Testemunhas detalham morte de mulher no Cras: “Desmaiou no carro”
Pessoas que estão há dias à espera de benefícios sociais detalham momentos de tensão que antecederam morte de mulher na unidade do Paranoá
atualizado
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As pessoas que estão na fila por um benefício social no Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do Paranoá relatam os momentos de tensão vividos na madrugada dessa quarta-feira (17/8). Por volta das 4h, uma mulher, identificada como Janaína Nunes Araújo, 44 anos, morreu à espera por atendimento.
Segundo testemunhas, Janaína passou mal de madrugada e foi ao carro, quando todos ouviram um barulho. “Ela começou a passar mal, ela fez um barulho de ronco, desmaiou e a língua enrolou”, narrou Rita Moreira, que está na fila há 15 dias.
Depois disso, as pessoas acordaram Janaína com álcool, mas a mulher acordou já em uma convulsão. Foi então que a pessoa que acompanhava Janaína tentou ligar para o Samu, mas não conseguiu ajuda. No desespero, as pessoas decidiram levá-la ao hospital, por conta própria.
De acordo com a nota da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes-DF), há registro de um chamado telefônico realizado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) às 4h18. “Mas aos 41 segundos de atendimento, a ligação foi interrompida pelo solicitante. Registra-se que o médico regulador sequer teve oportunidade de ser informado do quadro da paciente”, informou a pasta.
Veja o Cras do Paranoá:
Janaína passou mal por volta das 20h, segundo testemunhas, mas não procurou atendimento médico. Às 4h26, ela deu entrada no Hospital Regional do Paranoá, segundo a Sedes, já com “cianose de face (rosto roxo), corpo rígido e pupilas médio fixas”. Os profissionais de saúde ainda tentaram técnicas de ressuscitação, mas sem sucesso.
A profissional autônoma Joelma de Farias, 47 anos, conheceu Janaína na fila. “As comadres dela estavam lutando pra conseguir [os benefícios sociais], porque ela não tinha condições de estar na fila, nem de passar a noite”, explicou. Segundo Joelma, Janaína tinha muitos problemas de saúde e usava remédios.
“Pra gente não ter que dormir todos os dias, a gente estava indo assinar um papel de presença e só dormia no dia de atendimento. Ontem o Cras obrigou que a gente ficasse presente o tempo todo, falou que era pra ficar lá senão perdia a vaga. A gente perdeu uma vida por conta disso”, lamentou Joelma.
Ainda segundo as testemunhas, Janaína estava há oito dias à espera de atendimento no Cras.