Suposto locador da mansão do barulho nega posse do imóvel: “Fui coagido”
Em depoimento, Leandro Farias havia confirmado ser o locador. Agora, ele afirma que foi ameaçado e que buscará a PCDF para dar a nova versão
atualizado
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Leandro Vasco de Oliveira Farias, o suposto locador da mansão do Lago Sul onde vivia chamado casal do barulho, conversou com o Metrópoles nesta quarta-feira (18/11) e mudou a versão sobre seu envolvimento no caso. Anteriormente, em depoimento à Polícia Civil do DF (PCDF), ele havia confirmado ter a posse do imóvel e alugado para Cristiane Machado e Rodrigo Damião. Agora, ele diz que foi ameaçado pelo casal e “coagido a mentir” sobre a sua ligação com a mansão.
“Eu fui obrigado a falar que eu tinha a posse da casa, o que não é verdade. Ele [Rodrigo] me coagiu e me ameaçou. Vou procurar a delegacia amanhã (19/11) para esclarecer isso, porque tenho filhos para criar. Não sou bandido, sou trabalhador”, justificou-se.
Em entrevista ao Metrópoles, em 26 de outubro, o casal alegou que a ocupação da casa foi legal, com contrato firmado após eles virem um anúncio disponível no site OLX. Segundo eles, quem respondia pela locação do espaço seria Leandro Farias.
No entanto, Leandro diz que sequer sabia da existência da mansão antes do caso vir à tona. De acordo com a esposa dele, que preferiu não se identificar, Leandro e Rodrigo se conheceram em janeiro deste ano.
“O meu esposo estava trabalhando como vendedor no Núcleo Bandeirante. Um dia, o Rodrigo passou na frente da loja com uns papéis em mãos, entregando para um pessoal. Aí, entregou para ele, dizendo que era corretor de imóveis e ofereceu uma oportunidade de trabalho como freelancer”, conta.
O trabalho, segundo ela, seria divulgar a venda de casas na internet, a pedido de Rodrigo. “Ele passou o link de uma casa, e o meu marido divulgou uma vez na OLX e no Facebook, mas não teve retorno. Pela foto, era uma casa simples, não era essa mansão.”
“Esse trabalho durou um mês só, e ele não vendeu a casa. Aquilo morreu ali”, afirmou. “O meu marido não alugou nem vendeu nada. Ele assinou somente um contrato de trabalho com o Rodrigo. Quando essa história da mansão veio à tona, ligamos rapidamente para eles para saber o que estava acontecendo e como o nome do Leandro estava envolvido nisso”, relata.
Segundo a mulher, somente depois de tentativas de contato por telefone, Rodrigo teria ido até a casa dela e de Leandro para explicar a situação, mas “disse que também não sabia o que estava rolando”. “Ele falou que comprou a mansão dos herdeiros e que não sairia de lá. Que não sabia porque a polícia e a mídia estavam nos envolvendo. Só que eu não queria saber se ele ficaria ou não, eu queria que o nome do meu esposo fosse retirado disso”, completa.
“Meu marido foi lesado nessa situação toda. Nós fomos coagidos diversas vezes. O Rodrigo mandou um advogado na delegacia para acompanhar o Leandro, e ele falar aquilo”, diz a mulher.
Procurado, Adelson Ataíde de Oliveira, advogado do casal do barulho, disse à reportagem que ainda não teve contato com Leandro e que não está sabendo dessa versão.
Mansão amanhece “abandonada”
A mansão do Lago Sul que era ocupada pelo casal do barulho amanheceu, nesta quarta-feira, com aspecto de abandono. Além do lixo espalhado pelo chão, Cristiane Machado e Rodrigo Damião deixaram no local vários pertences, como carros, moto e até mesmo os gansos que criavam no jardim.
Ricardo Lima Rodrigues da Cunha é filho e único herdeiro do último proprietário do imóvel, o ex-presidente da Federação Hípica de Brasília Orlando Rodrigues da Cunha Filho, morto em 25 de março de 2014. Ao Metrópoles, o advogado que o representa, Pedro Magalhães, informou que o cliente ainda aguarda as chaves da casa. “Tentamos contato para que eles retirem as coisas de lá. Deixaram até o carro”, detalhou.
Veja imagens da mansão nesta manhã:
O casal do barulho deixou a mansão na noite dessa terça-feira (17/11). Os dois saíram do imóvel após a Justiça determinar desocupação compulsória da casa localizada na QL 18 do Lago Sul.
O prazo para desocupar o imóvel esgotou-se em 6 de novembro. Cristiane confirmou a mudança, mas afirmou que não podia dar mais detalhes.
Veja imagens da saída do casal:
Conselho de Corretores de Imóveis se posiciona
O Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 8ª Região (Creci-DF) divulgou nota sobre o caso nesta quarta-feira. Segundo a entidade, as irregularidades praticadas pelo casal “ocorreram justamente por eles não verificarem a legitimidade da posse do respectivo imóvel por quem supostamente os alugara e, ainda, por não buscarem a realização deste suposto aluguel por imobiliária ou corretor de imóveis devidamente registrados junto ao Creci-DF”.
“Trata-se de situação entre particulares a qual figura fora do âmbito de atuação deste Conselho, restando às autoridades competentes a devida condução do caso”, diz a nota.
Segundo alerta Geraldo Nascimento, presidente do Creci-DF, todo cidadão deve consultar o órgão antes de fechar negócio com qualquer pessoa que se apresente como profissional do mercado imobiliário, “justamente para confirmar se trata-se de um profissional ou de uma imobiliária devidamente registrados na autarquia ou um possível contraventor, garantindo, assim, um maior nível de segurança na negociação”.
“O Creci-DF segue firme em sua atuação contra as irregularidades, fiscalizando e disciplinando o mercado imobiliário e os profissionais registrados e, ainda, atuando de forma contundente junto ao Ministério Público e Polícia Civil no combate aos contraventores e praticantes do exercício ilegal da profissão.”
“Aproveitamos para pedir a todos os amigos corretores de imóveis e moradores do Distrito Federal que continuem denunciando por meio do Fala.BR qualquer ato que não condiz com a profissão de corretor de imóveis, nem mesmo ao código de ética e legislações vigentes que regem a profissão”, finaliza a nota.