Tem até manequins na rede de esgoto do DF: lixo entope tubulações
Equipes de manutenção da Caesb encontraram também pneus, madeira, lençóis, absorvente e preservativos, entre outros resíduos sólidos
atualizado
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Há bem mais do que esgoto nas tubulações do Distrito Federal. Ao realizar trabalho de desobstrução do sistema de esgotamento sanitário, as equipes da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) encontrou, neste ano, sacos plásticos, madeira, gordura, garrafas pets, brita, pneus, lençóis e até manequins (foto em destaque) lançados clandestinamente na rede coletora. Até setembro deste ano, a estatal já realizou 36.310 desobstruções em toda a capital federal.
A superintendente de Operação e Tratamento de Esgotos da Caesb, Ana Maria Mota, explica que o lançamento de material indevido tem grande impacto para o sistema, à medida que pode provocar obstrução, com consequente extravasamento e impacto para a comunidade, além de afetar os processos e equipamentos das unidades de tratamento de esgotos.
“Muitas pessoas desconhecem o funcionamento do sistema coletor e acabam lançando materiais que deveriam ser descartados no lixo, o que prejudica o processo de transporte e tratamento dos esgotos”, lamenta Ana Maria.
O superintendente de Operação e Manutenção de Redes Oeste-Sul da Caesb, Paulo Roberto Caldeira, chama atenção para a importância da caixa de gordura nas residências. Ele explica que esse dispositivo retém a gordura e impede que ela chegue às redes coletoras, onde pode provocar obstruções. Nas estações de tratamento, essa gordura pode afetar diretamente os processos biológicos.
“É importante realizar rotineiramente a limpeza da caixa de gordura, descartando o material retido no lixo, de maneira que não cause impacto para as redes coletoras”, esclarece.
O caminho do esgoto
Depois de utilizada, a água que vai para o ralo percorre um longo caminho até chegar à estação de tratamento de esgoto (ETE). Da casa do usuário, o esgoto vai para a rede coletora da Caesb. Diferentes redes deságuam num interceptor, que tem diâmetro maior do que as redes. Por sua vez, o material de vários interceptores é lançado em emissários que transportam os esgotos para a estação de tratamento.
Ao longo do caminho das redes coletoras e dos interceptores, há diversos poços de visitas (PVs), que são usados pela empresa para facilitar o trabalho de desobstrução e manutenção das redes. No percurso entre a casa do usuário e a ETE, é comum serem encontrados resíduos lançados indevidamente no sistema, que podem provocar prejuízos tanto na rede coletora quanto nas ETEs.
Ao chegar à estação, os resíduos sólidos grosseiros (material lançado de forma irregular) são retidos por um sistema de gradeamento, que os separa para posterior disposição no aterro sanitário. O gradeamento é uma etapa que revela a desinformação da população sobre o que deve ou não ser jogado ralo abaixo. Cabelo, estopa, bolas de tênis, cotonetes, fraldas, embalagens, preservativos e absorventes são alguns dos materiais frequentemente encontrados.
Nas ETEs, o esgoto passa por um processo biológico, no qual microrganismos são responsáveis por remover os contaminantes dos esgotos. Ana Maria Mota explica que o lançamento de materiais como tinta, óleos, solventes, gorduras na rede de esgotos é tóxico para os microrganismos, que muitas vezes morrem em função dos efeitos provocados por esses produtos, o que causa prejuízos e onera o tratamento dos esgotos.
Outro problema que afeta o sistema é o lançamento de águas de chuva na rede da Caesb, pois a concepção do sistema prevê apenas o transporte e tratamento dos esgotos. No período chuvoso, é possível identificar um aumento significativo do volume que chega às ETEs e no número de extravasamentos nas redes coletoras, provocados, principalmente, por ligações irregulares de águas pluviais no sistema coletor da Caesb. Dessa forma, é importante lembrar que a água da chuva deve ser ligada às galerias de águas pluviais. (Com informações da Caesb)