“Tínhamos esperança”, diz marido de mulher morta com a filha no DF
Antônio Wagner Batista da Silva, 41, diz que a mulher e a filha tinham costume de se banhar no Córrego da Coruja, onde foram mortas
atualizado
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Após a remoção dos corpos de mãe e filha, encontradas na noite dessa segunda-feira (20/12) nas proximidades do Córrego da Coruja, no Sol Nascente, o marido de Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, e pai de Tauane Rebeca da Silva, 14, disse que a notícia da morte das duas “foi um baque” para a família. “Tínhamos a esperança de encontrá-las com vida. Infelizmente, o pior aconteceu. Não sabíamos que o local era tão perigoso”, disse Antônio Wagner Batista da Silva, 41.
Corpos de mãe e filha estavam escondidos há, no mínimo, uma semana
O pintor revelou ao Metrópoles que, desde que a família mudou-se para a região, há poucos meses, os filhos e a esposa tinham o costume de tomar banho no córrego. Foi com esse propósito que Shirlene e Tauane saíram de casa, em 9 de dezembro, e nunca mais voltaram. O desaparecimento das duas foi comunicado às autoridades, e o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) chegou a fazer uma operação de buscas, a qual durou sete dias. A ação, que contou com cães farejadores e drones, foi finalizada na última quinta-feira (16/12).
No sábado, porém, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) obteve novas informações: um homem disse aos investigadores que viu as mulheres descerem para o córrego. Diante do relato, a corporação e o CBMDF efetuaram mais uma operação nessa segunda-feira e encontraram os corpos de Shirlene e Tauane. Os cadáveres estavam parcialmente enterrados e cobertos por folhas.
“Os policiais informaram, ontem [segunda] mesmo, que iriam descer às margens do córrego. Quando anoiteceu, recebemos a notícia de que encontraram dois corpos”, relembra o pintor.
A família vivia na região próxima ao córrego há cerca de sete meses. Antônio e Shirlene estavam casados há 24 anos. Além de Tauane, eles têm dois filhos juntos, um com 12 e outro com 21 anos. Muito emocionado, o viúvo comentou que sentimento agora é unânime: tristeza.
Os familiares acreditam que mãe e filha foram vítimas de um crime. “Sabemos que nada trará elas duas de volta, mas queremos que este crime seja solucionado. Que encontrem os responsáveis. A gente vê muita criança e adolescente descendo para o córrego. Não queremos que o que aconteceu com a minha esposa e minha filha aconteça com outras famílias”, protesta.
Agora, Antônio disse que busca forças para ir ao Instituto de Medicina Legal (IML) reconhecer os corpos. “Eu ainda não tive forças. Os policiais também aconselharam que não acompanhássemos a remoção hoje. A previsão é que a gente vá fazer o reconhecimento amanhã ou na quinta-feira. Depois, vamos marcar velório e sepultamento para homenageá-las como elas merecem”, disse, emocionado.
Latrocínio
Os agentes trabalham com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). A principal evidência consiste no sumiço de uma mochila com os pertences que as duas levaram para o córrego.
Até então, a investigação estava sob atribuição da 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Nesta manhã, o delegado adjunto da unidade, Vander Braga, informou que o caso foi encaminhado para a 19ª DP (P Norte), que vai comandar as apurações.
O delegado-chefe da 19ª DP, Gustavo Augusto da Silva Araújo, explica que a mudança de delegacia nas apurações ocorreu porque o caso havia sido registrado como desaparecimento na região onde as vítimas foram vistas pela última vez, e, agora, foram localizadas na circunscrição da 19ª.
“Aparentemente são vítimas de crime contra a vida. As informações que tivemos é que os corpos estão cobertos por capim e plantas. Na noite de ontem [segunda-feira], não foi possível chegar ao local devido a uma forte tempestade no local em período noturno. Voltamos hoje [terça] para fazer a remoção dos cadáveres”, informou.
“Esperamos conseguir fazer a perícia para continuarmos as investigações e os procedimentos para tentarmos uma linha de investigação, identificar a autoria delitiva e consequentemente a prisão de um ou mais indivíduos.”
Os cadáveres estavam em avançado estado de decomposição, segundo os investigadores.
Área perigosa
Moradores da localidade relatam que a região é frequentada diariamente por diversas pessoas. “Há pessoas de bem e bandidos que estão aqui para roubar, fazer o mal. É comum ouvir tiros na área. É um local perigoso”, relatou um homem que preferiu não se identificar. Ainda de acordo com o morador, foi ele quem viu Shirlene e Tauane adentrando a mata no último dia em que foram vistas com vida.
“A vagabundagem fica por aqui direto. É um local perigoso”, explica o delegado chefe da 19ª Delegacia de Polícia (Ceilândia), Gustavo Augusto da Silva Araújo.
“O pastor da igreja que as vítimas frequentavam reconheceu mãe e filha pela roupa da mãe da adolescente”, disse o investigador. “Elas estavam debaixo da terra. Provavelmente, a chuva fez os corpos subirem um pouco”, detalhou Gustavo.
Ainda segundo o chefe da 19ª DP, o pastor conhece a região e relatou que a área é frequentada por indivíduos de má índole. Segundo testemunhas, o local é conhecido como “Córrego da Morte”. “O pastor disse que aconselhava as vítimas a não descer para tomar banho, por ser uma região ruim. Vamos continuar recolhendo elementos para instaurar inquérito policial e dar sequência às investigações. Vamos aguardar o resultado da perícia para chegar aos possíveis responsáveis”, acrescentou.