Suspeito de matar filha de 3 anos tinha depressão, diz irmã da criança
Homem teria matado a menina e tirado a própria vida. Abalada, filha que encontrou os corpos disse que o pai perdeu a luta contra a doença
atualizado
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Fortemente abalada, a jovem de 23 anos que encontrou o pai e a irmã mortos ao chegar em casa, na noite desta sexta-feira (06/09/2019), afirmou ao Metrópoles que o pai sofria de depressão.
A moça é filha de homem de 53 anos, suspeito de sufocar a irmã dela, de 3 anos, até a morte e depois ter tirado a própria vida. “Ele sofria de depressão, estava muito doente. Ele me criou, era uma pessoa boa”, afirmou.
A mulher, que pediu para ter o nome preservado, não quis entrar em detalhes do momento em que encontrou os corpos na casa onde mora, em Ceilândia, mas ressaltou que o pai lutava há tempos contra a depressão. Ela pediu privacidade neste momento de dor e disse que, além dela e da criança de 3 anos, o pai tinha quatro filhos, do primeiro casamento.
Neste sábado (07/09/2019), a reportagem foi até a residência, e encontrou todas as portas trancadas. Vizinhos da família, ainda chocados com as informações, disseram que o homem morava havia cerca de dois meses no local. Porém, era pouco visto na rua. Segundo eles, a maioria dos moradores da quadra não o conhecia.
“Ontem, nós vimos muita movimentação de polícia e descobrimos que os dois foram encontrados mortos lá dentro. Quem morava nessa residência há mais tempo era a filha mais velha desse senhor. Ele passou a residir aí tem pouco tempo, também com a criança“, contou uma mulher que preferiu não se identificar.
Outro vizinho da mesma rua falou que, após o ocorrido, ninguém apareceu na casa. “Não tinha contato com eles. Apenas sei que a filha mais velha morava no imóvel. Ela passava o dia fora. Só a cumprimentava com bom dia e boa noite. Estamos estarrecidos com a notícia. Muito triste.”
Guarda
O pai, de 53 anos, estava separado da mãe da criança, mas era ele quem tinha a guarda da filha. Por diversas vezes, ele teria tentado reatar o relacionamento. A mulher, no entanto, já estaria com um novo namorado.
A polícia confirmou que a ex estaria grávida de outro homem. Quem encontrou os dois corpos em casa foi a filha mais velha do suspeito. Primeiro, ela viu o corpo do pai. Ao entrar no quarto, deparou-se com o da irmã, sobre a cama. Ela chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Polícia Militar, mas os socorristas apenas atestaram os óbitos.
Investigação
O delegado-chefe da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), Jonatas Silva, responsável pela investigação, disse que a motivação do crime será apurada no inquérito. “Quando a equipe chegou ao local encontrou o cadáver do pai e, sobre uma cama, a bebê de 3 anos. A suspeita é a de que o pai tenha matado a criança e se suicidado. Precisaremos esperar o exame de local e os cadavéricos para que as coisas sejam efetivamente esclarecidas.”
Ainda segundo Silva, duas filhas adultas do homem moravam no endereço. No entanto, no momento do ocorrido, somente o pai e a criança estavam na residência. “O crime ocorreu por volta das 16h40. Uma das filhas estava fora e, quando retornou, encontrou os dois já sem vida. A partir desta segunda-feira (09/09/2019) vamos começar as oitivas para esclarecer os fatos”, afirmou o delegado.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.