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TCDF suspende contrato de R$ 60 milhões vencido por preso na Trickster

O certame beneficiou a Cooperbrás, de Ronaldo Oliveira, detido por envolvimento na fraude de R$ 1 bilhão no sistema de bilhetagem

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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) suspendeu, na sessão dessa terça-feira (20/3), o contrato da licitação vencida pela cooperativa Cooperbrás, que faria o transporte escolar dos alunos da rede pública de ensino em São Sebastião. O certame, no valor de R$ 60 milhões, teve como vencedor a entidade comandada por Ronaldo Oliveira, preso na Operação Trickster, da Polícia Civil do DF (PCDF), deflagrada na quinta-feira (15).

O voto do relator José Roberto de Paiva Martins foi acompanhado por unanimidade por todos os conselheiros e determinou que o Pregão nº 3, de 2017, seja interrompido pela Secretaria de Educação do Distrito Federal. Ainda foi determinado que todas as empresas com algum tipo de vínculo econômico com a cooperativa sejam desclassificadas da concorrência. Com a ordem do tribunal, a pasta da educação também terá de desabilitar a Cooperbrás do certame.

O voto apresentado na Corte ainda cita a reportagem do Metrópoles que revelou a participação de Ronaldo Oliveira em contratos milionários para o transporte escolar e de serviços gerais para diversos órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF). Conforme a matéria mostrou, Ronaldo Oliveira comanda cooperativas e empresas que possuem sete contratos com o GDF. Somados, apenas quatro alcançam a cifra de R$ 36.051.890,36. Os convênios envolvem a prestação de serviços no ramo de transporte escolar em várias cidades do DF.

Denúncia
De acordo com a denúncia apresentada ao Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) e que deu origem a uma representação no TCDF, o Pregão Eletrônico n° 24, de 2016, foi colocado sob suspeita pelos conselheiros mesmo antes de vigorar.

Conforme a análise da Corte, há indícios de direcionamento de licitação e formação de organização criminosa para burlar, superfaturar, fraudar e vencer licitações. O contrato, de R$ 33.834.154,20, é destinado à realização do transporte de alunos da rede pública na região de Sobradinho.

Por fim, o TCDF determinou à Secretaria de Educação que, em um prazo de cinco dias, corrija as inconsistências, a fim de evitar a violação da isonomia entre os participantes da concorrência pública. A reportagem tentou entrar em contato com os representantes da Cooperbrás, mas ninguém atendeu as ligações.

Fraude em várias frentes
A ação das empresas de Ronaldo Oliveira é apenas um dos braços investigados na Operação Trickster, a qual culminou na prisão de 34 pessoas envolvidas na fraude bilionária que lesou os cofres do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). De acordo com as investigações da PCDF e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), um mesmo cartão de vale-transporte chegou a ser utilizado 60 vezes, em apenas uma linha, em oito segundos.

Confira imagens da operação:

9 imagens
A quadrilha descarregava os créditos de cartões de vale-transporte nos validadores dos ônibus
Validadores apreendidos durante a operação
Esquema pode ter dado prejuízo de R$ 1 bilhão aos cofres públicos
Alguns dos detidos durante a operação
Alexandre Lopes de Alencar, assessor parlamentar na Câmara Legislativa, está entre os presos
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De acordo com a PCDF, Pedro Jorge Brasil, auditor da Secretaria de Mobilidade, seria o líder do grupo

Mirelle Pinheiro/Metrópoles
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A quadrilha descarregava os créditos de cartões de vale-transporte nos validadores dos ônibus

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Validadores apreendidos durante a operação

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Esquema pode ter dado prejuízo de R$ 1 bilhão aos cofres públicos

PCDF/Divulgação
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Alguns dos detidos durante a operação

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Alexandre Lopes de Alencar, assessor parlamentar na Câmara Legislativa, está entre os presos

Arquivo pessoal
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A investigação é realizada em conjunto por duas delegacias da PCDF

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Policiais foram às ruas após nova fase da Operação Trickster, deflagrada pela PCDF e que investiga esquema de fraudes e desvios de recursos do Sistema de Bilhetagem Automática (SBA)

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Pelo menos 300 policiais participam da operação

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O sistema do DFTrans tinha algumas inconsistências que possibilitaram as fraudes, as quais incluíam também o passe livre. O grupo, supostamente chefiado pelo auditor da Secretaria de Mobilidade Pedro Jorge Brasil, preso pela segunda vez, teria desviado mais de R$ 1 bilhão do sistema de bilhetagem. Boa parte do dinheiro, acreditam os investigadores, foi aplicada no mercado imobiliário.

O esquema funcionava desde 2014, destacou a PCDF, quando o servidor estava lotado no DFTrans. A quadrilha descarregava os créditos de cartões de vale-transporte nos validadores de ônibus, de forma sequencial e em linhas distintas. Tudo era feito com empresas de fachada e trabalhadores fantasmas.

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