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Suspeito de triplo homicídio no DF disse estar possuído por um espírito

Informações foram passadas pela Polícia Militar de Goiás, que também procura por Lázaro Barbosa, suspeito de matar pai e 2 filhos no Incra 9

atualizado

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Reprodução/PCDF
triplo homicídio
1 de 1 triplo homicídio - Foto: Reprodução/PCDF

Segundo a Polícia Militar de Goiás (PMGO), Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, suspeito do triplo homicídio no DF, alega estar possuído por um espírito. Ele também teria dito que “vai levar o tanto de gente que puder”. Conforme o tenente Gerson de Paula, Lázaro seria integrante de uma seita.

As informações teriam sido dadas pelo próprio suspeito a vítimas de um assalto que ele realizou em Goiás, no mês passado, segundo o tenente. Na ocasião, levou armas e celulares. A PMGO reuniu uma força-tarefa nesta sexta-feira (11/6) para fazer varreduras em busca de Lázaro na região de Cocalzinho, Entorno do DF.

“Ele trabalhou em chácara, conhece muito a região. Se criou no mato”, afirma o tenente. “Acreditamos que ele ainda está por aqui.” A força local conta com 80 homens e 40 viaturas para a busca.

A corporação acredita, também, que o suspeito age com apoio. De acordo com o tenente Gerson, comandante do batalhão local, uma pessoa teria ido buscar Lázaro na região do Incra 8, nessa quinta (10), logo após ele incendiar um Palio roubado.

Lázaro Barbosa de Sousa é procurado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por ter matado três pessoas (um pai e dois filhos) na Fazenda Vidal, no Incra 9, na madrugada de quarta (9).

Personalidade violenta

Laudo psicológico feito no âmbito de um dos processos contra Lázaro constatou que o homem tem características de personalidade violenta, como agressividade, ausência de mecanismos de controle, impulsividade, dependência e instabilidade emocional.

Ainda de acordo com os psicólogos que assinam o documento ao qual o Metrópoles teve acesso, o criminoso tem possibilidade de “ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia”.

O autor, segundo os especialistas, teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado devido a agressões familiares, uso abusivo de álcool e drogas, falecimento familiar, abandono das atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.

Os exames foram realizados em 2013 devido ao processo que apurou os crimes de roubo e estupro. À época, o autor tinha 26 anos e dominou a vítima com uso de arma de fogo. Ele confessou os fatos e afirmou que estava embriagado quando rendeu a jovem. Por fim, os psicólogos recomendaram a prisão em regime fechado.

“Caso seja inserido no contexto social e ambiental ao qual pertencia antes de sua reclusão, provavelmente retornará a delinquir. Apesar de ter consciência de suas atitudes, assumi-las e perceber o sofrimento causado a terceiros, percebe-se que todos os crimes cometidos estão diretamente relacionados com dependência química, fato do qual o periciado não tem autocontrole, haja visto o uso abusivo de bebida alcoólica antes de sua reclusão e o vício de crack após a prisão”, diz o relatório.

Os psicólogos também recomendaram acompanhamento com terapeutas e tratamento para dependentes químicos e abusadores sexuais.

Veja fotos do local do crime na Fazenda Vidal:

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Outra foto de Lázaro, sem a barba
O maníaco morreu após entrar em confronto com a PMGO
Local do triplo homicídio, na Fazenda Vidal
Delegado Raphael Seixas
Casa da família Vidal
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Lázaro é suspeito de praticar o quádruplo homicídio e está sendo procurado

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Outra foto de Lázaro, sem a barba

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O maníaco morreu após entrar em confronto com a PMGO

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Local do triplo homicídio, na Fazenda Vidal

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Delegado Raphael Seixas

Luísa Guimarães/Metrópoles
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Casa da família Vidal

Material cedido ao Metrópoles
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Carlos Eduardo Marques Vidal

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Cláudio Vidal de Oliveira

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Gustavo Marques Vidal

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Cleonice Marques de Andrade

Buscas

Forte aparato policial foi montado para localizar o criminoso. Uma das vítimas da família Vidal segue desaparecida. Trata-se de Cleonice Marques, 43 anos. Lázaro Sousa matou Cláudio Vidal de Oliveira, 48; Gustavo Marques Vidal, 21; e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15; marido e filhos de Cleonice.

O triplo homicídio chocou o Distrito Federal. Os corpos estavam em um quarto, um deles sobre a cama, e os outros dois, no chão. As vítimas foram encontradas com marcas de tiro e facadas.

A mulher foi levada pelo criminoso após o assassinato da família e continua desaparecida. A Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS) presta apoio às investigações.

Cleonice conseguiu ligar para a família pedindo socorro ao ver que a porta da casa seria arrombada. Eles chegaram rapidamente ao local, 10 minutos depois. No entanto, Cleonice havia sido levada. Cláudio Vidal ainda estava vivo. Ele conseguiu informar que a esposa havia sido sequestrada, mas ele não sobreviveu.

Uma das hipóteses é de que Lázaro tenha invadido a casa para roubar os pertences da família. No entanto, ao ver que Cleonice pedia socorro pelo telefone, ele se apressou em deixar o local do crime.

O delegado-chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), Raphael Seixas, disse que a digital de Lázaro foi identificada na cena do crime. Segundo o policial, celulares das vítimas estavam na casa. Porções de dinheiro também foram encontradas. Não há indícios de que algo foi levado da residência.

