 milhões de células olfativas, Rocky acertou em cheio. O agente tirou o vaso do lugar e lá estavam as 200 gramas de maconha.
“Costumamos dizer que o cão vê o mundo pelo faro. Nossa visão [dos humanos] é superior, mas temos apenas cinco milhões de células do olfato”, afirma Sanlac, chefe da Seção de Cinofilia da DOE.
Treinamento
Rocky foi o primeiro. Ele veio de uma doação da Polícia Federal quando tinha 7 anos. Trabalhou até os 10, mas não se aposentou. Hoje ainda é usado em cursos e treinamentos. Atualmente, apenas quatro agentes trabalham com os cachorros. Seis policiais civis, porém, concluíram o curso de condutores de cães farejadores em outubro e aguardam transferência para a DOE.
Geralmente, os cães policiais geralmente nascem do cruzamento dos machos da Civil com fêmeas da Federal. Por isso, no plantel da DOE há membros de uma mesma família, como os pastores alemães X (o avô), Corvo (o filho) e Duque (o neto). Rocky, o precursor do canil, tem um filho que também é policial, Charlie, de 2 anos e meio.
Os pequenos, um dia, darão apoio às delegacias circunscricionais e especializadas. Por isso, são escolhidos ainda na ninhada. Costumam ser os mais ativos, corajosos e perseverantes. “A gente joga um cobertor e fica observando aqueles que mais persistem em mordê-lo, aqueles que nunca desistem”, explica Machado.
Os escolhidos começam o treinamento ainda com 35 dias de vida. Até os 4 meses, os filhotes são socializados e brincam muito. A fase é fundamental: eles aprendem a buscar a bolinha que, mais tarde, será colocada em caixas com drogas. Assim, aprendem a reconhecer o odor de cada substância. Até armas e munições, que, para humanos têm um cheiro quase imperceptível, são farejadas pelos cães.
Confira imagens do treinamento dos cães:
Prontos
Após um ano e meio, o animal está pronto. Ele ganha a bolinha quando localiza a droga ou a arma, o que se torna uma grande brincadeira. “O importante é ele gostar de encontrar a bolinha. Porque ele busca a bolinha, e não a droga. E sabe que, quando ganha a bolinha, o trabalho está finalizado”, explica Sanlac Machado.
Edson Medina, diretor da DOE, reconhece a eficiência dos cães na rotina policial. “Nosso time tático entra na casa primeiro, os policiais detêm os suspeitos, se asseguram de que não há mais perigo e os cães farejadores fazem as buscas no local”, explica.
Depois que os cães localizam a substância procurada, a responsabilidade de recolher o material é dos policiais da investigação. Por isso, a DOE não consegue fazer um balanço de drogas ou munição apreendidas com a ajuda dos cães.
Na prática, segundo Medina, os cachorros facilitaram muito o cumprimento dos mandados de busca e apreensão. “O canil deu certo, os cães são ferramentas fundamentais para a investigação. Ele [o cão] só não acha a droga se não tiver”, completa.
Um caso citado pelo delegado ocorreu em abril de 2019, no Paranoá. Os investigadores tinham certeza que um traficante morava ali em certa casa. Entretanto, ao fazerem busca no local, acharam pouca quantidade de drogas. Foi quando Corvo chegou ao local e farejou meio quilo de cocaína escondida no meio de cadeiras e mesas empilhadas no quintal.
Também no primeiro semestre de 2019, o filho de Corvo, Duque, na primeira operação, encontrou três tabletes de maconha escondidos no quarto de um bebê no Recanto das Emas. Um deles estava dentro de um pufe. “Quem ia rasgar o pufe de um bebê sem saber que tinha droga dentro dele? ”, pergunta o chefe da Seção de Cinofilia da DOE. (Com informações da Agência Brasília)