Mãe de universitária achada morta: “Tiraram a vida da minha filha”
O corpo de Natália Costa, 19 anos, foi enterrado nesta quarta-feira (3/4) aos gritos de “justiça”
atualizado
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Parentes e amigos se despediram de Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, nesta quarta-feira (3/4), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Muito abalada, a mãe, Edivânia Ribeiro (foto em destaque), 47, ficou aos prantos durante o cortejo do corpo. “Minha menina. Tá doendo.”
A revolta também estava nas palavras de Edivânia. “Ele [rapaz investigado] vai pagar. Todos que tiverem culpa vão pagar. Vocês tiraram a vida da minha filha”, disse. “Por que não deixou minha filha viver? Minha boneca se foi. Minha menina que criei com tanto amor, tanto carinho para nada”, destacou. Natália foi enterrada aos gritos de “justiça”.
O velório da universitária ocorreu na capela 7. Edivânia chegou ao local por volta das 12h30. Estava amparada pelo tio da jovem, Célio Ribeiro, 51. Segundo ele, Natália estava com o rosto machucado. “Quando vi o corpo no IML [Instituto Médico Legal], já percebi as marcas. Como se tivesse levado um soco”, disse. A universitária foi achada morta no Lago Paranoá na segunda-feira (1º/4), menos de 24 horas depois de ela desaparecer de um churrasco no Clube Almirante Alexandrino, no Setor de Clubes Norte.
Um jovem universitário de 19 anos, morador da Asa Norte, foi a última pessoa a ser vista com Natália, segundo testemunhas. A família acredita, no mínimo, em omissão. Isso porque, após o sumiço, ninguém chamou os bombeiros ou a polícia.
O primo de Natália Washington Ribeiro, 40, reforça que a busca por justiça não irá terminar. “Não podemos dizer se ele [o rapaz] é culpado ou não sem saber. Mas queremos respostas. As pessoas podem esquecer. A gente, não”, destacou, durante o velório.
Washington se lembra de ter encontrado a prima dois dias antes de o corpo ser encontrado. “Ela estava alegre e fazendo planos. Aí aconteceu isso”, lamenta. Segundo pessoas próximas, Natália era uma menina muito alegre, divertida e adorava viajar e estudar.
As irmãs Ruth e Márcia Evangelista Guedes, de 18 e 20 anos, respectivamente, conheceram bem a universitária. “Sempre vaidosa e muito alegre. Se amava, muito bonita, gerava muita inveja nas pessoas. Participava do culto de jovens da Congregação Cristã e recitava durante os cultos”, lembra Márcia.
“Cheia de sonhos e planos. Era inteligente e esforçada. Cursava letras e chegou a escrever dois livros”, recordou Ruth. As irmãs lembram da característica mais marcante da jovem: “o sorriso cativante”. “Tratava todo mundo bem, sempre de bem com a vida. Ficamos muito abalados com a notícia da morte dela. Ainda está tudo muito estranho”, completou.
Adrian Wilson considerava Natália sua melhor amiga. “Quando soube não acreditei. Chorei bastante. Mas as lembranças que guardo dela são de uma menina que viveu a vida que queria, sem se importar com o julgamento dos outros. Espero que quem fez isso com ela pague”, finalizou.
Edivânia permanece a maior parte do tempo na capela, cabisbaixa e muito abalada. Nesta quarta, o rapaz investigado voltou à 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de arcada dentária. Ele afirmou, em depoimento, que Natália deu uma mordida em seu braço esquerdo pouco antes de entrar no lago e desaparecer.
Investigadores da 5ª DP analisam outras imagens de câmeras de segurança que podem ajudar a esclarecer a morte da universitária Natália Ribeiro dos Santos Costa. Os policiais tiveram acesso a mais um vídeo. Segundo o Metrópoles apurou, ele indica que o rapaz que estava com a vítima também teria se afogado, mas conseguiu sair do espelho d’água.
Em um determinado momento, é possível ver que os dois ficam submersos. Logo depois, o jovem, também de 19 anos, morador da Asa Norte, volta para a margem, observa e vai embora. As gravações foram feitas entre as 18h e 18h30 de domingo. Todas mostram os dois dentro do lago. Ele disse não ter entrado no espelho d’água, mas foi desmentido pelas imagens. Os investigadores têm convicção de que ambos estavam completamente embriagados.
A Polícia Civil trata o caso com cautela e não afirma oficialmente se já é possível apontar algum crime. O Metrópoles, no entanto, apurou que a possibilidade de ter ocorrido um feminicídio é praticamente descartada pelos investigadores. Eles esperam concluir o caso após receber o laudo preliminar cadavérico, que vai apontar as causas da morte e se houve algum tipo de agressão ou violação à vítima.