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Suspeita de Covid-19: filha vai à Justiça para velar pai morto por câncer

Caso ocorreu no Hospital Anchieta. Após testes, constatou-se que paciente não estava infectado pelo novo coronavírus

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Juarez Bueno
1 de 1 Juarez Bueno - Foto: Reprodução

A incerteza e os protocolos adotados por unidades de saúde do Distrito Federal para determinar as causas de mortes de pacientes com síndromes respiratórias, quase impediram uma família de velar o corpo do seu patriarca. Juarez Bueno da Silva (foto em destaque), de 70 anos, tinha câncer em estágio terminal e faleceu em decorrência da doença. Porém, por pouco o enterro não foi realizado sob o protocolo de coronavírus, sem direito a uma despedida, visto que não foram feitos a tempo os testes confirmando que Juarez estava livre da Covid-19. O sepultamento só foi possível após a filha obter liminar, garantindo a testagem do corpo.

No início de abril, Juarez descobriu que estava com um câncer e chegou a ficar 28 dias internados para tratamento. Como os remédios para controlar as dores passaram a ser introduzidos oralmente, os médicos decidiram que ele deveria ir para casa, onde ficaria em home care.

Como o câncer avançou do rim para o pulmão, o tratamento em casa contava com balão de oxigênio, que era usado pela família quando o homem apresentava dificuldades para respirar.

No último dia 1º de junho, com dificuldades de respiração e sem resultados do tratamento em casa, Juarez foi levado ao Hospital Anchieta, em Taguatinga. Ele morreu no dia seguinte. Devido aos problemas respiratórios do paciente, o corpo médico informou à família que, por uma questão de protocolo, constaria no atestado de óbito a informação de suspeita de Covid-19.

“Nós sabíamos o que não era Covid-19. Ele não saia para nada e quem cuidava dele éramos eu e minha mãe. Ele tinha um câncer que avançou do rim para o pulmão, sabíamos que uma hora ele teria dificuldades para respirar”, conta a filha, a advogada Raquel Bueno. “Quando chegamos lá [no hospital], não tinha teste rápido, somente aquele que fica pronto em três dias, que foi feito logo quando ele chegou”, completa.

Certa de que o pai não tinha morrido em decorrência do novo coronavírus e querendo prestar as últimas homenagens a ele, Raquel Bueno pediu aos sócios que entrassem com um pedido liminar para que a causa da morte fosse alterada e um teste rápido fosse realizado nos restos mortais.

O pedido foi atendido. O resultado do exame confirmou que Juarez Bueno da Silva não morreu em decorrência da Covid-19. “No dia que chegamos ao hospital não tinha o teste, mas logo que o juiz determinou a realização do exame ele apareceu. Quantas famílias não estão enterrando seus familiares sem que eles estejam realmente com coronavírus por causa de suspeita?”, questiona a mulher

“Como eu trabalho na área, sei os caminhos, mas muitas pessoas sequer têm condições de procurar seus direitos. O que queremos agora é entrar com uma ação popular para obrigar os hospitais a testarem os pacientes antes da liberação do corpo”, planeja a advogada.

Após a decisão da Justiça o namorado e o irmão de Raquel foram fazer a identificação do corpo. Encontraram o cadáver envolto em panos e com diversas etiquetas, classificando-o como morto por coronavírus.

Dinheiro

A advogada acredita ainda que os os hospitais têm interesses econômicos para seguir o protocolo do novo coronavírus: eles receberiam uma quantia do governo pelos casos registrados da doença. Pelas mesmas razões, afirma, seguros de vida não estariam pagando o devido a famílias de clientes mortos pelo novo coronavírus.

“Tem muitas questões econômicas envolvidas aí. Não estou minimizando a gravidade da doença, mas muitas pessoas podem estar passando por isso simplesmente por questões econômicas”, alerta.

Acionada pela reportagem, a assessoria do Hospital Anchieta não se pronunciou até a publicação desta matéria O espaço continua aberto para manifestações.

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