Terrorismo: PCDF ouve 10 pessoas sobre atentado à bomba em igreja
Há dois anos, grupo extremista que fez ameaça a Bolsonaro está no radar dos órgãos de inteligência, mas responsáveis nunca foram localizados
atualizado
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Dez pessoas já foram ouvidas no inquérito instaurado pela Polícia Civil para apurar a ação do suposto grupo terrorista que assumiu a autoria de atentado à bomba em Brazlândia na madrugada do Natal (25/12). Há mais de dois anos, os extremistas estão no radar dos órgãos de inteligência brasileiros, mas nunca foram localizados. Agora, ameaçam promover um ataque durante a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), conforme o Metrópoles mostrou em primeira mão.
As investigações conduzidas pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), em parceria com órgãos de inteligência vinculados à Polícia Federal, ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e à Subsecretaria de Inteligência (SI) da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP), tentam traçar o perfil dos integrantes e refazer os últimos passos da organização, que se autodenomina Sociedade Secreta Silvestre.
De acordo com fontes ouvidas pelo Metrópoles, os investigadores buscam informações de possíveis testemunhas que tenham presenciado o momento em que a bomba foi deixada nas proximidades do Santuário Menino Jesus (foto em destaque). “Estamos juntando partes de vários depoimentos que podem, de alguma forma, trazer informações mais precisas sobre a autoria daquele crime”, informou um investigador, que pediu anonimato.
Primeiro caso
A primeira ação reivindicada pelo suposto grupo terrorista ocorreu em 1º de agosto de 2016. Na época, policiais federais investigaram uma explosão ocorrida na área central de Brasília. Uma panela de pressão foi aos ares no estacionamento em frente ao shopping Conjunto Nacional, por volta das 22h.
Dentro do recipiente, havia porcas, pregos e produtos químicos que não chegaram a ser identificados. Na ocasião, a tampa da panela foi arremessada a 20 metros do local da explosão e atingiu um veículo. Por sorte, ninguém ficou ferido.
Naquela noite, o Esquadrão Antibombas da Polícia Militar foi acionado para verificar se havia risco de novas detonações ou resquícios de explosivos. Por haver “indícios de atentado terrorista”, o local ficou a cargo da Polícia Federal, que recolheu a panela para perícia. Na ocasião, os federais não quiseram se manifestar sobre o caso.
Passados mais de dois anos, o grupo voltou a agir. Desta vez, o nível de ameça foi ainda mais ousado, uma vez que os supostos terroristas falaram em um atentado durante a posse do novo presidente da República, em 1° de janeiro. “Se a facada não foi suficiente para matar Bolsonaro, talvez ele venha a ter mais surpresas em algum outro momento, já que não somos os únicos a querer a sua cabeça”, dizem os extremistas, em texto publicado na internet.
Força-tarefa
Os principais órgãos de inteligência do país formaram uma força-tarefa para identificar os autores das ameaças à posse de Bolsonaro. Ainda na quinta-feira (27), a PF confirmou, em nota, que abriu inquérito e acompanha o andamento da investigação da Polícia Civil do Distrito Federal sobre o artefato deixado ao lado do Santuário Menino Jesus.
Investigadores da 18ª DP coletaram uma série de imagens gravadas por câmeras de segurança instaladas nas cercanias da igreja e repassaram à PF. O objetivo é chegar a quem deixou a bomba na igreja.
No site Maldição Ancestral, o suposto grupo extremista diz que foi responsável pelo artefato. Na página há, inclusive, fotos da bomba antes de ser levada ao templo religioso e reclamações pelo fato de o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar ter desarmado o dispositivo.