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Testemunha afirma: jornalista que disse ter apanhado agrediu PM

Em boletim de ocorrência registrado na 5ª DP, jovem que presenciou abordagem conta que mulher desferiu murros contra policial

atualizado

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Arquivo pessoal
sheila souza jornalista
1 de 1 sheila souza jornalista - Foto: Arquivo pessoal

O Boletim de Ocorrência nº 14.492/2017-0 da 5ª DP (área central), ao qual o Metrópoles teve acesso na íntegra nesta segunda-feira (25/9), traz o depoimento de uma testemunha que pode ser decisivo para o desfecho de um caso que intrigou a cidade. No fim de semana, um post da jornalista Sheila Rodrigues de Souza viralizou nas redes sociais. No Facebook, Sheila detalhava, minuciosamente, uma abordagem feita na noite de quinta (21), quando teria sido vítima de violência policial durante uma blitz na 408 Norte. No entanto, um rapaz que presenciou o episódio relata uma dinâmica bem diferente daquela contada pela jornalista.

Segundo depoimento de J.P.S.L., 20 anos, à polícia, Sheila agrediu uma PM. Após bater na militar, informou, a jornalista foi contida e algemada. O jovem tinha sido parado na blitz e presenciou toda a cena. J.P.S.L. afirmou que a jornalista estava muito alterada desde o início da abordagem. No boletim de ocorrência, ele narrou que, em determinado momento, Sheila desceu do seu carro e gritou com um dos policiais: “Detran não é polícia” e “você é um babaca arrogante”.

Ainda de acordo com o depoimento da testemunha, dois amigos de Sheila tentaram contê-la. Mesmo assim, conta J.P.S.L., a mulher “começou a dar murros e socos, com as chaves do carro na mão” em uma policial militar. Ao Metrópoles, J.P.S.L. confirmou que filmou parte da abordagem. O material foi entregue à Polícia Militar. Segundo a corporação, o vídeo está com a corregedoria.

O relato contradiz o que a jornalista postou nas redes sociais e declarou em depoimento à polícia. Ela disse ter sido vítima de uma abordagem violenta por parte de policiais militares durante a blitz. “Fui atacada e não vou descansar enquanto a justiça não for feita”, escreveu a jornalista, que pretende processar a Polícia Militar pelo ocorrido.

As versões relatadas no boletim de ocorrência contam lados diferentes da história. Um deles é o da policial que teria sido agredida por Sheila, a 3º sargento da Polícia Militar F.L.C. No documento da 5ª DP, F.L.C foi registrada como vítima. De acordo com o depoimento prestado pela militar, ela foi xingada de “vaca”, “gorda”, “feia” e “esquisita”, fato também descrito pela outra testemunha.

Ainda segundo a policial, Sheila teria se recusado a fazer o teste do bafômetro, mas ao ser informada que seria multada e teria a carteira de motorista apreendida, a jornalista decidiu se submeter ao exame. “O resultado foi 0,25mg/l, comprovando que a mesma estava sob influência de álcool”, relata a militar na ocorrência.

A 3º sargento disse ainda que Sheila desacatou todos os servidores e recebeu voz de prisão. Ao ser solicitado que a jornalista entrasse na viatura, Sheila teria sentado no banco da frente, espaço destinado ao chefe da guarnição.

De acordo com o documento registrado na 5ª DP, F.L.C. ao pedir que a jornalista se sentasse no banco de trás, Sheila teria desferido socos e tapas, gritando “tira a mão de mim, você não sabe com quem está lidando! Amanhã você vai estar na capa dos jornais, sua policinha de merda”.

A policial contou que foi atingida no rosto por um forte soco desferido por Sheila, e sofreu lesões na boca. Após o ato, a jornalista foi algemada e conduzida à 5ª Delegacia de Polícia.

J.P.S.L., que filmava a ação, foi convidado a prestar depoimento na 5ª DP. O jovem concordou e foi levado com Sheila na viatura. Em determinado momento, segundo o rapaz afirmou em depoimento, ela teria dito: “Você é um civil idiota. Por que está sendo complacente com esses policiais corruptos?”.

Outro lado
Na mesma ocorrência policial, Sheila deu sua versão dos fatos, conforme noticiado pelo Metrópoles no sábado (23). Segundo a jornalista, ela foi parada em uma blitz e conta que entregou a documentação. Ao ser solicitado que fizesse o teste do bafômetro, se recusou e disse que não tinha ingerido bebida alcoólica.

Sheila relata que a policial F.L.C. teria mandado ela calar a boca e, em seguida, teria pegado a bolsa e os documentos pessoais da jornalista. Segundo Sheila, F.L.C. colocou o dedo em sua cara, puxou seus cabelos, a agrediu e a jogou no chão.

Na ocorrência, a jornalista termina a declaração dizendo que foi algemada e levada à delegacia. Segundo ela, o teste de bafômetro deu negativo. Após a repercussão do fato, a publicação que Sheila postou no Facebook relatando a suposta agressão não estava mais público. Ou seja, no dia da denúncia, todos podiam ver a publicação, que foi reproduzida no Metrópoles.

Agora, o conteúdo não está mais disponível como mostra o alerta do próprio Facebook.

Reprodução

 

Laudo do IML
O Metrópoles teve acesso ao laudo do exame de corpo de delito de Sheila feito na madrugada de sexta (22). No documento consta que ela apresentou “edema e escoriações no nariz e nos antebraços, equimose violácea (manchas escuras) na região clavicular esquerda e escoriações na coxa direita”. À reportagem, a jornalista negou veementemente que tenha desferido golpes contra a militar F.L.C. “Como eu ia agredir quatro policiais armados algemada?”, questiona.

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar nega agressões à jornalista. Por meio de nota, a corporação informou que “é referência quanto aos procedimentos e técnicas de abordagem”. Ainda segundo a PMDF, “em razão da completa falta de veracidade e de provas sobre o caso, repudiamos a postura da jornalista neste caso concreto, uma vez que não há qualquer evidência que comprometa minimamente a atuação policial, além do relato pessoal, parcial, viciado e tendencioso por parte da envolvida”.

Segundo a corporação, “cabe ressaltar que, ao contrário do relatado pela jornalista, seu exame de alcoolemia foi positivo para a ingestão de álcool” e “ela foi conduzida à delegacia por crime de desacato”. Além de desacato, a ocorrência registra que Sheila teria cometido atos de “resistência e lesão corporal decorrente de oposição a intervenção policial”.

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