Tarado do Parque sequestrou jovem na Rodoviária e passou dias estuprando a vítima
Jovem de 16 anos foi dopado no terminal do Plano Piloto e amarrado a uma cama pelo maníaco, que o sodomizou por vários dias, em 2013
atualizado
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Tenebroso e com atos de violência sexual cada vez mais cruéis, o passado de João Batista Alves Bispo, 41 anos, conhecido como o Tarado do Parque, é revirado pelos investigadores da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). O criminoso agiria, pelo menos, desde 2013, e teria feito, ao menos, 11 vítimas, em várias cidades do Distrito Federal. A primeira delas, um adolescente de 16 anos, foi sequestrado e passou dias sendo sodomizado pelo estuprador.
De acordo com as apurações, a vítima foi abordada pelo cozinheiro na Rodoviária do Plano Piloto, em meados de 2013. Na ocasião, João Batista procurava emprego, mas não deixava de escolher possíveis vítimas em meio à multidão. O adolescente foi presa fácil para o cozinheiro, que o convidou para tomar um suco. Sem perceber, o jovem foi dopado com Diazepam, medicamento de uso controlado, indicado para reduzir crises convulsivas, mas com alto poder de sedação.
O jovem foi amarrado a uma cama, na casa do cozinheiro. Lá, foi sodomizado e passou por sevícias durante cinco dias. Desorientado e com perda de memória recente em razão das altas doses de sedativo, a vítima foi abandonada na rua. “Esse autor tem semelhanças com o maníaco do Paranoá, Marinésio dos Santos Olinto, preso pela PCDF por matar duas mulheres e fazer diversas outras vítimas. Ambos têm traços de sadismo e psicopatia”, disse o delegado-chefe da 1ª DP, Marcelo Portela.
O caso
Preso preventivamente na manhã dessa quarta-feira (7/10), João Batista fez, ao menos, 11 vítimas no DF, segundo a PCDF. Ele dopava homens e, após o golpe conhecido como “Boa noite, Cinderela”, abusava sexualmente deles.
Segundo o delegado Marcelo Portela, o acusado tinha um modo semelhante de agir em todas as ocasiões. “Ele ia para locais onde havia grande aglomeração de pessoas – que, geralmente, estavam buscando algum programa – e começava a conversar com as vítimas. Então, passava a ingerir bebidas alcoólicas na companhia dessas pessoas e conquistava a confiança delas”, detalhou.
Em seguida, ele dopava os homens, colocando a medicação em suas bebidas. “Eram doses cavalares, tão altas que uma das vítimas veio a óbito. E havia sempre uma conotação sexual envolvida. Ele as convidava para um pretenso programa, aplicava a medicação e praticava os delitos”, reforçou.
Histórico
As abordagens, geralmente, ocorriam à noite. De acordo com Portela, as investigações começaram após o crime que levou à morte de uma das vítimas, no início de 2020. O homem, encontrado morto no dia 20 de janeiro, no Parque da Cidade, era morador da Asa Norte e tinha 30 anos.
Em relação a esse caso, o delegado acrescentou que o acusado confessou ter aplicado o “Boa noite, Cinderela” na bebida da vítima, “mas disse que não queria matar”.
Depois desse crime, foram cometidos mais outros dois semelhantes neste ano. Em maio, há indícios de o acusado ter estuprado um homem, além de roubá-lo, também no Parque da Cidade. A vítima chegou a ficar hospitalizada, com o maxilar fraturado.
“Como o crime era parecido com o de janeiro, chamamos a vítima para a delegacia, mostramos foto do suspeito do primeiro caso, e ela não teve dúvidas em apontá-lo como o autor”, comentou o delegado.
Em agosto, a vítima foi abordada nas imediações do Conjunto Nacional. “E o crime foi praticado de forma idêntica”, contou o investigador.
“As vítimas foram unânimes em dizer que ele apresentava uma verruga na testa. Quando identificamos, vimos que ele, realmente, tinha essa marca, e as vítimas não tinham dúvidas de que ele foi o autor”, ressaltou Portela.
Após identificar o suspeito de ter cometido o homicídio em janeiro, a polícia recuperou o histórico dele e descobriu que ele fora acusado de estupro de vulnerável cometido em Planaltina, em 2013. “Nessa época, ele também aplicou a medicação e violentou sexualmente a vítima. Mas acabou sendo absolvido ao fim do processo”, detalhou.
Ao todo, portanto, a PCDF tem conhecimento de quatro casos. No entanto, o delegado acredita que o acusado possa ter feito mais vítimas. “Muitas vezes, a pessoa fica envergonhada de procurar a delegacia. Estamos chamando as vítimas para que procurem a polícia, porque um crime hediondo como esse não pode ficar impune”, alertou.