“Tem uma cadeia de responsáveis”, diz mãe de atropelada por trem
Júlia de Alburqueque Violato foi morta em uma colisão entre um ônibus e um trem na última 6ª (17/11). Corpo foi velado na manhã desta 2ª
atualizado
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Familiares e amigos de Júlia de Albuquerque Violato, 37 anos, morta no trágico acidente entre um ônibus e um trem de carga na sexta-feira (17/11), reuniram-se no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul para se despedir da mulher.
O velório começou às 10h, na Capela 4. No início da tarde, o corpo de Júlia foi encaminhado para cremação.
Para Ana Rosa, 72 anos, a morte da filha foi um crime. “Tem uma cadeia de pessoas responsáveis pela morte da minha filha”, disse.
“O governo foi irresponsável por não fiscalizar um local de trânsito intenso com uma linha férrea. A construtora foi irresponsável de não criar condições para que ali transitasse pessoas na linha do trem. A construtora tinha que ter colocado que seja um guarda abrindo e fechando a passagem de pessoas. A empresa de ônibus foi irresponsável porque estavam transitando com um ônibus velho, já vencido. E o motorista não seguiu as regras de trânsito”, acrescentou.
Acidente fatal
A colisão aconteceu na sexta-feira (17/11) perto do balão do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) que faz ligação com a Cidade do Automóvel.
Testemunhas afirmam que o trem bateu na traseira do ônibus, e Júlia de Albuquerque foi jogada para fora e acabou atropelada pelo trem.
Veja imagens:
Júlia morava com a mãe na Asa Norte. Era formada em artes e estudava para concurso. No dia do acidente, ela saiu de casa com o objetivo de levar roupas de festa para vender no brechó de uma amiga, em Taguatinga.
“O que está me mantendo de pé é a raiva, porque isso foi um fato criminoso. Minha filha era a pessoa mais doce que você pode imaginar, a pessoa mais generosa, mais amorosa. Ela cuidava de mim. Se eu dissesse que a unha do meu dedo estava doendo, ela já marcava o médico para mim. Ela que ia cuidar de mim, eu tenho 72 anos, eu já estou mais perto da morte do que ela, e ela cuidava de mim. Agora quem vai cuidar de mim?”, indaga a mãe de Júlia.
A aposentada conta que tomou conhecimento a respeito da morte da filha após ler nos noticiários sobre o acidente. Segundo ela, a empresa Marechal, responsável pelo ônibus envolvido na colisão, apenas entrou em contato com ela no dia seguinte ao ocorrido.
A família informou que vai entrar na Justiça para pedir a responsabilização dos envolvidos. “Vai ser a minha luta daqui para frente, até a última gota de sangue. Para dar justiça para minha filha, porque isso não pode acontecer. Aconteceu com ela na sexta, vai acontecer amanhã com outra família, porque as coisas continuam do mesmo jeito. Eu não quero que nenhuma família sofra o que eu estou sofrendo”, pontuou.
Feridos
Além da morte confirmada, a tragédia resultou no transporte de cinco pessoas a hospitais do DF. Entre elas está Pedro Domiense Campos, 42, motorista do ônibus. Ele estava em estado de choque e com crise nervosa, mas não apresentava ferimentos. O condutor do trem não precisou de atendimento médico.
Já o cobrador, Júlio Botelho Fernandes, 28, sofreu leve sangramento e edema cerebral. Ele segue intubado e internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Base.
A empresa responsável pelo ônibus, a viação Marechal, divulgou nota sobre o acidente. “Lamentamos profundamente o acidente ocorrido nesta sexta-feira (17) envolvendo um ônibus da nossa empresa e um trem. Nossos assistentes sociais e psicólogos estão comprometidos em acompanhar de perto o caso, assegurando toda a assistência necessária às vítimas e seus familiares.”
Já a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou, por meio de nota, que acionou a concessionária para que sejam apuradas as responsabilidades do acidente. A empresa terá até 30 dias para apresentar o laudo à agência, apontando sua versão sobre o ocorrido.
A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) investiga o caso.