Veja imagens das buscas pelo foragido e por Cleonice:

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PM realiza buscas por autor do triplo homicídio no condomínio Monte Verde, em Ceilândia
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PM realiza buscas por autor do triplo homicídio no condomínio Monte Verde, em Ceilândia

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“Não foi só eu”

Horas após sair da casa da família Vidal, Lázaro ignorou o cerco policial na região e teria invadido outras duas propriedades. Na primeira, ele teria chegado por volta das 4h de quinta-feira (10/6). Segundo Sílvia Campos de Oliveira, 40, o assaltante falou que teria participado do triplo homicídio na Fazenda Vidal. Ela disse que o homem tem os mesmos traços de Lázaro.

“Ele perguntou se eu estava acompanhando o caso do triplo homicídio. E depois disse: ‘Aquele crime lá eu tava junto, mas não foi só eu’”, contou a mulher ao Metrópoles. Sílvia completou: “Falou que se a gente reagisse, faria o mesmo que fez com a outra família, que ele matou no Incra. Mandou a gente não fugir”.

Em frases desconexas, o suspeito ainda disse que mataria todo mundo caso acontecesse algo com a filha dele. Ele levou dois celulares, biscoito, pão, um casaco e dinheiro. Segundo a testemunha, o homem fritou um ovo para comer durante a madrugada e, antes de deixar a casa, pediu que Sílvia colocasse um prato de comida para ele. Ele ficou na chácara entre 4h e 15h, quando fugiu.

Comida e cerveja

Durante a fuga, ele invadiu outra chácara. A proprietária foi informada sobre o assalto pelo caseiro. Inicialmente, o funcionário avisou que a propriedade estava sem energia. Os donos do imóvel verificaram que não havia falta de luz na região e pediram para que o caseiro e a família ficassem dentro de casa e trancassem a porta, pois estavam recebendo informações sobre a situação de um triplo homicídio e que o suspeito provavelmente estaria na área.

Após algum tempo, o caseiro ligou novamente para os patrões dizendo que Lázaro Sousa havia invadido a residência e feito a família dele refém. O funcionário conseguiu fugir do criminoso e levou a família para a chácara do vizinho.

O homem detalhou que a energia foi cortada entre 20h e 21h. Contou que, por volta das 21h30 e 21h40, a luz voltou, e todos ficaram na chácara. Em certo momento, ouviram barulho na porta da residência, como se alguém tivesse jogado alguma pedra na porta.

Ao sair para ver o que poderia ser, o caseiro foi abordado pelo suspeito do triplo homicídio. Ao entrar na residência, Lázaro determinou que todos ficassem juntos, três adultos e três crianças, de 10, 6 e 3 anos. O assaltante perguntou se havia algum quarto com chave e mandou que todos fossem para lá.

Quando se agruparam no cômodo, o assaltante perguntou sobre o carro, se estava funcionando, quanto de gasolina havia no reservatório e se os pneus, que estavam baixos, estariam furados. O caseiro respondeu ao suspeito que no veículo havia meio tanque e que os pneus estavam apenas baixos. Porém, com o compressor que estava logo ao lado, poderiam ser enchidos.

Na sequência, Lázaro perguntou sobre comida. A mulher informou que Lázaro a obrigou a cozinhar. A família permaneceu trancada no quarto enquanto ela fazia o jantar. O criminoso também pegou uma cerveja que estava na geladeira, bebeu e mandou que todos fizessem o mesmo.

Enquanto comia, ele falou: “Se vocês não reagirem, não vai acontecer nada. Vocês viram lá na tevê o que acontece, né? Não ia fazer nada, mas, lá, reagiram e deu merda”. Ao terminar a refeição, ele perguntou se havia cordas na propriedade. O caseiro confirmou, e o assaltante mandou que o funcionário buscasse.

O caseiro ressaltou que todos “eram de bem”, que “não iriam fazer nada” e pediu para não serem amarrados. Entretanto, Lázaro ficou irredutível e disse que, se não os amarrasse, eles gritariam, e ele “não conseguiria fugir, não sairia nem da porta da chácara”. Os reféns foram amarrados e permaneceram trancados no quarto.

Lázaro, então, levou o veículo, um Fiat Palio, além de cartões do banco e R$ 100 em espécie. Momentos depois, as vítimas foram informadas de que o veículo havia sido encontrado queimado.

Outros crimes

O suspeito é investigado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher 2 (Deam 2)  pelo crime de roubo seguido de estupro. Em 26 de abril, ele teria abordado uma mulher no Sol Nascente e a estuprou.

Segundo a polícia, ele morou no Sol Nascente e em Águas Lindas (GO), no Entorno do DF, mas atualmente não tem endereço fixo e trabalha como carroceiro. A polícia investiga se há participação de outras pessoas no triplo homicídio.

Há mandado de prisão contra ele na Bahia por homicídio e três condenatórios na Justiça do DF: dois roubos e um estupro.

O delegado disse que, em 17 de maio, Lázaro invadiu outra casa da região, próximo ao local do crime da madrugada de quarta-feira. O modus operandi foi semelhante: ele entrou na casa com revólver e faca, amarrou a família e tirou as roupas deles. Só que, daquela vez, ninguém ficou ferido.

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