TCDF cobra esclarecimentos à PM e aos bombeiros sobre efetivo operacional nas ruas do DF
Representação do Ministério Público de Contas do DF diz que as corporações estariam descumprindo decreto que estipula percentual mínimo de militares no serviço operacional
atualizado
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Um dia antes do assassinato do servidor do Senado Federal Eli Roberto Chagas, 51 anos — morto enquanto aguardava os filhos na porta do Colégio Rogacionista, na quadra QE 38 do Guará II, na manhã de terça-feira (2/2) —, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) cobrou explicações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros sobre o efetivo nas ruas.
O questionamento, publicado na edição do Diário Oficial do DF de segunda-feira (1°), foi motivado por denúncia recebida pelo Ministério Público de Contas do DF de que as corporações não cumprem o Decreto Distrital n° 24.533/2004. A norma estabelece um percentual mínimo de militares no serviço operacional, ou seja, fazendo a segurança da população nas ruas.
Para os procuradores, os sucessivos casos de violência — entre homicídios, latrocínios e roubos a residências, que aumentaram neste início de 2016 — podem ter relação com um fator burocrático: o policiamento abaixo do determinado na legislação.
De acordo com a representação, a PMDF e o Corpo de Bombeiros têm deslocado militares do serviço operacional para a execução de atividades administrativas em quantidade muito superior ao limite estabelecido no decreto.
O documento do Ministério Público, assinado pela procuradora Márcia Farias em 7 de dezembro do ano passado, ressalta que, “pelas informações denunciadas, somente 44,4% do efetivo total do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal estaria desempenhando suas atividades exclusivamente no serviço operacional, sendo que aproximadamente 55,6% se encontra desempenhando atividades na área-meio”.
Com relação à PM, a denúncia alega que “somente 51% do efetivo estaria nas ruas, sendo que 35% dedica-se ao expediente administrativo; e os 14% restantes, cedidos a outros órgãos”.
O decreto distrital de 2004 determina um mínimo de 80% do efetivo geral na atividade-fim, e de 85% dos efetivos das unidades operacionais. Hoje, os bombeiros têm cerca de 5,9 mil servidores. Já a PM conta com 14,4 mil, conforme publicado no Diário Oficial do DF de 20 de janeiro.
A representação do Ministério Público diz ainda que, caso as corporações cumprissem o decreto, crimes graves registrados nos últimos meses, como homicídios e latrocínios, poderiam ter sido evitados.
Várias pessoas teriam sido atendidas por haver equipes de socorro completas, equipes de bombeiros operacionais e motoristas nas viaturas de socorro. Há mais de 10 anos, a sociedade estaria vivendo e percebendo uma segurança com altos índices de satisfação com este quesito se essas normas fossem efetivamente respeitadas
Trecho da representação enviada ao TCDF
Por meio de nota, o TCDF informou ao Metrópoles que o processo analisa o possível descumprimento dos limites de lotação do efetivo. “O Tribunal decidiu preliminarmente ouvir a PMDF sobre os fatos apresentados na representação (espécie de ampla defesa). Somente após a resposta da corporação é que a Corte decidirá o mérito da matéria”, detalhou a nota.
Respostas
À reportagem, a Polícia Militar informou que “os esclarecimentos solicitados estão sendo providenciados pelo Departamento de Gestão de Pessoal da PMDF, mas, atualmente, o efetivo operacional e administrativo encontra-se de acordo com o referido decreto”.
Já os bombeiros informaram que, embora o quadro funcional atual seja de 5,9 mil servidores, “o efetivo previsto para a corporação é de 9.703 militares na ativa e, de acordo com o Decreto nº 24.533/2004, podemos ter na atividade-meio até 1.941 militares, que correspondem a 20% do efetivo. Porém, existem menos de 1,7 mil bombeiros militares exercendo estas atividades”.