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“Também queremos Lázaro preso”, diz mãe de santo de terreiro invadido

Gestores do Centro Ilé Àse Olónà dizem que querem ajudar a polícia, mas questionam abordagem no terreiro de Candomblé ocorrido nesse sábado

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Centro Ilé Àse Olónà
1 de 1 Centro Ilé Àse Olónà - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

É num vale da região rural de Girassol que se encontra o Ilé Àse Olónà, terreiro de Candomblé inaugurado há cerca de dois anos. A paz proposta pelo local não se encaixa com a atual situação: há 12 dias, o município se tornou palco de uma perseguição policial. Forças de segurança do Distrito Federal e de Goiás estão no encalço de Lázaro Barbosa, 32 anos, acusado de matar uma família no Incra 9, em Ceilândia, no último dia 9 de junho.

O centro espiritual é gerido por Mãe Bel e Pai Patric, de 57 e 32 anos, respectivamente. Assustados com a presença do criminoso na área, ambos se dizem inseguros e querem que as forças de segurança encontrem logo o criminoso.

“Não queremos impedir a polícia de fazer o trabalho dela. Nós também queremos que o Lázaro seja preso. Estamos inseguros. Mas queremos que seja um processo no qual podemos colaborar com a polícia”, diz Pai Patric.

A afirmação ocorre um dia depois que o pai de santo André Vicente de Souza disse que policiais entraram em seu terreiro de Candomblé, bateram no caseiro do local, quebraram portas e tiraram fotos de objetos religiosos.

As imagens circularam junto à informação de que Lázaro praticou rituais satânicos em seus crimes, ligando, de forma incorreta, o Candomblé à prática delituosa do foragido.

Mãe Bel e Pai Patric também questionaram a abordagem realizada. Segundo a mãe de santo, a primeira pergunta feita pelos policiais foi: “Você conhece o Lázaro? Ele é da sua religião satânica”.

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Entrada do centro Ilé Àse Olónà
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Ela reafirma que nada foi arrombado ou quebrado na propriedade, mas que no sábado (19/6) os policiais pularam a cerca e invadiram a propriedade sem nenhum aviso ou mandado de Justiça. Quando a sacerdotisa se deu conta, os policiais já estavam na cozinha.

“Me mandou calar a boca, me chamou de mulher maluca”, se queixa Mãe Bel. Ela diz ter discutido com os policiais, que insinuaram que a mulher poderia estar escondendo Lázaro no local.

“Não queremos que associem a nossa imagem de sacerdotes, de uma religiosidade ancestral, a um criminoso”, afirmou Pai Patric. Ele cita que não há confirmação sobre a religião seguida por Lázaro.

A família nega que Lázaro Barbosa tenha qualquer ligação com satanismo, seitas ou outras religiões. Em entrevista ao Metrópoles, o amigo  Jorcilei Rosa Sales e a tia Zilda Maria de Sousa asseguram que o foragido é evangélico e que levava consigo uma Bíblia.

“E mesmo se for do Candomble: existem pessoas boas e ruins em todas as religiões. Essa casa, a nossa religiosidade, prega a solidariedade e o amor”, pontua Pai Patric.

Outros líderes de religiões de matriz africana de Brasília e do Entorno de Goiás denunciaram intolerância religiosa durante as buscas por Lázaro Barbosa.

Pai André registrou um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia Distrital de Polícia de Águas Lindas de Goiás, nessa sexta-feira (18/6). No depoimento, o religioso afirmou que policiais “tiveram comportamento abusivo, agredindo fisicamente o caseiro, quebrando objetos de cunho religioso e perguntando pelo foragido Lázaro”. Ele não soube dizer a qual corporação os agentes pertencem.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Goiás declarou que força-tarefa composta de policiais de GO, DF, polícias Federal e Rodoviária Federal está trabalhando com um único propósito: garantir a paz a população da região e capturar Lázaro Barbosa, nos limites da legalidade.

“Qualquer notícia contrária será recebida e encaminhada para as respectivas corregedorias”, finalizou a SSP-GO.

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