Supermercados desviavam cargas e vendiam comida podre no DF e Entorno
Donos da Rede Alvorada foram presos na manhã desta quarta-feira (7/11). Polícia interditou estabelecimento em Valparaíso, devido à sujeira
atualizado
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A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (7/11), uma operação para desarticular uma organização criminosa suspeita de furto e receptação de cargas. De acordo com as investigações da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), os produtos eram desviados das fornecedoras e revendidos em supermercados das regiões de Santa Maria e Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF. O prejuízo ultrapassa R$ 1,5 milhão, segundo a polícia.
O alvo principal é a rede de supermercados Alvorada. Durante a operação, chamou atenção dos policiais a quantidade de comida estocada em locais inadequados e a sujeira nos estabelecimentos. Por conta disso, a unidade de Valparaíso foi interditada na manhã desta quarta (7). Os policiais também acionaram a Vigilância Sanitária para fiscalizar na de Santa Maria.
“Chegamos aos locais quando ainda estavam fechados, sem clientes. Nos deparamos com uma extrema precariedade, moscas, baratas, produtos em contato com a rede de esgoto”, disse o delegado Luiz Fernando, da Corpatri. Havia ainda mercadorias vencidas, como queijos. Os itens eram sempre colocados em promoção, para que fossem escoados rapidamente.
A ação, batizada de Latrinariam (papel higiênico, em latim), mira os donos e funcionários da rede, além de motoristas de caminhões fretados. São cumpridos 14 mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão em Santa Maria, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga, Recanto das Emas, Gama, Brazlândia e Valparaíso.
Até as 7h, 13 pessoas haviam sido presas. Estima-se que a quadrilha tenha desviado cerca de 100 toneladas de cargas. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, foram apreendidos 15 carros de luxo, uma arma e R$ 30 mil. Os criminosos são acusados de simular assalto e registrar ocorrências em delegacias.
Os investigados responderão por organização criminosa (pena de 3 a 8 anos de reclusão); furto mediante fraude (2 a 8 anos); receptação qualificada (3 a 8 anos); adulteração de sinal identificador de veículo automotor (3 a 6 anos); falsidade ideológica (1 a 5 anos); e uso de documento falso (2 a 6 anos). A reportagem ainda não conseguiu contato com nenhum representante do supermercado Alvorada.
Confira imagens da operação:
“Acreditamos que grande parte das mercadorias vendida pela rede é ilícita e advinda do furto de cargas. A função do supermercado era revender esses produtos e adquirir lucro para a organização criminosa”, explicou o delegado Luiz Fernando.
De acordo com outro investigador da Corpatri, o delegado André Oliveira, o dono da rede Alvorada, identificado como Eudes Teixeira, ostentava carros de luxo. Ele está entre os presos. Durante as investigações, os policiais descobriram que o empresário também é proprietário uma loja de veículos em Santa Maria.
“Ele coloca os carros em nomes de laranjas para se esquivar da ação policial. Essa revendedora não possui mais o cadastro na Receita Federal. Estimamos que aqui tem aproximadamente 100 automóveis”, garantiu o delegado Oliveira.
Modo de atuação
Eudes Teixeira da Silva é apontado como o líder do grupo criminoso, segundo as apurações da Corpatri. A mulher dele, Rita de Cássia Medeiros, atuava como sócia e gerente-geral da rede Alvorada. Amancio Santos da Silva e Fabiano Gomes da Silva gerenciavam os estabelecimentos. Outros 10 funcionários também participavam do esquema. Todos são alvos da polícia.
A quadrilha se dividia em duas frentes: a de furto e a de revenda das mercadorias. Clemilton Bento da Silva, que trabalha no Alvorada, ainda segundo a PCDF, aliciava motoristas de caminhão. Eles eram contratados por empresas transportadoras para a realização de fretes e desviavam as cargas para o grupo. Recebiam, muitas vezes, em vale-compras.
Os caminhões recebiam placas clonadas. Após a subtração das cargas, elas eram repassadas ao “núcleo comercial” da organização criminosa, responsável por adquiri-las e revendê-las em comércios do líder do grupo, Eudes Teixeira.
A organização subtraiu ou desviou pelo menos 27 cargas contratadas mediante frete junto às empresas do setor. Segundo os levantamentos realizados, foram seis ocorrências policiais registradas no Distrito Federal e outras 21 no estado de Goiás
delegado-chefe da Corpatri Marco Aurélio Vergílio