“Tenho certeza de que foi racismo”, diz vítima de agressões de PMs
Homem negro abordado de maneira truculenta por policiais militares disse sentir discriminação e abuso de poder. Agressão ocorreu no domingo
atualizado
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O jovem de 27 anos agredido durante abordagem da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), em Planaltina (DF), afirma que foi vítima de racismo ao ser revistado por equipes da corporação. Marcos Vinícius Vasconcelos da Silva levou tapas, soco, chute e joelhada enquanto estava em frente a uma distribuidora de bebidas, nesse domingo (13/11).
“Eu não acho; tenho certeza de que foi racismo. Precisam parar com essa mentalidade. Não é porque a gente é preto, tem uma tatuagem, que precisa ser bandido. Eu não sou bandido e não aceito isso”, disse a vítima.
Marcos Vinícius trabalha há mais de cinco anos em um bar do DF. Em vídeo obtido pela reportagem, é possível ver o momento em que os militares o agridem e o jogam no chão.
Imagens de câmeras de segurança da distribuidora registraram a violência. Quatro homens estão em frente a uma distribuidora de bebidas, quando chegam três PMs. Os clientes atendem à ordem de largar as bebidas e colocar a mão na cabeça. O jovem negro é o primeiro a ser abordado e passa a ser vítima da truculência.
Assista:
O garçom conta que sentiu discriminação e abuso de poder. “Ninguém merece passar pelo que eu passei. É muito triste”, lamentou. “Eu tenho muito orgulho da minha cor. Sei o que eu sou, sei da minha realidade. Sou trabalhador, mas fiquei muito mal depois de passar por essa situação. É muito revoltante. Por isso, resolvi que não vou ficar calado.”
Durante a abordagem, nenhum dos outros suspeitos passou pela mesma situação. Irritado com a violência, o garçom chutou uma garrafa de cerveja em direção à rua, o que irritou os policiais e os fez intensificar as agressões. Depois, os PMs vão embora do local.
A vítima afirmou que vai processar os envolvidos e procurar a Corregedoria Geral da Polícia Militar do Distrito Federal para apuração do caso.
A reportagem procurou a corporação e questionou, entre outros pontos, o que motivou a abordagem, se houve crime praticado por algum dos abordados, por que o homem negro recebeu tratamento diferente e quais medidas serão tomadas pela PMDF.
Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal respondeu que, “sempre que acionada diretamente pela população ou por meio do 190, busca de imediato a melhor forma de atender o chamado”.
“Os policiais militares são treinados para atuarem em todas as circunstâncias e buscam seu melhor no desenrolar das ocorrências. Quando um possível erro acontece, abre-se o devido procedimento para apurar os fatos, visto que a PMDF não compactua com irregularidades. A Polícia Militar do Distrito Federal reforça seu compromisso de bem assistir à sociedade, visto que temos como ideal servir e proteger a sociedade brasiliense”, comunicou.