Suspenso por 60 dias, youtuber aluno da UnB solta o verbo; veja vídeo
Segundo o youtuber, processo de suspensão seria uma forma de perseguição. Estudante decidiu recorrer à Justiça e seguirá com vídeos
atualizado
Compartilhar notícia
Após ter sido suspenso por 60 dias de duas disciplinas que cursa na Universidade de Brasília (UnB), o youtuber Wilker Leão se defendeu e classificou a decisão da instituição de ensino como uma perseguição. O estudante produz vídeos em sala de aula e afirmou que não teve direito de defesa.
Wilker postou o posicionamento no X. Segundo ele, o processo tramitou sem seu conhecimento. “Foi feito, sem sequer, me dar direito ao contraditório e ampla defesa. Eu não tive o direito de poder falar dentro do processo e sequer tomar ciência do que estou sendo acusado”, ressaltou. O aluno decidiu recorrer da decisão da Reitoria.
Veja trechos da defesa:
“Isso não confirma a minha tese, que estou sempre falando, que, se você pensar de uma maneira divergente, por mais que tenha todo o respeito do mundo, como eu tenho feito, você será perseguido de todas as maneiras. Isso é ou não é perseguição. Eu sou ou não uma vítima desse autoritarismo. Os fatos estão aí para quem quiser enxergar”, afirmou.
“Que democrático! Que abertura para o pensamento contrário! É muito mais fácil me calar dessa maneira do que em sala de aula. Provem que eu estou errado, que eu sou um mau aluno, que sou um baderneiro, que estou lá só para sabotar!”, argumentou o youtuber.
Segundo o processo, o hábito de Wilker gravar vídeos sem a devida autorização durante aulas causaria prejuízos para o aprendizado em sala. No entanto, o estudante alegou que a decisão não estaria fundamentada, ou seja, não apresenta uma norma proibindo a prática.
Wilker alegou que as aulas de História da África, uma das disciplinas citadas no processo, foram suspensas há aproximadamente 2 meses, pelo próprio professor titular. Segundo o estudante, causa estranheza por que a UnB não adotou nenhuma providência quando as aulas foram interrompidas.
“Vão ter que me engolir”
Independentemente do processo de suspensão, Wilker afirmou que seguirá com os vídeos, pois tem material armazenado. “Vão ter que me engolir”, citou lembrando a declaração do o ex-técnico de futebol Mario Jorge Lobo Zagallo, falecido em em janeiro de 2024.
Classificando o processo como “teratológico”, Wilker considera que a Justiça deverá suspender a decisão da Reitoria. “No final das contas, isso aqui vai ser só mais um despacho decisório, que vai gerar a minha primeira grande vitória no Judiciário contra a UnB”, alegou.
Suspensão cautelar
A reitora da UnB, Rozana Naves, determinou a suspensão cautelar de Wilker Leão de Sá de duas disciplinas do curso de história por 60 dias. A decisão foi expedida na última quinta-feira (12/12).
Wilker é dono de um canal no YouTube que tem 885 mil seguidores. Ele é acusado de gravar e divulgar debates ocorridos no ambiente acadêmico sem autorização, provocando comentários racistas, machistas e homofóbicos nas redes sociais. Leão, por sua vez, alega que denuncia e critica a doutrinação da esquerda em sala de aula.
No YouTube, Wilker Leão disse que se matriculou em história “justamente por ser um dos cursos que a esquerda mais dominou com suas narrativas ideológicas e doutrinárias”. “Combater isso é o meu principal objetivo dentro da universidade federal”, declarou.
A UnB abriu um processo para apurar a conduta de Wilker Leão, que consiste em “gravações sem a devida autorização, ocasionando prejuízo ao regular andamento de disciplinas, resultando, inclusive, em suspensão dessas aulas e, por consequência, ocasionando prejuízo também aos estudantes matriculados nessas disciplinas”.
Na decisão cautelar, a reitora da UnB proibiu Wilker Leão de participar das aulas de História da África e História do Brasil, por dois meses. Veja:
Boletim de ocorrência
Wilker Leão ficou conhecido pelo público geral em agosto de 2022, quando filmou e provocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após ele sair do Palácio da Alvorada, em Brasília.
Em agosto de 2024, uma professora do curso de história na UnB registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) no qual afirmou ser vítima de difamação por parte do influenciador, que publicou vídeos em que os dois debatiam dentro da sala de aula.
A docente disse que recebeu ofensas por causa das publicações de Wilker Leão e diversos comentários de ódio, que chegaram ao conhecimento dos filhos menores de idade. Devido a esses ataques, a professora decidiu suspender a disciplina neste semestre.
O Centro Acadêmico de História, da UnB, decidiu, por unanimidade, expulsar o youtuber dos espaços de convívio promovidos pela entidade estudantil, como debates, rodas de conversa, eventos públicos e espaço físico do Centro Acadêmico. O grupo encaminhou um pedido à Reitoria para a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra Wilker Leão.
O Centro Acadêmico, no entanto, não abriu espaço para participação de Wilker Leão na assembleia, o que causou indignação do influenciador.
Ao menos 12 estudantes que tiveram dados vazados após publicações de Wilker Leão disseram que foram vítimas de ameaças de violência física e comentários racistas, machistas e homofóbicos. Até o momento, cinco boletins de ocorrência foram registrados contra o youtuber e seus seguidores.